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Sementes de Capororoca – Myrsine guianensis

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Família: Primulaceae
Espécie: Myrsine guianensis
Divisão: Angiospermas
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Ericales

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Introdução & Nomenclatura da Capororoca

Na imensa e diversificada nação de árvores que é o Brasil, existem as gigantes famosas, as de madeira nobre e as de frutos célebres. E existem as trabalhadoras silenciosas, as operárias da regeneração que, sem alarde, reconstroem as florestas. A Capororoca, de nome científico Myrsine guianensis, é a rainha destas operárias. É uma das árvores mais comuns e de mais ampla distribuição em nosso território, um verdadeiro símbolo da força vital que pulsa em cada capoeira, em cada borda de mata, em cada pasto abandonado. Seu nome popular, “Capororoca”, vem do Tupi *ka’apoporoka*, que significa “mato que estala”, uma alusão ao som de sua madeira queimando na fogueira, um som familiar para o homem do campo que há séculos utiliza sua lenha.

A história de seu nome científico é uma fascinante jornada pelas gavetas da botânica. O gênero, *Myrsine*, é o nome grego antigo para a Murta, uma planta mediterrânea com a qual partilha alguma semelhança. O epíteto específico, *guianensis*, refere-se à região das Guianas, de onde foi primeiramente descrita. Por mais de um século, esta planta foi conhecida pelo seu famoso sinônimo, *Rapanea guianensis*. Mas a maior surpresa veio com a revolução da genética: estudos recentes revelaram que toda a antiga família Myrsinaceae, à qual a Capororoca pertencia, era, na verdade, uma linhagem dentro da grande família Primulaceae. Sim, esta árvore rústica e de flores minúsculas é uma prima distante das delicadas Prímulas que enfeitam os jardins da Europa. É uma lição de como a natureza adora nos surpreender com parentescos inesperados.

A Capororoca é a mais brasileira de todas as árvores em sua distribuição. Nativa de uma vasta área das Américas, é no Brasil que ela demonstra uma capacidade de adaptação sem paralelos, sendo a única espécie de árvore a ter ocorrência nativa confirmada em todos os seis grandes biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Esta onipresença a consagra como a grande unificadora de nossas paisagens, a tecelã que costura nossos ecossistemas com seus fios de vida. Ter uma semente de Capororoca em mãos é ter a promessa de cultivar a mais pura resiliência, uma das mais eficientes ferramentas para a restauração da vida e a planta que é o banquete favorito dos pássaros em todo o Brasil.

Sua longa lista de sinônimos, como *Myrsine rapanea*, é um testemunho de sua imensa variabilidade. Em cada bioma, ela se apresenta com uma nova face, com folhas mais duras no Cerrado, mais tenras na Mata Atlântica, sempre se moldando ao ambiente. Esta plasticidade é a chave de seu sucesso e a razão de sua importância. Ela não é uma especialista de um único lugar, mas uma generalista genial, uma lição de como a adaptabilidade é a forma mais alta de inteligência na natureza. É a árvore que nos ensina que, para estar em todo lugar, é preciso saber ser de cada lugar.

Aparência: Como reconhecer a Capororoca?

Reconhecer uma Capororoca é identificar uma árvore de uma beleza discreta e funcional, uma planta cuja forma foi otimizada para o crescimento rápido e a produção massiva de frutos. A Myrsine guianensis pode se apresentar como um arbusto de 1,5 metro em ambientes hostis, como os campos rupestres, ou como uma árvore de até 20 metros de altura no interior de florestas. Seu porte mais comum, no entanto, é o de uma arvoreta de 4 a 10 metros, com um tronco relativamente fino e uma copa densa, globosa e de folhagem perene, o que a torna uma excelente árvore de sombra durante todo o ano. A casca é de cor acinzentada e geralmente lisa, tornando-se mais áspera e com fissuras com a idade.

As folhas são a sua característica mais constante. Elas são simples, de filotaxia alterna, e se agrupam em rosetas na extremidade dos ramos, uma disposição que otimiza a captação de luz. A textura é firme, de cartácea a coriácea, e o formato é geralmente obovado, com a parte mais larga voltada para o ápice. A face superior é de um verde-escuro e brilhante, enquanto a inferior é mais pálida. Uma característica interessante são as cavidades resiníferas, que podem ser vistas como pequenos pontos ou linhas escuras nas folhas, especialmente na face inferior, e que contêm os compostos químicos de defesa da planta.

As flores da Capororoca são um exemplo de minimalismo e eficiência. Elas são minúsculas, com apenas 2 a 3 mm de diâmetro, e de cor esverdeada, branca ou creme. O que lhes falta em tamanho individual, elas compensam em número. As flores nascem em inflorescências do tipo umbela, que são pequenos buquês globosos que brotam diretamente dos ramos, abaixo das folhas, em uma disposição chamada de ramifloria. A árvore produz milhares destas pequenas inflorescências, e a floração, embora não seja um espetáculo de cores vistosas, é um evento de grande importância para a fauna, enchendo o ar com um perfume suave e adocicado e atraindo uma nuvem de pequenos insetos polinizadores.

