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Sementes de Fava d’ anta – Dimorphandra mollis

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Família: Fabaceae
Espécie: Dimorphandra mollis
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)
Classe: Magnoliopsida (Dicotiledôneas)
Ordem: Fabales

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Introdução & Nomenclatura da Fava-d’anta

No coração do Brasil, onde o Cerrado se estende em sua imensa e rica tapeçaria de vida, ergue-se uma árvore que é um pilar de força e um cofre de tesouros medicinais: a Fava-d’anta, cientificamente conhecida como Dimorphandra mollis. Seu nome popular principal é uma janela para sua ecologia. “Fava” refere-se aos seus frutos, as vagens achatadas e longas. “D’anta” é uma alusão direta a um de seus principais dispersores, a anta (*Tapirus terrestris*), o maior mamífero terrestre da América do Sul, que ao consumir seus frutos, espalha suas sementes pela paisagem. Este nome, portanto, já nos conta uma história de interdependência, de uma parceria milenar entre planta e animal. Em outras regiões, ela também é conhecida como Faveira-do-campo ou simplesmente Faveira, nomes que reforçam sua identidade como uma árvore típica dos campos e savanas. Conhecer a Fava-d’anta é mais do que aprender sobre uma espécie botânica; é mergulhar na complexa teia de vida do Cerrado, é entender como cada ser desempenha um papel fundamental e é descobrir uma fonte de riqueza que tem sido explorada de forma extrativista e que clama por um cultivo sustentável.

A nomenclatura científica, Dimorphandra mollis Benth., nos oferece pistas precisas sobre suas características. O nome do gênero, Dimorphandra, é de origem grega e significa “com estames de duas formas” (“di” = dois, “morphe” = forma, “andros” = masculino/estame). Isso se refere a uma característica floral do gênero, onde as flores podem apresentar estames de diferentes tamanhos ou formas. O epíteto específico, mollis, vem do latim e significa “mole”, “macio” ou “suave”, uma referência à densa cobertura de pelos aveludados (tomentosos) que reveste seus ramos jovens e folhas, conferindo-lhes uma textura macia ao toque. A espécie foi descrita pelo botânico inglês George Bentham, uma das maiores autoridades em leguminosas do século XIX. A *Dimorphandra mollis* é uma espécie bem definida, mas o gênero é complexo e abriga outras espécies, como a raríssima e ameaçada *Dimorphandra wilsonii* (faveiro-de-wilson), com a qual por vezes é confundida, tornando a correta identificação crucial para fins de conservação e uso. Estudar a Fava-d’anta é, portanto, um ato de valorização da nossa biodiversidade, um reconhecimento de que nas plantas do nosso Cerrado residem não apenas beleza e equilíbrio ecológico, mas também soluções valiosas para a saúde humana, esperando para serem compreendidas, cultivadas e utilizadas com sabedoria e respeito.

Aparência: Como reconhecer a Fava-d’anta

A identificação da Fava-d’anta na paisagem do Cerrado é um exercício de apreciação das formas que a resiliência assume. A Dimorphandra mollis se apresenta como uma árvore de porte pequeno a médio, geralmente atingindo de 5 a 15 metros de altura. Sua silhueta é inconfundível: o tronco é geralmente tortuoso e o fuste é curto, com galhos grossos e retorcidos que se abrem para formar uma copa ampla, aberta e irregular, muitas vezes com um aspecto achatado. A casca do tronco é espessa, de cor cinza-escura a acastanhada, e profundamente sulcada, uma verdadeira armadura que a protege do fogo periódico que varre o Cerrado. Os ramos jovens são a origem de seu nome específico, sendo densamente cobertos por uma pubescência aveludada de cor ferrugínea, que é macia ao toque.

A folhagem da Fava-d’anta é exuberante e de uma beleza delicada. As folhas são grandes, com até 40 cm de comprimento, e compostas bipinadas, o que significa que o eixo principal se divide em eixos secundários (pinas), que por sua vez sustentam numerosos pequenos folíolos. Esta estrutura confere à folhagem uma aparência leve e plumosa, que cria um belo contraste com a robustez do tronco e dos galhos. Durante a estação seca, a árvore tende a perder parte de suas folhas, caracterizando-se como semidecídua. A floração ocorre geralmente na primavera, quando a árvore se enfeita com inflorescências vistosas. As flores são pequenas, de cor creme a amarelada, e se agrupam em espigas densas que, por sua vez, se reúnem em grandes panículas terminais. O conjunto da inflorescência cria um efeito de nuvem perfumada que atrai uma infinidade de insetos. Após a polinização, desenvolvem-se os frutos que dão nome à árvore: as favas. São vagens lenhosas, longas (de 10 a 20 cm), achatadas e de cor marrom-escura quando maduras. As favas são indeiscentes, ou seja, não se abrem sozinhas para liberar as sementes, dependendo da ação de animais ou da decomposição para que as sementes sejam libertadas. Dentro de cada fava, encontram-se várias sementes achatadas, de cor castanha e com uma casca extremamente dura. A imagem de uma Fava-d’anta com seus galhos tortuosos, sua folhagem delicada e seus cachos de favas escuras pendendo da copa é um dos retratos mais autênticos e emblemáticos da savana brasileira.

