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Sementes de Perobinha do campo – Leptolobium dasycarpum

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Família: Fabaceae
Espécie: Leptolobium dasycarpum
Divisão: Angiospermas
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales

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Introdução & Nomenclatura da Perobinha-do-campo

No coração do Brasil, onde o sol e o fogo moldam a paisagem, prospera uma árvore de identidade complexa e de valor inestimável para o povo do campo: a Perobinha-do-campo. Seu nome científico, Leptolobium dasycarpum, pode não ser familiar para muitos, mas seus nomes populares, como Amargozinho, revelam imediatamente uma de suas mais importantes facetas. É uma planta que guarda em sua casca e folhas um amargor profundo, um sinal químico que, na sabedoria popular, se traduz em poderosas propriedades medicinais. Ao mesmo tempo, “Perobinha” a posiciona como uma fonte de madeira forte e durável, um pequeno parente em qualidade das famosas Perobas.

A história de sua classificação botânica é um fascinante quebra-cabeça, um reflexo de sua grande variabilidade. Por muitos anos, esta espécie viajou por diferentes gêneros, sendo ora chamada de Sweetia dasycarpa, ora de Acosmium dasycarpum. Esta jornada taxonômica, com suas idas e vindas, mostra como a ciência trabalha para decifrar as sutis relações de parentesco na imensa família das leguminosas. Hoje, ela está firmemente estabelecida no gênero *Leptolobium*, um nome que descreve perfeitamente uma de suas características: do grego *leptos* (fino, delgado) e *lobos* (vagem), ou seja, “vagem delgada”. O epíteto específico, *dasycarpum*, vem do grego *dasys* (peludo, viloso) e *karpos* (fruto), significando “fruto peludo”, uma referência à fina cobertura de pelos que reveste sua vagem alada.

A Perobinha-do-campo é uma espécie nativa com uma presença marcante nos biomas mais secos do Brasil. Sua casa é o Cerrado e a Caatinga, onde ela se espalha por uma vasta área que vai do Nordeste ao Sudeste e Centro-Oeste do país. É uma árvore emblemática destas paisagens, uma verdadeira sobrevivente adaptada ao fogo, à seca e a solos pobres. Ter uma semente de *Leptolobium dasycarpum* é ter em mãos a promessa de uma árvore que é um pilar de resiliência, uma farmácia viva e uma fonte de madeira robusta, um verdadeiro tesouro da flora brasileira.

Aparência: Como reconhecer a Perobinha-do-campo?

Reconhecer a Perobinha-do-campo é identificar os traços clássicos de uma árvore do Cerrado, uma silhueta esculpida pela resistência. A Leptolobium dasycarpum é uma árvore de porte pequeno a médio, que geralmente atinge de 5 a 15 metros de altura. Seu tronco é caracteristicamente tortuoso e revestido por uma casca grossa, suberosa (semelhante à cortiça) e profundamente fissurada. Esta casca robusta é sua principal defesa contra os incêndios que varrem periodicamente o Cerrado, funcionando como um escudo isolante que protege os tecidos vivos do calor intenso. A copa é geralmente aberta e arredondada, com uma folhagem que pode variar de densa a mais rala.

As folhas são compostas e imparipinadas, formadas por um número variável de folíolos (geralmente de 9 a 15) dispostos ao longo de uma raque central. Como a própria descrição botânica aponta, a espécie é “muito variável vegetativamente”, apresentando populações com folíolos cobertos por uma fina camada de pelos (pubescentes) e outras com folíolos completamente lisos (glabros). Os folíolos são de formato oval a oblongo, criando uma folhagem de aparência delicada e ornamental.

As flores da Leptolobium dasycarpum são pequenas, de cor amarelada ou creme-esverdeada, e se agrupam em grandes inflorescências do tipo panícula, que despontam no final dos ramos. As flores possuem a estrutura papilionácea típica de sua subfamília, mas de forma mais discreta. Não é uma árvore que se destaca por uma floração espetacular, mas durante seu período de floração, ela se torna um ponto vital de recursos para os insetos polinizadores do Cerrado.

O fruto é a chave para a compreensão de seu nome científico e de sua estratégia de dispersão. É um fruto seco do tipo sâmara, ou seja, uma vagem indeiscente (que não se abre), achatada, com um núcleo central onde se aloja a semente, e uma expansão alada membranosa ao redor. É a “vagem delgada” (*Leptolobium*) e “peluda” (*dasycarpum*) que a define. Este fruto leve e alado é projetado para voar, uma adaptação perfeita para as paisagens abertas e ventosas que ela habita.

