Infinity@1x-1.0s-249px-249px
0%
Loading ...
, ,

Sementes de Guatambu grande – Aspidosperma macrocarpum

Vendido por: Verde Novo
Disponibilidade:

Fora de estoque


Família: Apocynaceae
Espécie: Aspidosperma macrocarpon
Divisão: Angiospermas
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Gentianales

Este produto está fora de estoque e indisponível.

Report Abuse

Introdução & Nomenclatura do Guatambu-grande

No grande léxico da flora brasileira, existem nomes que são sinônimos de força e resiliência, palavras que evocam a alma do bioma que representam. “Guatambu” é um desses nomes, e o Guatambu-grande, de nome científico Aspidosperma macrocarpon, é um de seus mais nobres portadores. Esta não é uma árvore das matas úmidas e sombrias; é uma filha legítima do Cerrado, uma especialista em prosperar sob o sol inclemente e em resistir à passagem do fogo. Sua identidade está gravada em sua casca espessa, em suas folhas coriáceas e em seu nome, que a celebra como a “árvore de fruto grande” de uma linhagem de “sementes-escudo”, uma verdadeira fortaleza botânica que embeleza e estrutura a paisagem do Brasil Central.

O nome científico, Aspidosperma macrocarpon Mart. & Zucc., é uma descrição precisa e poética de suas partes mais essenciais. O gênero, Aspidosperma, é uma fusão do grego *aspis* (escudo) e *sperma* (semente), significando “semente-escudo”. É uma alusão perfeita às suas sementes planas e aladas, que se assemelham a pequenos escudos protetores. O epíteto específico, *macrocarpon*, também do grego, une *makros* (grande) e *karpos* (fruto), celebrando seus frutos, que estão entre os maiores de todo o gênero. É, portanto, a “semente-escudo de fruto grande”. Seus nomes populares, como Guatambu-grande ou Pereiro, a inserem em um grupo de árvores reconhecidas por sua madeira de alta qualidade e por sua presença marcante na paisagem.

A Aspidosperma macrocarpon é uma espécie nativa de uma vasta área da América do Sul, mas é no Cerrado brasileiro que ela encontra seu principal e mais característico lar. Sua distribuição abrange todo o Planalto Central, estendendo-se do Pará a Minas Gerais, sempre como um componente vital do Cerrado *lato sensu*. Pertencente à família Apocynaceae, a mesma que nos deu a Japecanga e o Pau-pereira, ela compartilha com seus parentes a presença de um látex branco e de uma química rica e complexa. Ter uma semente de Guatambu-grande em mãos é ter a promessa de cultivar um ícone do Cerrado, uma árvore de crescimento lento mas de vida longa, uma fonte de madeira valiosa e um símbolo da beleza que nasce da resistência.

Sua história taxonômica é rica, com diversos sinônimos como *Aspidosperma gardneri* e *Macaglia macrocarpa*, que representam os diferentes olhares que os botânicos lançaram sobre esta espécie variável ao longo dos séculos. Cada nome é um capítulo na busca por compreender a identidade desta árvore magnífica. Hoje, sua posição como *Aspidosperma macrocarpon* está firmemente estabelecida, reconhecendo-a como um pilar de seu gênero e de seu bioma. É uma árvore que nos convida a apreciar a beleza das formas robustas e a engenhosidade das estratégias de sobrevivência que a natureza desenvolveu para conquistar um dos ambientes mais desafiadores do planeta. Sua presença é um testemunho da força e da persistência da vida, uma lição de ecologia escrita em folhas, flores, frutos e sementes aladas que dançam com o vento do Cerrado.

Aparência: Como reconhecer o Guatambu-grande?