Ecologia, Habitat & Sucessão da Fava-d’anta

A Dimorphandra mollis é uma espécie que personifica a alma do Cerrado. Sua ecologia está perfeitamente sintonizada com as características deste que é o segundo maior bioma do Brasil. A Fava-d’anta é uma árvore endêmica e de ampla distribuição no Cerrado, sendo um componente fundamental de suas fisionomias mais típicas, como o cerrado sentido restrito e o cerradão. Ela prospera em solos que, para muitas outras espécies, seriam inóspitos: solos profundos, bem drenados, ácidos e pobres em nutrientes. Sua presença é um indicador da paisagem savânica, e ela pode ser encontrada em uma vasta área que abrange os estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Bahia, Tocantins, Maranhão e Piauí. Sua capacidade de resistir a longos períodos de estiagem e ao fogo é um testemunho de sua perfeita adaptação a este ambiente.

No que diz respeito à dinâmica de sucessão ecológica, a Fava-d’anta é classificada como uma espécie secundária inicial a secundária tardia. Ela não é uma das primeiras a chegar em um campo totalmente aberto, mas se estabelece com sucesso em áreas que já passaram pelos estágios iniciais de regeneração, como capoeiras e cerrados em recuperação. Seu crescimento é considerado lento a moderado, uma característica de espécies que investem mais em estrutura e longevidade do que em uma ocupação rápida do espaço. Árvores como a Fava-d’anta são cruciais para a estruturação do ecossistema a médio e longo prazo, contribuindo para a formação do dossel, para a ciclagem de nutrientes e para a criação de habitats para outras espécies. As interações ecológicas da Dimorphandra mollis são um exemplo fascinante de coevolução. Suas flores pequenas e agrupadas em grandes inflorescências são polinizadas por uma diversidade de insetos, principalmente abelhas e pequenas vespas. A dispersão de suas sementes, no entanto, é o seu elo mais forte com a fauna. As vagens duras e indeiscentes protegem as sementes, mas dependem de grandes mamíferos para serem abertas e dispersas. A anta, com sua força e seu sistema digestivo robusto, é a principal dispersora. Ao consumir as favas, ela quebra a dormência das sementes e as deposita, já adubadas, em novos locais. Outros animais, como o gado (em áreas de pastagem), também podem consumir os frutos e dispersar as sementes, embora a toxicidade das sementes para o gado seja um ponto de atenção. Esta relação entre a Fava-d’anta e a megafauna é um lembrete da importância de se conservar não apenas as espécies, mas também as interações que as sustentam.

Usos e Aplicações da Fava-d’anta

A Dimorphandra mollis é uma das plantas mais importantes da farmacopeia brasileira, sendo uma fonte valiosa de compostos bioativos que movimentam uma significativa cadeia de extrativismo e beneficiamento. O principal uso da Fava-d’anta é na indústria farmacêutica e de cosméticos. Seus frutos são extremamente ricos em flavonoides, especialmente a rutina (também conhecida como vitamina P) e a quercetina. A rutina é um poderoso antioxidante com diversas propriedades terapêuticas: ela fortalece os capilares sanguíneos, melhora a circulação, tem ação anti-inflamatória e ajuda a prevenir a formação de coágulos. Por essas razões, é um componente chave em medicamentos para o tratamento de varizes, hemorroidas, insuficiência venosa e fragilidade capilar. Também é utilizada em cosméticos, em produtos para a pele com ação antienvelhecimento e protetora. A extração da rutina dos frutos da Fava-d’anta é uma importante fonte de renda para muitas comunidades no Cerrado, embora a natureza puramente extrativista desta atividade represente um risco para a conservação da espécie a longo prazo.

