Infinity@1x-1.0s-249px-249px
0%
Loading ...
, , , , ,

Sementes de Mangaba – Hancornia speciosa

Vendido por: Verde Novo
Disponibilidade:

Fora de estoque


Família: Apocynaceae
Espécie: Hancornia speciosa
Divisão: Angiospermas
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Gentianales

Este produto está fora de estoque e indisponível.

Report Abuse

Introdução & Nomenclatura da Mangaba

No vasto pomar de frutas nativas do Brasil, existem sabores que definem uma região, que se tornam símbolos de uma cultura. A Mangaba, de nome científico Hancornia speciosa, é um desses tesouros. É o fruto emblemático do Cerrado e das Restingas do Nordeste, uma pequena esfera de casca delicada que guarda em si uma polpa cremosa e um sabor agridoce inesquecível. Seu nome, herdado da sabedoria Tupi, *mangawa*, traduz perfeitamente a experiência de quem a prova: uma “coisa boa de comer”. Mas a Mangabeira é muito mais do que seu fruto delicioso; é uma árvore de uma resiliência extraordinária, uma sobrevivente do fogo e da areia, uma fonte de látex medicinal e uma anfitriã para o balé noturno das mariposas.

O nome científico, Hancornia speciosa Gomes, celebra sua beleza. O gênero, *Hancornia*, é uma latinização de um nome vernáculo, enquanto o epíteto específico, *speciosa*, vem do latim e significa “vistosa”, “bela” ou “esplêndida”. Esta não é uma referência ao fruto, mas sim às suas flores brancas, grandes e perfumadas, que enfeitam a árvore com uma elegância singular. A espécie é tão variável e de tão ampla distribuição que acumulou uma longa lista de sinônimos ao longo da história, como *Hancornia pubescens* e *Hancornia gardneri*, um testemunho de como ela se adapta e se expressa de diferentes formas nas diversas paisagens que habita.

A Mangabeira é uma verdadeira campeã de distribuição, uma espécie nativa que se sente em casa em quatro dos grandes biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica. Ela é, no entanto, a rainha das formações abertas e ensolaradas, sendo um dos elementos mais característicos do Cerrado e, especialmente, das Restingas litorâneas, onde se torna um símbolo da resistência da vida frente ao sol, ao vento e à salinidade. Ter uma semente de Mangaba em mãos é ter a promessa de cultivar um sabor que é a alma do Brasil, uma árvore que nutre o corpo e a cultura, e que nos ensina sobre a beleza que nasce da rusticidade.

Aparência: Como reconhecer a Mangaba?

Reconhecer uma Mangabeira é identificar uma árvore de porte gracioso, de tronco tortuoso e de uma beleza que floresce à noite e frutifica com delicadeza. A Hancornia speciosa se apresenta como um arbusto ou árvore de pequeno a médio porte, geralmente de 4 a 10 metros de altura, mas podendo ser menor em ambientes mais hostis. Seu tronco é caracteristicamente tortuoso, com uma casca espessa e rugosa que a protege do fogo do Cerrado. Os galhos são finos e flexíveis, muitas vezes pendentes, conferindo à copa um formato arredondado e um tanto irregular. Uma de suas características mais marcantes é a presença de um látex branco, abundante e pegajoso, que escorre de qualquer ferimento na casca, folhas ou frutos, uma assinatura de sua família, a Apocynaceae.

As folhas são simples, de filotaxia oposta, e de textura que varia de cartácea a coriácea. O formato é elíptico a lanceolado, e a coloração é de um verde-brilhante na face superior, podendo ser mais pálida e com pelos na face inferior, dependendo da variedade. A árvore é decídua, perdendo suas folhas durante a estação seca, um período de descanso que precede a nova brotação e a floração.

As flores da Hancornia speciosa são a razão de seu nome “vistosa”. Elas são grandes, com 5 a 7 cm de comprimento, e de uma beleza elegante e perfumada. A corola é branca, por vezes com o centro rosado ou amarelado, e possui um formato de tubo longo e fino que se abre em cinco pétalas recurvadas (hipocrateriforme), assemelhando-se a uma flor de jasmim. As flores desabrocham ao entardecer e exalam um perfume adocicado e intenso durante a noite, um convite irresistível para seus polinizadores noturnos.