Reconhecer um Guatambu-grande é identificar a silhueta clássica de uma árvore do Cerrado, uma forma de vida esculpida para resistir ao fogo e à seca. A Aspidosperma macrocarpon é uma árvore de porte médio, que pode atingir de 8 a 15 metros de altura. Seu tronco é caracteristicamente tortuoso e revestido por uma casca suberosa (corticosa) muito espessa e profundamente fissurada. Esta casca, de cor acinzentada, é sua principal armadura, um escudo térmico que protege os tecidos vivos internos do calor intenso das queimadas, permitindo que a árvore sobreviva e continue seu ciclo de vida. A copa é geralmente arredondada e densa, com galhos grossos que reforçam sua aparência robusta.

Como um membro da família Apocynaceae, a árvore produz um látex branco e abundante quando seus tecidos são feridos. Esta substância leitosa é um mecanismo de defesa químico, que ajuda a proteger a planta contra o ataque de insetos e outros herbívoros, além de auxiliar na cicatrização de ferimentos. As folhas são grandes, simples, de filotaxia alterna, e de uma textura coriácea, ou seja, duras e resistentes como couro. Este tipo de folha é uma adaptação para minimizar a perda de água por transpiração sob o sol forte do Cerrado. A face superior é de um verde-escuro e brilhante, enquanto a inferior é mais pálida e pode ser coberta por uma fina camada de pelos.

As flores do Guatambu-grande são pequenas, de cor branca ou creme-esverdeada, e se agrupam em inflorescências do tipo cimeira corimbiforme, que são cachos de topo achatado que surgem no final dos ramos. Embora as flores individuais não sejam grandes ou de cores vibrantes como as de um Ipê, a floração é abundante, cobrindo a copa com uma delicada névoa de pequenas estrelas perfumadas. Este evento, que ocorre geralmente na estação seca, é de grande importância para a comunidade de insetos polinizadores do Cerrado, oferecendo uma fonte vital de néctar e pólen em um período de relativa escassez.

O fruto é a característica que dá nome à espécie, o seu “fruto grande” ou macrocarpo. É um folículo lenhoso, grande, deiscente, que pode atingir de 8 a 15 cm de comprimento. O formato é geralmente assimétrico, achatado e com uma casca dura e de textura rugosa. Quando maduro e seco, o fruto se abre longitudinalmente em duas metades (valvas), como um estojo de madeira, para revelar e liberar suas sementes, que são as verdadeiras obras de arte da planta.

As sementes são a materialização do nome do gênero. São as “sementes-escudo” (*Aspidosperma*). Cada semente é grande, com um núcleo seminífero central, de onde se expande uma grande asa membranosa, de consistência de papel e de cor palha. Esta asa, que envolve quase completamente o núcleo, é uma das mais belas e eficientes estruturas para o voo planado, projetada para uma longa jornada pelos ventos da savana brasileira, carregando em seu centro o embrião de uma nova e robusta fortaleza do Cerrado.

Ecologia, Habitat & Sucessão do Guatambu-grande

A ecologia da Aspidosperma macrocarpon é um tratado sobre a vida na savana mais biodiversa do mundo. Esta árvore é um componente fundamental e característico do bioma Cerrado, sendo uma das espécies que definem a paisagem do Cerrado *lato sensu*, desde as formas mais abertas de campo cerrado até as mais densas de cerradão. É uma planta que personifica as adaptações necessárias para prosperar em um ambiente marcado por um clima de forte sazonalidade, com uma estação seca prolongada, solos ácidos e pobres em nutrientes, e a presença constante e modeladora do fogo.

Sua relação com o fogo é o que a define como um verdadeiro mestre da sobrevivência. O Guatambu-grande é uma pirófita exemplar. Sua casca suberosa e espessa é um dos mais eficientes escudos térmicos encontrados na flora do Cerrado. Durante uma queimada, esta armadura isolante impede que o calor letal atinja o câmbio, o tecido vivo responsável pelo crescimento do tronco. Esta proteção permite que a árvore sobreviva a incêndios recorrentes com danos mínimos, mantendo sua dominância na paisagem enquanto espécies menos adaptadas são eliminadas. É uma estratégia de vida que transformou um agente de destruição em um aliado para a sua permanência.