Dentro desta vagem alada, encontra-se geralmente uma única semente, de formato reniforme (de rim). A semente é o veículo pelo qual esta árvore resistente e de múltiplos talentos viaja para colonizar novos territórios, carregando consigo o legado de uma linhagem de verdadeiros sobreviventes.

Ecologia, Habitat & Sucessão da Perobinha-do-campo

A ecologia da Leptolobium dasycarpum é um manifesto sobre a arte de viver no coração seco do Brasil. Esta árvore é uma especialista nos biomas do Cerrado e da Caatinga. Ela é um componente fundamental do Cerrado *lato sensu*, prosperando desde as formas mais abertas de campo até as mais densas de cerradão, e também é encontrada em ambientes de altitude como o Campo Rupestre. Sua presença indica um ecossistema de estações bem definidas, com um longo período de seca e a presença recorrente de um fator ecológico moldador: o fogo.

A relação da Perobinha-do-campo com o fogo é a essência de sua estratégia de sobrevivência. É uma espécie pirófita, que não apenas tolera o fogo, mas é adaptada a ele. Sua casca espessa e corticosa é um isolante térmico de alta eficiência. Caso as chamas sejam intensas o suficiente para danificar a copa, a árvore possui uma notável capacidade de rebrota a partir de gemas dormentes na base do tronco ou em suas raízes, garantindo sua permanência na paisagem mesmo após distúrbios severos. O fogo, para ela, é parte do ciclo da vida.

Na dinâmica de sucessão ecológica, a Leptolobium dasycarpum é considerada uma espécie de estágios intermediários a avançados dentro de seu ecossistema, como secundária tardia ou clímax do Cerrado. Seu crescimento é lento, uma característica de plantas que investem em estruturas de alta densidade e durabilidade, como madeira pesada e casca grossa. Ela é um membro permanente e estruturante das comunidades vegetais mais maduras e estáveis do bioma.

As interações com a fauna são focadas na perpetuação da espécie. A polinização de suas flores é realizada por abelhas nativas de diversos portes, que são os principais vetores de pólen para as leguminosas do Cerrado. A floração, embora discreta para os olhos humanos, é uma fonte importante de recursos para estes insetos. A dispersão de suas sementes é uma parceria com o vento. O fruto alado (sâmara) da Perobinha-do-campo é uma adaptação clássica à anemocoria. Durante a estação seca e ventosa, os frutos maduros se desprendem da árvore e são carregados pelas correntes de ar, planando sobre a vegetação baixa do Cerrado para alcançar novos locais de colonização. Esta estratégia garante que as sementes sejam dispersas para áreas abertas, onde terão a luz solar necessária para germinar e se estabelecer.

Usos e Aplicações da Perobinha-do-campo

A Perobinha-do-campo é uma árvore de dupla cidadania no universo dos usos humanos: é ao mesmo tempo uma farmácia popular e uma fonte de madeira robusta. As aplicações da Leptolobium dasycarpum são um reflexo do conhecimento profundo que as populações do Cerrado e da Caatinga têm sobre os recursos de seu ambiente, utilizando a planta tanto para a cura quanto para a construção.

Seu uso medicinal, consagrado pelo nome “Amargozinho”, é o mais difundido. A casca e as folhas da árvore são extremamente amargas, uma característica que na farmacopeia popular indica a presença de princípios ativos tônicos e depurativos. O chá preparado com a casca é um remédio tradicionalmente utilizado como tônico amargo para tratar problemas digestivos, hepáticos e de estômago, estimulando o apetite e a digestão. É também empregado como febrífugo, para baixar febres, e no tratamento de inflamações, vermes e como um “limpador do sangue”. É uma das plantas “amargas” mais importantes e respeitadas da medicina popular do Brasil central.

O nome “Perobinha-do-campo” aponta diretamente para o seu segundo grande valor: a madeira. A madeira da Leptolobium dasycarpum é pesada, dura, de alta densidade e com uma excelente durabilidade natural, sendo muito resistente ao apodrecimento e ao ataque de cupins, mesmo quando em contato com o solo e a umidade. Essas características a tornam ideal para usos externos e rurais. É uma das madeiras preferidas para a fabricação de mourões de cerca, estacas, esteios e para a estrutura de currais e outras construções rurais. Também é usada em vigamentos de casas, para a produção de dormentes e como uma excelente lenha e fonte de carvão de alta qualidade.