O fruto é a célebre mangaba. É uma baga de formato globoso a elipsoide, com 2 a 5 cm de diâmetro. A casca é muito fina e delicada, de cor amarelo-clara com estrias ou manchas avermelhadas quando maduro. Sua característica mais marcante é ser extremamente perecível. O fruto maduro, ou “de vez”, cai da árvore e precisa ser consumido ou processado em um ou dois dias, pois amassa e fermenta com uma facilidade imensa. A polpa é carnosa, suculenta, um pouco fibrosa e de cor amarelada, envolvendo numerosas sementes. Seu sabor é inconfundível: uma mistura complexa e perfeita de doce e ácido, com um aroma forte e tropical.

As sementes são pequenas, achatadas, de formato discoide e de cor castanho-clara. Elas são as portadoras da herança genética desta árvore resiliente, prontas para, com a ajuda da fauna, dar início a uma nova Mangabeira, uma nova fonte de “coisas boas de comer”.

Ecologia, Habitat & Sucessão da Mangaba

A ecologia da Hancornia speciosa é a de uma especialista em solos arenosos e paisagens abertas, uma verdadeira pioneira que prospera onde muitas outras plantas não conseguiriam. Seus habitats por excelência são o Cerrado e as Restingas litorâneas do Nordeste, mas sua incrível adaptabilidade a permite ocupar as savanas amazônicas e as clareiras na Caatinga e na Mata Atlântica. Ela é uma planta heliófita, ou seja, amante do sol, que necessita de alta luminosidade para se desenvolver e frutificar plenamente.

Na dinâmica de sucessão ecológica, a Mangabeira se comporta como uma espécie pioneira e secundária inicial. Sua rusticidade, tolerância à seca e a solos pobres, e sua eficiente dispersão a tornam uma das primeiras a colonizar áreas abertas, dunas de areia e campos degradados. Sua capacidade de rebrotar a partir de suas raízes após o fogo é uma adaptação crucial para sua sobrevivência no Cerrado. Ela é uma das espécies mais importantes para a estabilização de dunas nas restingas e para o início da regeneração em áreas perturbadas.

As suas interações com a fauna são um espetáculo noturno e diurno. A polinização de suas flores brancas e perfumadas, que se abrem à noite, é um exemplo clássico de esfingofilia, a polinização por mariposas-esfinge. Estas grandes mariposas, com suas longas espirotrombas, são as únicas capazes de alcançar o néctar no fundo do tubo floral, sendo as parceiras perfeitas para a reprodução da Mangabeira.

A dispersão de seus frutos é uma grande festa para a fauna. A estratégia é a zoocoria. Os frutos aromáticos, doces e nutritivos são um recurso alimentar valioso para uma vasta gama de animais. No chão, são consumidos por mamíferos como raposas-do-campo, o lobo-guará, veados e tatus. Nos galhos, são apreciados por macacos e, principalmente, por aves. Ao se alimentarem dos frutos, estes animais dispersam as sementes por longas distâncias, garantindo a colonização de novas áreas. A Mangabeira alimenta a fauna, e a fauna semeia a Mangabeira em um ciclo de mutualismo que sustenta a biodiversidade.

Usos e Aplicações da Mangaba

A Mangaba é uma árvore de uma generosidade imensa, cujas aplicações vão muito além do sabor inconfundível de seus frutos, abrangendo a medicina popular, a produção de látex e um papel vital na restauração de ecossistemas. O valor da Hancornia speciosa está em sua multifuncionalidade, um verdadeiro presente da natureza para a cultura e a saúde do Brasil.

Seu uso mais famoso e celebrado é o culinário. A mangaba é uma das frutas mais apreciadas do Nordeste e do Cerrado, sendo a estrela da economia extrativista de muitas comunidades. Por ser muito perecível, a maior parte da produção é destinada ao processamento. É na forma de sorvete que a mangaba atinge o ápice de sua glória, sendo considerado por muitos um dos melhores e mais autênticos sabores do Brasil. A polpa também é utilizada para fazer sucos, mousses, doces em calda, geleias e licores. Seu sabor agridoce e exótico tem um potencial gourmet imenso, esperando para ser descoberto pela alta gastronomia.

Na medicina tradicional, a Mangabeira é uma farmácia completa. Seu látex é o remédio mais procurado, sendo utilizado popularmente no tratamento de tuberculose, úlceras, herpes e verrugas. O chá da casca do tronco é um poderoso adstringente, usado para tratar diarreias e para regular a pressão arterial. As folhas também são usadas em chás para o alívio de cólicas menstruais. O fruto, por sua vez, é rico em vitaminas A e C e compostos antioxidantes, sendo um alimento funcional que fortalece o sistema imunológico.

