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Sementes de Carobinha – Jacaranda ulei

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Família: Bignoniaceae
Espécie: Jacaranda ulei
Divisão: Angiospermas
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Lamiales

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Introdução & Nomenclatura da Carobinha

Quando pensamos em “Jacarandá”, a imagem que nos vem à mente é a da árvore monumental, de flores azuis-arroxeadas, que embeleza as ruas e praças de nossas cidades. Mas o Cerrado brasileiro, em sua infinita diversidade, nos presenteia com sua própria versão desta realeza botânica: uma versão mais humilde em seu porte, mas igualmente espetacular em sua floração e ainda mais potente em seus dons medicinais. Esta é a Carobinha, de nome científico Jacaranda ulei. Não é uma árvore imponente, mas um arbusto resiliente, que a cada estação seca se prepara para renascer das cinzas e pintar a paisagem da savana com suas trombetas de um púrpura vibrante.

Seu nome popular, “Carobinha” ou “Carobinha-do-campo”, é um selo de sua importância na farmacopeia popular brasileira. “Caroba” é um nome de origem Tupi aplicado a diversas plantas com reconhecidas propriedades curativas, especialmente aquelas usadas como depurativos do sangue. E a *Jacaranda ulei* é, por excelência, uma das mais autênticas e reverenciadas “Carobinhas”. O nome científico, por sua vez, conta uma história de linhagem e de descoberta. O gênero, *Jacaranda*, é a latinização do nome Tupi *yakara’renda*, que já designava estas árvores de madeira nobre e de flores belas. O epíteto específico, *ulei*, é uma homenagem ao botânico alemão Ernst Heinrich Georg Ule, um dos maiores exploradores da flora brasileira, que coletou o espécime-tipo desta espécie no final do século XIX, revelando-a para a ciência.

A Carobinha é uma joia nativa e endêmica do Brasil, um tesouro botânico que só existe no coração do nosso território. Ela é uma especialista do bioma Cerrado, onde é uma presença constante e vital nos campos e savanas de Minas Gerais, Goiás, Bahia, Mato Grosso e do Distrito Federal. É uma planta que personifica a alma do Cerrado: uma beleza que explode após a adversidade, uma força que se esconde sob a terra e um poder de cura que tem sido passado de geração em geração. Ter uma semente de Carobinha em mãos é ter a promessa de cultivar uma das mais belas e poderosas plantas medicinais do nosso país, um elo com a sabedoria ancestral e com a resiliência da vida em nossas savanas.

A história desta planta é uma celebração da força que reside na humildade. Enquanto seu primo famoso, o Jacarandá-mimoso, conquistava o mundo com seu porte de árvore ornamental, a Carobinha permanecia no Cerrado, aperfeiçoando suas estratégias de sobrevivência ao fogo, aprofundando suas raízes em busca de água e concentrando em seus tecidos os compostos que a tornariam um pilar da medicina popular. É uma planta que nos ensina que a verdadeira nobreza não está apenas na exuberância visível, mas na força oculta e na capacidade de servir e de curar. Cada flor roxa que se abre na paisagem queimada do Cerrado é um testemunho desta verdade, um símbolo de esperança e de renovação.

Aparência: Como reconhecer a Carobinha?

Reconhecer a Carobinha é identificar a elegância de um jacarandá em uma escala mais íntima e resiliente. A Jacaranda ulei se apresenta como um subarbusto ou arbusto de porte baixo a médio, geralmente com 1 a 3 metros de altura. Seus caules são eretos, lenhosos e pouco ramificados, conferindo à planta uma aparência esguia e elegante. A verdadeira essência de sua força, no entanto, está oculta sob a terra. A Carobinha é uma planta xilopodífera, possuindo um xilopódio, um órgão subterrâneo lenhoso e espesso que funciona como sua reserva de energia e seu centro de rebrota. É a partir desta fortaleza subterrânea que a planta renasce com um vigor impressionante após a passagem do fogo, uma característica fundamental para a sua sobrevivência no Cerrado.

As folhas da Carobinha são de uma beleza delicada e ornamental, que lembram as de uma samambaia. Elas são grandes e bipinadas, como as de seu primo famoso. Cada folha é composta por múltiplos pares de pinas, e cada pina é dividida em dezenas de foliólulos minúsculos e de formato oblongo. Esta estrutura finamente dividida confere à folhagem uma aparência leve, plumosa e muito elegante. A face inferior dos folíolos é densamente coberta por pelos, o que lhe confere uma textura macia e uma tonalidade mais pálida.