Além de seu imenso valor medicinal, a Fava-d’anta possui outros usos. Sua madeira é pesada, dura e de boa durabilidade, sendo utilizada localmente para a construção civil, como vigas e caibros, e para a produção de moirões, esteios e lenha de alta qualidade. No entanto, devido ao seu tronco geralmente tortuoso e ao seu crescimento lento, não é uma espécie manejada para fins madeireiros em larga escala. No paisagismo, a Fava-d’anta é uma excelente escolha para a composição de jardins de estilo naturalista ou para a arborização de grandes espaços, como parques e fazendas. Sua copa ampla, sua folhagem delicada e seu porte escultural conferem uma beleza rústica e autêntica da paisagem do Cerrado. É uma árvore que oferece boa sombra e atrai a vida selvagem. Na restauração ecológica, é uma espécie importante para ser incluída em plantios de enriquecimento em áreas de Cerrado em recuperação, especialmente em estágios mais avançados da sucessão. É fundamental, no entanto, ter atenção à toxicidade de suas sementes. Elas contêm compostos que podem ser tóxicos para o gado se consumidas em grande quantidade, causando problemas digestivos. Portanto, o seu plantio em áreas de pastagem deve ser feito com cautela. A decisão de cultivar a Fava-d’anta é uma escolha que une o potencial econômico e medicinal com a conservação de uma espécie-chave do Cerrado. É um passo em direção a um modelo de uso sustentável que pode gerar renda e, ao mesmo tempo, garantir a perpetuação desta árvore valiosa para as futuras gerações.

Cultivo & Propagação da Fava-d’anta

O cultivo da Fava-d’anta é um processo que exige conhecimento e paciência, mas que é fundamental para reduzir a pressão do extrativismo sobre as populações naturais e para garantir uma fonte sustentável de seus valiosos compostos. A propagação da Dimorphandra mollis é feita exclusivamente por sementes, e o grande desafio é superar a forte dormência imposta pela sua casca extremamente dura. O primeiro passo é a obtenção das sementes, que se encontram dentro das vagens lenhosas. A coleta dos frutos deve ser feita quando eles estão maduros e caem no chão, ou diretamente na árvore se já estiverem secos. As vagens precisam ser abertas, o que pode exigir o uso de ferramentas como um martelo, para liberar as sementes.

A quebra de dormência é a etapa mais crítica. O tegumento da semente é tão impermeável que, sem tratamento, a germinação pode levar anos ou simplesmente não ocorrer. O método mais eficaz é a escarificação com ácido sulfúrico concentrado. As sementes são imersas no ácido por um período que pode variar de 20 a 40 minutos, dependendo do lote de sementes. Após o tratamento, as sementes devem ser lavadas abundantemente em água corrente para remover todo o ácido. Este é um procedimento perigoso que deve ser realizado apenas por pessoas treinadas e com equipamento de proteção adequado. Um método alternativo e mais seguro, embora um pouco menos eficiente, é a escarificação mecânica. Com uma lixa, um esmeril ou uma pequena serra, deve-se desgastar a casca da semente no lado oposto ao hilo, até que a parte interna, mais clara, fique visível. Após a escarificação (seja química ou mecânica), as sementes devem ser imersas em água por 24 horas para que se hidratem. A semeadura deve ser feita em recipientes individuais, como saquinhos ou tubetões, utilizando um substrato bem drenado, como uma mistura de terra e areia. As sementes devem ser plantadas a uma profundidade de 2 a 3 cm. Os recipientes devem ser mantidos a pleno sol. A germinação das sementes tratadas geralmente ocorre entre 15 e 30 dias. O crescimento das mudas é lento, e elas podem levar de 8 a 12 meses no viveiro para atingir um tamanho adequado para o plantio no campo. O plantio definitivo deve ser feito no início da estação chuvosa. Cultivar a Fava-d’anta é um desafio técnico, mas um passo essencial para transformar uma atividade extrativista em uma cultura agrícola sustentável, gerando renda e conservando a biodiversidade do Cerrado.

Referências

A construção deste perfil detalhado sobre a Fava-d’anta (Dimorphandra mollis) foi baseada em uma ampla gama de fontes científicas, etnobotânicas e agronômicas, que atestam sua importância econômica e ecológica. Para garantir a precisão e a profundidade das informações, foram consultadas as seguintes referências-chave:

• Lorenzi, H. (2002). Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 2. 2ª ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum.
• Silva Júnior, M. C. da. (2005). 100 Árvores do Cerrado: Guia de Campo. Brasília: Rede de Sementes do Cerrado.
Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/. Acesso contínuo para a verificação da nomenclatura oficial, sinônimos e distribuição geográfica da espécie Dimorphandra mollis.
• Naves, R. V. (Ed.). (2007). Frutas do Cerrado. Brasília: Embrapa Cerrados.
• Artigos científicos e teses disponíveis em bases de dados como SciELO, Google Scholar e repositórios de universidades, pesquisando por termos como “*Dimorphandra mollis* germinação”, “rutina Fava d’anta”, “extrativismo no Cerrado” e “dispersão de sementes por antas”.
• Publicações de instituições de pesquisa como a Embrapa, que abordam o potencial econômico e as técnicas de cultivo de espécies nativas do Cerrado.

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