O látex da Mangabeira, embora de qualidade inferior ao da seringueira, também foi explorado no passado para a produção de borracha. Hoje, este uso é residual, mas demonstra a versatilidade da planta. O valor ecológico da espécie é incalculável. Como uma pioneira rústica e grande produtora de alimentos para a fauna, ela é uma das espécies mais importantes para a restauração de áreas degradadas no Cerrado e, especialmente, nas Restingas, onde poucas outras árvores conseguem prosperar com tanto vigor.

Cultivo & Propagação da Mangaba

Cultivar uma Mangabeira é trazer para perto o sabor autêntico dos nossos campos e praias, e participar ativamente da conservação de uma espécie de grande importância cultural e ecológica. A propagação da Hancornia speciosa a partir de sementes é um processo que exige um cuidado especial, refletindo a natureza delicada de seus frutos.

O ciclo começa com a obtenção de sementes de frutos bem maduros, que devem ser colhidos “de vez” ou logo após a queda. A informação mais crucial para o sucesso do cultivo é: as sementes de Mangaba são recalcitrantes. Elas não toleram a secagem e perdem o poder de germinar em pouquíssimos dias. Por isso, elas devem ser despolpadas e plantadas imediatamente após a colheita.

O despolpamento deve ser feito com cuidado, lavando as sementes em água corrente para remover toda a polpa. As sementes limpas devem ir direto para a sementeira. Elas não necessitam de tratamentos para quebra de dormência. A semeadura deve ser feita em um substrato arenoso e bem drenado, que imite as condições da restinga ou do cerrado, a uma profundidade de 2 a 3 cm. A germinação geralmente ocorre em 30 a 60 dias.

As mudas de Mangaba devem ser cultivadas a pleno sol e apresentam um crescimento moderado. Elas são muito resistentes à seca e ao calor, mas se beneficiam de irrigações regulares durante a fase de crescimento. A árvore pode começar a produzir seus primeiros frutos a partir do terceiro ou quarto ano após o plantio.

O plantio da Hancornia speciosa é ideal para a formação de pomares comerciais e domésticos em regiões de clima quente e com solos arenosos. É também uma espécie indispensável para a recuperação de áreas de restinga e cerrado degradados e para a composição de sistemas agroflorestais. É uma árvore que recompensa com seus frutos deliciosos e com a satisfação de cultivar um dos sabores mais autênticos do Brasil.

Referências utilizadas para a Mangaba

Esta descrição detalhada da Hancornia speciosa foi construída com base em fontes científicas de alta credibilidade, na rica documentação etnobotânica sobre seus usos e em manuais de referência sobre as frutas e a flora do Brasil. O objetivo foi criar um retrato completo que celebra o sabor, a resiliência e a importância cultural desta árvore tão querida. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Koch, I., et al. Apocynaceae in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://florabrasil.jbrj.gov.br/FB15558>. Acesso em: 22 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos e de distribuição oficial).
• Lorenzi, H., et al. 2006. Frutas Brasileiras e Exóticas Cultivadas (de consumo in natura). Instituto Plantarum, Nova Odessa, SP. (A mais importante e completa referência para os usos alimentícios, características e informações de cultivo da Mangaba).
• Almeida, S.P. de, et al. 1998. Cerrado: espécies vegetais úteis. Embrapa-CPAC, Planaltina, DF. (Referência chave para os usos tradicionais de plantas do Cerrado, incluindo a Mangaba).
• Monachino, J. 1945. A revision of *Hancornia* (Apocynaceae). Lilloa, 11, 19-48. (Revisão taxonômica clássica do gênero).
• Vieira, R.F. & Martins, M.V.M. 2000. Recursos genéticos de plantas medicinais do Cerrado: uma compilação de dados. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 3(1), 13-36. (Contextualização do uso medicinal de plantas do Cerrado, como a Mangabeira).
• Gomes, B. M. 1801. Memoria sobre a ipecacuanha fusca do Brasil, ou cipó das nossas boticas… Memórias da Academia Real das Sciencias de Lisboa, 2, 1-28. (Publicação original onde a espécie foi descrita pela primeira vez).

CARRINHO DE COMPRAS

close