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Sementes de Amargoso – Lepidaploa aurea

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Família: Asteraceae
Espécie: Lepidaploa aurea
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)
Classe: Magnoliopsida (Dicotiledôneas)
Ordem: Asterales

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Introdução & Nomenclatura do Amargoso

No vasto e riquíssimo universo da flora brasileira, encontramos plantas que carregam em seus nomes a essência de suas propriedades. O Amargoso, cientificamente conhecido como Lepidaploa aurea, é um exemplo primoroso desta sabedoria popular. O nome “Amargoso” é um título compartilhado por diversas plantas, especialmente da família Asteraceae, e aponta diretamente para o sabor amargo de suas folhas e raízes, uma característica que, na medicina tradicional, é frequentemente associada a propriedades tônicas, digestivas e febrífugas. Este arbusto, no entanto, nos oferece um belo paradoxo. Seu nome científico é uma ode à sua beleza visual. O gênero Lepidaploa, ao qual pertence, é um grande grupo de plantas da tribo Vernonieae. O epíteto específico, aurea, vem do latim e significa “dourado” ou “de ouro”. Esta é uma referência poética não às suas flores, mas às brácteas (as pequenas folhas modificadas) que envolvem a base de suas inflorescências, que possuem um brilho e uma cor dourada. É uma planta que se veste de ouro para nos oferecer flores roxas e um remédio amargo.

A história taxonômica da espécie é também fascinante. Por muito tempo, a *Lepidaploa aurea* foi classificada dentro do imenso e conhecido gênero *Vernonia*, como Vernonia aurea. Muitas das plantas conhecidas como “assa-peixe” pertencem a este grupo. Estudos mais aprofundados, liderados pelo botânico Harold Robinson, reorganizaram esta tribo complexa, estabelecendo o gênero *Lepidaploa* para agrupar espécies com características em comum. Saber desta mudança nos ajuda a navegar pela literatura botânica e a entender as relações de parentesco desta planta. Estudar o Amargoso é, portanto, um ato de valorização de uma espécie que é endêmica do Brasil, um tesouro que só existe em nossos solos. É reconhecer que a biodiversidade de nossos campos e cerrados guarda não apenas uma beleza única, mas também um potencial farmacológico e ecológico imenso, esperando para ser compreendido e conservado.

Aparência: Como reconhecer o Amargoso

A identificação do Amargoso no campo é uma experiência que encanta pela combinação de texturas e cores. A Lepidaploa aurea se apresenta como um arbusto ou subarbusto de porte ereto, que pode atingir de 1 a 2 metros de altura. Seus caules são robustos e cobertos por um indumento viloso, ou seja, por pelos longos e macios, que lhes conferem uma textura suave. A planta geralmente forma moitas densas, sendo uma presença marcante na vegetação campestre.

As folhas são um de seus grandes atrativos ornamentais. Elas são simples, de formato oval, com a base que abraça o caule (subcordada) e a ponta afilada (mucronada). A característica mais notável das folhas é a sua textura: ambas as faces são cobertas por um denso indumento seríceo, ou seja, por pelos finos, longos e deitados, que brilham com a luz e conferem à folha uma aparência prateada ou acinzentada e um toque de seda. Esta cobertura de pelos é uma adaptação para refletir o excesso de radiação solar e para reduzir a perda de água, essencial para a vida em ambientes abertos e ensolarados. A floração é o clímax de sua beleza. No topo dos ramos, surgem as inflorescências. Como membro da família Asteraceae, o que chamamos de “flor” é, na verdade, um capítulo – uma reunião de dezenas de pequenas flores tubulares. No Amargoso, estes capítulos são agrupados em cachos. Cada capítulo é envolto na base por um invólucro em forma de sino (campanulado), formado por pequenas brácteas. E é aqui que a magia do nome *aurea* se revela: estas brácteas são de uma cor dourada a acastanhada e possuem um brilho metálico. Deste cálice dourado, brotam de 35 a 45 pequenas flores de cor roxa ou lilás intensa. O contraste entre o dourado das brácteas e o roxo das flores é de uma beleza rara e sofisticada. Após a polinização, cada pequena flor se transforma em um fruto seco (cipsela), que carrega em sua ponta um tufo de pelos brancos e sedosos, o pápus, que o ajudará a voar com o vento.