A floração é o momento em que a Jacaranda ulei revela sua herança real. A planta produz grandes inflorescências do tipo panícula, que são cachos ramificados e vistosos que surgem no topo dos ramos. As flores são grandes, com 3 a 5 cm de comprimento, e possuem o formato de trombeta (tubular-campanulada) que é a assinatura do gênero. A cor da corola é um roxo ou violeta intenso e vibrante, geralmente com o interior do tubo (a fauce) de cor branca, o que cria um belo contraste e funciona como um guia de néctar. No interior da flor, destaca-se o estaminódio, um estame estéril que é mais longo que os estames férteis e que possui a ponta coberta de pelos glandulares, uma estrutura enigmática e característica do gênero.

O fruto é a clássica “bolacha” ou “castanhola” do jacarandá. É uma cápsula lenhosa, loculicida, de formato arredondado e fortemente achatado. Quando maduro, o fruto, de cor castanha, se abre em duas metades (valvas) para liberar suas sementes, que são uma obra de arte da aerodinâmica.

As sementes são achatadas, com um corpo seminífero central do qual se expandem duas grandes asas membranosas e hialinas (transparentes). São sementes projetadas para o voo, leves e perfeitamente equilibradas para planar nas correntes de ar, as mensageiras que carregam a nobreza púrpura da Carobinha para novos recantos do Cerrado.

Ecologia, Habitat & Sucessão da Carobinha

A ecologia da Jacaranda ulei é um manifesto sobre a vida na savana mais biodiversa do mundo. Ela é uma espécie emblemática e especialista do bioma Cerrado, onde é um componente fundamental das fisionomias de Cerrado lato sensu e de Campo Rupestre. É uma planta de pleno sol, que prospera nos solos profundos, ácidos e bem drenados do Planalto Central, e cujo ciclo de vida está em perfeita sintonia com a sazonalidade e com o regime de fogo que caracterizam este ecossistema.

Sua relação com o fogo é o que a define como uma verdadeira fênix da flora. A Carobinha é uma pirófita que não apenas resiste, mas responde ao fogo com uma explosão de vida. Seu xilopódio subterrâneo é a sua arca da aliança, um órgão que a protege do calor e que guarda a energia para o renascimento. Após uma queimada, que limpa a paisagem e fertiliza o solo com cinzas, a Carobinha rebrota com uma força e uma velocidade impressionantes. A floração é frequentemente estimulada por este evento, e a visão de suas flores roxas brotando de uma paisagem enegrecida é um dos mais potentes símbolos da resiliência e da capacidade de regeneração do Cerrado.

Na dinâmica de sucessão, a Jacaranda ulei é um membro permanente e característico da comunidade clímax dos ecossistemas de savana e de campo do Cerrado. Ela não é uma etapa de transição para uma floresta, mas sim um pilar da biodiversidade que define a estrutura e a função destas paisagens abertas.

As interações com a fauna são um banquete de cores e de vida. A polinização de suas flores grandes, roxas e em formato de trombeta é um exemplo clássico de melitofilia, a polinização por abelhas. Os principais polinizadores são abelhas de grande porte, como as mamangavas (*Bombus* e *Xylocopa*), que são atraídas pela cor e pela farta oferta de néctar, e que possuem o tamanho e a força necessários para acessar as estruturas reprodutivas da flor de forma eficiente. A floração da Carobinha é um evento crucial para a manutenção da saúde destas populações de abelhas nativas.

A dispersão de suas sementes é uma parceria com o vento. A estratégia da anemocoria é garantida pelas sementes aladas. Quando as cápsulas se abrem durante a estação seca, as sementes leves e com suas grandes asas transparentes são liberadas e carregadas pelas correntes de ar, viajando por longas distâncias sobre a paisagem aberta do Cerrado, em busca de um novo local para germinar e perpetuar sua linhagem real.

Usos e Aplicações da Carobinha

A Carobinha é uma das mais importantes e versáteis plantas da medicina popular do Cerrado, uma verdadeira farmácia natural cuja fama se espalhou por todo o Brasil. Suas aplicações, no entanto, se estendem ao paisagismo e à recuperação de ecossistemas, consagrando a Jacaranda ulei como uma planta de múltiplos e preciosos dons.

Seu uso mais nobre e consagrado é o medicinal. A Carobinha-do-campo é reverenciada na etnobotânica brasileira como um poderoso depurativo do sangue, ou seja, um agente que ajuda a “limpar” o organismo de toxinas. O chá preparado com suas folhas e cascas é o remédio por excelência para o tratamento de uma vasta gama de doenças de pele, como eczema, herpes, acne, alergias e furúnculos. Também é um remédio tradicionalmente utilizado para o tratamento de doenças venéreas, como a sífilis, e para o alívio de dores do reumatismo e da artrite, devido às suas potentes propriedades anti-inflamatórias. Estudos científicos têm se debruçado sobre a Carobinha, identificando compostos como os flavonoides e os iridoides, que ajudam a explicar estas ações terapêuticas. É uma das plantas mais importantes e confiáveis da farmácia do sertão.