Na dinâmica de sucessão ecológica, o Guatambu-grande é uma espécie de estágios avançados, sendo classificada como secundária tardia ou clímax da vegetação do Cerrado. Seu crescimento é lento, uma característica de árvores que investem pesadamente em estruturas de defesa (casca grossa) e em madeira de alta densidade. É uma árvore de vida longa, que compõe a estrutura permanente das comunidades de cerrado mais maduras e conservadas. Sua presença indica um ecossistema em bom estado de equilíbrio e resiliência.

As interações com a fauna são focadas na perpetuação da espécie. A polinização de suas pequenas flores brancas e perfumadas é realizada por uma grande diversidade de insetos, como abelhas, vespas e moscas, que são atraídos pela oferta de néctar e pólen. Esta polinização generalista é uma vantagem em um ambiente sazonal onde a disponibilidade de polinizadores específicos pode variar. A dispersão de suas sementes é uma magnífica parceria com o vento. A estratégia é a anemocoria. Durante a estação seca e ventosa, os grandes folículos lenhosos se abrem e liberam suas sementes-escudo. A grande asa membranosa captura o vento e permite que a semente plane e gire, viajando por longas distâncias sobre a vegetação aberta da savana. Esta capacidade de dispersão a longa distância é fundamental para que a espécie colonize novas áreas e mantenha o fluxo gênico entre populações distantes.

Usos e Aplicações do Guatambu-grande

O Guatambu-grande é uma árvore de grande valor, cujas aplicações vão desde a produção de uma madeira nobre e versátil até o uso de seus compostos na medicina popular. Os usos da Aspidosperma macrocarpon refletem a robustez de sua natureza, oferecendo matéria-prima de alta resistência e de grande utilidade para as comunidades do Cerrado e para a indústria.

Seu uso mais importante e difundido é na madeira. A madeira do Guatambu-grande é de excelente qualidade, sendo muito apreciada por sua combinação de resistência e elasticidade. É classificada como pesada, dura e de textura fina e uniforme. O cerne possui uma bela coloração creme a amarelo-claro. É uma madeira de boa trabalhabilidade e que recebe um acabamento liso e lustroso. Por estas razões, é amplamente utilizada na marcenaria de alta qualidade para a fabricação de móveis finos, artigos de decoração e peças torneadas. Sua notável elasticidade a torna a madeira de escolha para a confecção de artigos esportivos, como tacos de beisebol, esquis e remos, e para a fabricação de cabos de ferramentas que exigem resistência ao impacto. Na construção civil, é empregada em vigas, caibros e assoalhos.

Na medicina tradicional, o gênero *Aspidosperma* é uma rica fonte de alcaloides e outros compostos bioativos. A casca do Guatambu-grande e seu látex branco são utilizados na medicina popular. O chá da casca é conhecido por ser um tônico amargo e febrífugo. O látex é aplicado topicamente para o tratamento de feridas e micoses, devido às suas propriedades antissépticas e cicatrizantes. É uma planta que faz parte da rica farmacopeia do Cerrado.

O valor ecológico da espécie é imenso. Como uma das árvores mais resistentes e características do Cerrado, ela é uma peça-chave para a restauração de áreas degradadas deste bioma. Seu plantio em áreas em recuperação ajuda a trazer de volta a estrutura e a resiliência da vegetação nativa, especialmente em estágios mais avançados da sucessão. Seu potencial ornamental também é grande, com sua forma escultural, sua casca rústica e sua folhagem densa, sendo uma excelente opção para o paisagismo em grandes áreas que buscam um visual naturalista e adaptado ao clima do Brasil central.