Ecologia, Habitat & Sucessão do Amargoso

A ecologia da Lepidaploa aurea é a de uma especialista em ambientes abertos, rochosos e de alta altitude, uma verdadeira joia dos ecossistemas mais singulares do Brasil. O Amargoso é uma espécie endêmica do nosso país, com sua ocorrência fortemente associada aos biomas Cerrado e Mata Atlântica. Dentro destes biomas, seu habitat preferencial são os Campos Rupestres e as áreas de cerrado de altitude. Ela é uma planta rupícola, ou seja, que tem a capacidade de crescer sobre rochas, e também terrícola, prosperando nos solos arenosos e pedregosos que se formam nesses ambientes. Sua distribuição abrange os estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e o Brasil Central, sempre ligada às cadeias de montanhas e aos planaltos.

No que tange à sucessão ecológica, o Amargoso é classificado como uma espécie pioneira a secundária inicial. É uma planta que necessita de sol pleno para viver e que se especializou em colonizar ambientes abertos e muitas vezes inóspitos. Sua capacidade de crescer em solos rasos e pobres em nutrientes é uma de suas principais adaptações. Acredita-se que, como muitas plantas de seu ambiente, ela possua um sistema subterrâneo robusto (xilopódio) que lhe permite rebrotar após a passagem do fogo, um evento comum no Cerrado. As interações da *Lepidaploa aurea* com a fauna são vitais para a saúde dos ecossistemas de altitude. Suas inflorescências roxas e vistosas são um poderoso atrativo para uma grande diversidade de insetos polinizadores. É uma das plantas preferidas de abelhas, vespas e borboletas, que encontram em suas flores uma fonte abundante de néctar e pólen. Ao atrair essa rica entomofauna, o Amargoso desempenha um papel crucial na sustentação da biodiversidade e na polinização cruzada de toda a comunidade vegetal ao seu redor. A dispersão de suas sementes é feita pelo vento (anemocoria). Cada semente, equipada com seu pápus plumoso, é uma pequena viajante, pronta para ser carregada pela brisa das montanhas e colonizar uma nova fenda de rocha ou um novo pedaço de campo.

Usos e Aplicações do Amargoso

A Lepidaploa aurea, como seu nome popular sugere, é uma planta de grande importância na medicina tradicional e com um potencial crescente no paisagismo e na restauração ecológica. O principal uso do Amargoso é o medicinal. Plantas do antigo gênero *Vernonia*, ao qual pertence, são algumas das mais importantes da farmacopeia popular brasileira, geralmente sob o nome de “assa-peixe”. O Amargoso (*L. aurea*) compartilha muitas dessas propriedades. O chá de suas folhas e raízes, de sabor marcadamente amargo, é utilizado como um tônico para o estômago e para o fígado, para aliviar problemas digestivos e como um poderoso febrífugo, para baixar a febre. Também é empregado no tratamento de afecções respiratórias, como tosse e bronquite. A ciência tem se interessado cada vez mais por esta planta, investigando seus compostos (como os flavonoides e as lactonas sesquiterpênicas) em busca de novas moléculas com atividades anti-inflamatória, analgésica e antitumoral.