O valor ecológico da espécie é igualmente notável. Como uma leguminosa, ela tem a capacidade de fixar nitrogênio atmosférico através de uma simbiose com bactérias em suas raízes, um processo que enriquece os solos naturalmente pobres do Cerrado. Sua resiliência ao fogo e à seca a torna uma espécie-chave para a restauração de áreas degradadas dentro de seu bioma de ocorrência, ajudando a restabelecer a estrutura e a funcionalidade do ecossistema.

Cultivo & Propagação da Perobinha-do-campo

Cultivar a Perobinha-do-campo é um ato de valorização da flora resiliente do Cerrado e um investimento em um recurso de longo prazo. A propagação da Leptolobium dasycarpum, embora exija a superação da dormência de suas sementes, é um processo que permite a reintrodução desta valiosa espécie em áreas de restauração e em propriedades rurais.

O ciclo começa com a coleta dos frutos alados (sâmaras), que deve ser feita quando eles estão secos, com uma coloração de palha, diretamente na árvore ou no chão. As sementes podem ser facilmente extraídas do invólucro. O grande segredo para o sucesso na germinação desta espécie é a quebra da dormência física, causada pela casca dura e impermeável da semente. Sem este passo, a germinação pode ser muito baixa e irregular.

A escarificação é o método utilizado para superar esta barreira. Pode-se lixar a casca da semente em um dos lados até que se note uma mudança de cor, ou mergulhar as sementes em água quente (a cerca de 80°C) e deixá-las de molho por até 24 horas. Este tratamento permite que a água penetre na semente e dê início ao processo germinativo. A semeadura deve ser feita em um substrato arenoso e bem drenado, em sacos de mudas ou tubetes, a uma profundidade de 1 a 2 cm.

A germinação da Leptolobium dasycarpum geralmente ocorre em 20 a 50 dias após a escarificação. As mudas devem ser mantidas a pleno sol, pois é uma espécie que não tolera sombreamento. O crescimento é lento, uma característica esperada de uma árvore de madeira densa e adaptada a condições de estresse. Este ritmo lento é um investimento da planta na produção de uma estrutura robusta e duradoura.

As mudas estarão prontas para o plantio no local definitivo quando atingirem de 30 a 40 cm. O plantio da Perobinha-do-campo é ideal para a restauração de áreas de Cerrado, para a formação de cercas-vivas de grande durabilidade (pelo uso dos mourões de sua madeira) e para quem tem interesse em cultivar um banco vivo de plantas medicinais. É uma árvore para quem pensa no futuro, valorizando a força e a resiliência sobre a velocidade.

Referências utilizadas para a Perobinha-do-campo

Esta descrição detalhada da Leptolobium dasycarpum foi cuidadosamente construída com base em fontes científicas de alta credibilidade, com destaque para a revisão taxonômica do gênero, e em manuais de referência sobre a flora e os usos das plantas do Cerrado. O objetivo foi criar um retrato fiel e profundo desta espécie multifacetada, honrando sua importância ecológica, medicinal e madeireira. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Rodrigues, R.S. Leptolobium in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB101103>. Acesso em: 21 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos, morfológicos e de distribuição oficial).
• Rodrigues, R.S. & Tozzi, A.M.G.A. 2012. Revisão taxonômica de Leptolobium (Papilionoideae, Leguminosae). Acta Botanica Brasilica, 26(1), 146-164. (O mais importante e completo estudo sobre o gênero, fundamental para esta descrição).
• Lorenzi, H. 1998. Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 2. 1ª ed. Editora Plantarum, Nova Odessa, SP. (Referenciado como *Sweetia dasycarpa*, é uma fonte essencial para informações práticas sobre cultivo, usos da madeira e características gerais).
• Almeida, S.P. de, et al. 1998. Cerrado: espécies vegetais úteis. Embrapa-CPAC, Planaltina, DF. (Referência chave para os usos tradicionais de plantas do Cerrado, incluindo o Amargozinho).
• Ribeiro, J.F. & Walter, B.M.T. 2008. As principais fisionomias do bioma Cerrado. In: Sano, S.M., Almeida, S.P. & Ribeiro, J.F. (Eds.). Cerrado: ecologia e flora. Embrapa Cerrados, Planaltina, DF. pp. 151-212. (Contextualização da ecologia e das adaptações da flora do Cerrado).
• Carvalho, P.E.R. 2003. Espécies Arbóreas Brasileiras, Vol. 1. Embrapa Informação Tecnológica, Brasília, DF. (Referenciado como *Acosmium dasycarpum*, compêndio detalhado da Embrapa com informações silviculturais e ecológicas).

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