O seu valor ecológico é imenso. Como uma espécie nativa e perfeitamente adaptada às condições do Cerrado, ela é uma peça-chave para a restauração de áreas degradadas neste bioma. Sua capacidade de rebrotar após o fogo e de prosperar em solos pobres a torna uma espécie fundamental para a recuperação da flora nativa e para a proteção do solo contra a erosão. Além disso, é uma planta apícola de grande importância, fornecendo recursos vitais para as abelhas nativas.

Seu potencial ornamental é espetacular e ainda pouco explorado. A combinação de sua folhagem delicada e de aparência de samambaia com sua floração exuberante, de grandes flores roxas, a torna uma candidata de primeira linha para o paisagismo. É a escolha perfeita para a criação de jardins de inspiração no Cerrado, jardins de pedra e para o xeriscaping. Seu porte de arbusto a torna mais versátil que seu primo arbóreo, podendo ser utilizada em uma variedade de espaços, sempre trazendo um toque de beleza selvagem e de cor vibrante.

Cultivo & Propagação da Carobinha

Cultivar uma Carobinha é um ato de semear a beleza e a cura do Cerrado. A propagação da Jacaranda ulei a partir de sementes é um processo que reflete a natureza de uma planta pioneira, sendo relativamente simples e recompensador para quem deseja ter esta joia botânica em seu jardim ou projeto de restauração.

O ciclo começa com a coleta dos frutos, que deve ser feita quando as cápsulas lenhosas estão maduras e secas, mas antes que se abram completamente para liberar as sementes. As sementes aladas podem ser facilmente retiradas do interior do fruto. As sementes de Carobinha, como as de muitas espécies de *Jacaranda* de Cerrado, não apresentam dormência profunda e germinam com facilidade quando frescas.

A semeadura deve ser feita em um substrato que imite o solo do Cerrado: muito arenoso e com excelente drenagem. As sementes devem ser posicionadas na horizontal sobre o substrato e cobertas com uma fina camada de areia. A umidade deve ser mantida de forma controlada, sem nunca encharcar o solo, e a sementeira deve ser mantida em local de sol pleno. A germinação geralmente ocorre em 2 a 4 semanas.

As mudas de Jacaranda ulei devem ser cultivadas a pleno sol. O crescimento é moderado, pois a planta investe muita energia na formação de seu robusto sistema subterrâneo, o xilopódio. Uma vez estabelecida, a planta é extremamente resistente à seca e ao fogo, e não exige cuidados intensivos.

O plantio da Carobinha é ideal para a restauração de campos nativos do Cerrado, para a composição de jardins medicinais e etnobotânicos, e para o paisagismo em áreas de pleno sol que buscam um visual naturalista e de baixa manutenção. É uma planta que recompensa o cultivador com suas flores de uma nobreza púrpura, com sua folhagem elegante e com a certeza de estar cultivando uma das mais importantes plantas curativas do Brasil.

Referências utilizadas para a Carobinha

Esta descrição detalhada da Jacaranda ulei foi construída com base em fontes científicas de alta credibilidade e na rica documentação etnobotânica sobre a flora medicinal do Cerrado. O objetivo foi criar um retrato completo que celebra a beleza, a resiliência e o profundo poder curativo deste jacarandá-arbustivo. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Farias-Singer, R. Jacaranda in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://florabrasil.jbrj.gov.br/FB114196>. Acesso em: 26 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos, morfológicos e de distribuição oficial).
• Gentry, A.H. 1992. Bignoniaceae: Part II (Tribe Tecomeae). Flora Neotropica Monograph, 21(II), 1-370. (A mais importante monografia sobre o grupo, fundamental para a compreensão do gênero *Jacaranda*).
• Lorenzi, H. & Matos, F.J.A. 2008. Plantas Medicinais no Brasil: Nativas e Exóticas. 2ª ed. Instituto Plantarum, Nova Odessa, SP. (Referência chave para os usos medicinais da Carobinha).
• Almeida, S.P. de, et al. 1998. Cerrado: espécies vegetais úteis. Embrapa-CPAC, Planaltina, DF. (Referência para os usos tradicionais de plantas do Cerrado).
• Ribeiro, J.F. & Walter, B.M.T. 2008. As principais fisionomias do bioma Cerrado. In: Sano, S.M., Almeida, S.P. & Ribeiro, J.F. (Eds.). Cerrado: ecologia e flora. Embrapa Cerrados, Planaltina, DF. pp. 151-212. (Contextualização da ecologia e das adaptações da flora do Cerrado, como as plantas xilopodíferas).
• Bureau, L.É. & Schumann, K.M. 1897. Bignoniaceae. In: Martius, C.F.P. von (ed.). Flora Brasiliensis, Vol. 8, pars 2, p. 383. (Publicação original onde a espécie foi descrita pela primeira vez).

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