No paisagismo, o Amargoso é uma escolha de uma beleza e de uma sofisticação singulares. É a planta ideal para a criação de jardins de estilo naturalista, que buscam recriar a beleza dos nossos campos rupestres e cerrados. Sua folhagem prateada e aveludada oferece uma textura única durante todo o ano, enquanto sua floração, com o contraste do dourado e do roxo, cria um ponto focal de cor e de requinte. Por ser extremamente resistente à seca e adaptada a solos pobres, é perfeita para jardins de baixa manutenção e para o xeripaisagismo. Além disso, seu poder de atrair borboletas e abelhas a torna uma peça fundamental em jardins para polinizadores. Na restauração ecológica, seu papel é fundamental na recuperação de áreas degradadas de Campos Rupestres e de Cerrado de altitude, ecossistemas muito frágeis e de difícil regeneração. Seu plantio ajuda a estabilizar o solo e a reintroduzir a biodiversidade de insetos. Para a apicultura, é uma planta de grande interesse, pois sua floração abundante oferece recursos para as abelhas, contribuindo para a produção de um mel silvestre de características únicas. Cultivar o Amargoso é, portanto, um ato de sabedoria: é ter em casa uma farmácia natural, um jardim de rara beleza e um santuário para as borboletas.

Cultivo & Propagação do Amargoso

O cultivo do Amargoso é uma forma de trazer para o jardim a beleza e a resiliência dos campos rupestres do Brasil. A propagação da Lepidaploa aurea é feita principalmente por sementes, que são produzidas em abundância e germinam com relativa facilidade, desde que se ofereçam as condições corretas, que simulam seu habitat natural. O primeiro passo é a coleta dos capítulos florais, que deve ser feita quando eles estão secos e começando a liberar o pápus (as plumas brancas), o que indica a maturação das sementes. Os capítulos podem ser guardados em um saco de papel para que terminem de secar e liberem as pequenas sementes (cipselas).

As sementes do Amargoso são pequenas e leves e geralmente não apresentam dormência profunda. Elas necessitam de luz para germinar. Portanto, a semeadura deve ser feita na superfície de um substrato muito bem drenado, como uma mistura de areia grossa e um pouco de terra vegetal. As sementes devem ser apenas pressionadas contra o substrato, para garantir o contato, mas não devem ser cobertas. O local deve ser de sol pleno, e as regas devem ser feitas com um borrifador para não deslocar as sementes. A germinação geralmente ocorre em 2 a 4 semanas. As mudas são pequenas e devem ser manuseadas com cuidado. Quando atingem um tamanho de 5 a 10 cm, podem ser transplantadas para recipientes individuais. O desenvolvimento é moderado. O plantio no local definitivo deve ser feito em um local que receba sol pleno durante a maior parte do dia e, o mais importante, em um solo extremamente bem drenado. O Amargoso não tolera solos argilosos, compactados ou que retenham umidade. É a planta perfeita para canteiros elevados, jardins de pedras ou para solos naturalmente arenosos. Uma vez estabelecida, é uma planta de uma rusticidade incrível, muito resistente à seca e que não necessita de adubação. Seu cultivo é um aprendizado sobre as condições específicas de nossa flora campestre e uma recompensa para quem aprecia a beleza que é forjada na adversidade.

Referências

• Robinson, H. (1990). Studies in the Lepidaploa complex (Vernonieae: Asteraceae). VII. The genus *Lepidaploa*. *Proceedings of the Biological Society of Washington*, 103(2), 464-498. (Nota: Referência fundamental para o gênero).
Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: . Acesso contínuo para a verificação da nomenclatura oficial, sinônimos (*Vernonia aurea*) e distribuição geográfica da espécie.
• Lorenzi, H., & Matos, F. J. A. (2008). Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2ª ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum. (Nota: Aborda o gênero *Vernonia*, ao qual a espécie pertencia).
• Artigos científicos sobre a flora de Campos Rupestres e a fitoquímica da tribo Vernonieae, disponíveis em bases de dados como SciELO e Google Scholar, pesquisando por termos como “*Lepidaploa aurea* ecologia”, “*Vernonia aurea* medicinal” e “flora da Cadeia do Espinhaço”.
• Manuais de paisagismo com plantas nativas do Cerrado e de jardins de baixa manutenção.

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