Cultivo & Propagação do Guatambu-grande

Cultivar um Guatambu-grande é um investimento de longo prazo na resiliência e na beleza do Cerrado. A propagação da Aspidosperma macrocarpon a partir de sementes é um processo que reflete a natureza de uma árvore de clímax: um começo lento que se transforma em uma fortaleza de vida. É uma escolha para quem deseja cultivar uma árvore de madeira nobre e de grande valor ecológico.

O ciclo começa com a coleta das sementes, que deve ser feita quando os grandes frutos lenhosos estão maduros e se abrem na árvore, geralmente no final da estação seca. As sementes aladas são facilmente retiradas do interior do fruto. As sementes do Guatambu-grande geralmente não apresentam dormência profunda e possuem uma boa taxa de germinação quando frescas, uma característica que facilita sua propagação.

A semeadura deve ser feita em um substrato que imite as condições do Cerrado: arenoso e muito bem drenado. As sementes podem ser plantadas com a asa voltada para cima, enterrando-se apenas o núcleo seminífero, ou deitadas e cobertas com uma fina camada de areia. A umidade deve ser mantida de forma controlada, sem nunca encharcar o substrato, o que poderia causar o apodrecimento. A germinação ocorre geralmente em 30 a 60 dias.

As mudas de Aspidosperma macrocarpon devem ser cultivadas a pleno sol. O crescimento é lento, como é esperado de uma espécie de madeira densa e de ecossistemas com restrições de nutrientes. A planta investe seus primeiros anos na construção de um robusto e profundo sistema radicular, uma base para sua longa vida. Uma vez estabelecida, a árvore é extremamente resistente à seca e ao fogo, exigindo pouquíssima manutenção.

O plantio do Guatambu-grande é ideal para a restauração de áreas de Cerrado em estágios intermediários a avançados de sucessão. É também uma excelente opção para a formação de sistemas agroflorestais de ciclo longo e para o paisagismo em grandes propriedades rurais, onde sua forma escultural e sua força podem ser devidamente apreciadas. É uma árvore para quem planta pensando nas próximas gerações, um verdadeiro legado de nobreza e resistência.

Referências utilizadas para o Guatambu-grande

Esta descrição detalhada da Aspidosperma macrocarpon foi construída com base em fontes científicas de alta credibilidade, incluindo a taxonomia oficial da flora brasileira e manuais de referência sobre a flora e os usos das plantas do Cerrado. O objetivo foi criar um retrato completo que celebra a força, a beleza e a utilidade desta árvore tão emblemática. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Castello, A.C.D.; Pereira, A.S.S.; Simões, A.O.; Koch, I. Aspidosperma in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://florabrasil.jbrj.gov.br/FB21888>. Acesso em: 24 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos, morfológicos e de distribuição oficial).
• Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 1. 1ª ed. Editora Plantarum, Nova Odessa, SP. (Fonte essencial para informações práticas sobre cultivo, usos da madeira e características gerais).
• Almeida, S.P. de, et al. 1998. Cerrado: espécies vegetais úteis. Embrapa-CPAC, Planaltina, DF. (Referência chave para os usos tradicionais de plantas do Cerrado, incluindo o gênero *Aspidosperma*).
• Ribeiro, J.F. & Walter, B.M.T. 2008. As principais fisionomias do bioma Cerrado. In: Sano, S.M., Almeida, S.P. & Ribeiro, J.F. (Eds.). Cerrado: ecologia e flora. Embrapa Cerrados, Planaltina, DF. pp. 151-212. (Contextualização da ecologia e das adaptações da flora do Cerrado).
• Woodson, R.E. 1951. Studies in the Apocynaceae. VIII. An interim revision of the genus *Aspidosperma*. Annals of the Missouri Botanical Garden, 38(2), 119-204. (Revisão clássica e importante do gênero).
• Martius, C.F.P. von. 1824. Nova Genera et Species Plantarum, vol. 1, p. 57. (Publicação original onde o gênero *Aspidosperma* foi descrito).

CARRINHO DE COMPRAS

close