O fruto é a grande dádiva da Myrsine guianensis para o ecossistema. É uma drupa globosa e muito pequena, com cerca de 5 a 6 mm de diâmetro. Ao amadurecer, o fruto passa da cor verde para o roxo-escuro ou quase preto, tornando-se muito vistoso contra os ramos. A polpa é fina, suculenta e adocicada. A árvore frutifica de forma massiva, e seus ramos ficam literalmente carregados com milhares destes pequenos frutos, como se estivessem adornados com contas de azeviche. É esta produção prodigiosa que a torna o restaurante favorito dos pássaros.

A semente é única e pequena, ocupando a maior parte do volume do fruto. É esta semente que, após passar pelo trato digestivo de uma ave, está pronta para germinar e dar início a uma nova e incansável pioneira, uma nova tecelã de florestas.

Ecologia, Habitat & Sucessão da Capororoca

A ecologia da Myrsine guianensis é a de uma conquistadora, a mais bem-sucedida e resiliente das espécies pioneiras do Brasil. Sua capacidade de prosperar em todos os seis biomas é um fenômeno que a torna um objeto de estudo e de admiração. Ela é a “planta para toda obra” da sucessão ecológica, uma espécie que possui as ferramentas para colonizar os mais diversos ambientes, desde as florestas úmidas da Amazônia e da Mata Atlântica, passando pelas savanas do Cerrado, as matas secas da Caatinga, os campos do Pampa e as planícies inundáveis do Pantanal.

Na dinâmica de sucessão, a Capororoca é uma espécie pioneira e secundária inicial por excelência. Seu crescimento é rápido, ela é tolerante ao sol pleno, mas também a um certo grau de sombreamento, e sua produção de sementes é massiva e ocorre durante quase todo o ano. Estas características a tornam a colonizadora perfeita para áreas degradadas, capoeiras, pastagens abandonadas e bordas de fragmentos florestais. Ela é uma das primeiras a chegar, e sua presença é o sinal de que a natureza começou o seu trabalho de cura. Ao crescer, ela cria uma cobertura que protege o solo e atrai a fauna, sendo uma das mais importantes “árvores-enfermeiras” da nossa flora.

As interações com a fauna são o coração de sua estratégia de sucesso e de sua importância ecológica. A polinização de suas pequenas e numerosas flores é realizada por uma grande diversidade de insetos de pequeno porte, principalmente abelhas nativas e moscas, que são atraídas pelo néctar e pelo pólen. A floração prolongada a torna uma fonte de recursos constante e confiável para a comunidade de polinizadores.

A dispersão de seus frutos é um dos mais importantes eventos de ornitocoria (dispersão por aves) do continente. A Capororoca é, sem dúvida, uma das mais importantes “plantas de passarinho” do Brasil. Seus frutos pequenos, de cor escura e produzidos em quantidade monumental durante quase todo o ano, são a base da dieta de dezenas de espécies de aves frugívoras. Pássaros de todos os tamanhos, desde pequenos sanhaçus e sabiás até grandes tucanos e jacus, se alimentam avidamente de seus frutos. Ao fazerem isso, eles se tornam os semeadores da Capororoca, espalhando suas sementes por toda a paisagem. Esta interação é tão intensa e fundamental que a sobrevivência de muitas populações de aves está diretamente ligada à presença da Capororoca, e a regeneração de muitas florestas depende da presença destes pássaros-semeadores. É uma simbiose perfeita que reconstrói nossas matas.

Usos e Aplicações da Capororoca

A Capororoca é uma árvore de uma utilidade imensa, cujas aplicações são focadas em sua vocação de restauradora de ecossistemas e em usos tradicionais que refletem a sua química e a robustez de sua madeira. O valor da Myrsine guianensis reside em sua funcionalidade e em sua generosidade para com o ambiente.

Seu uso mais nobre e impactante é o ecológico, na restauração de áreas degradadas. Por ser uma espécie pioneira de crescimento rápido, extremamente rústica, adaptada a todos os biomas brasileiros e, principalmente, por ser uma das plantas mais atrativas para a avifauna dispersora de sementes, a Capororoca é uma das espécies mais importantes e recomendadas para projetos de reflorestamento. O seu plantio em áreas degradadas é uma estratégia de “nucleação”: ela atrai os pássaros, que, ao visitá-la, trazem em seus tratos digestivos as sementes de dezenas de outras espécies de árvores da floresta, acelerando exponencialmente o processo de regeneração natural. Plantar Capororoca é convidar os pássaros para serem os jardineiros da restauração.

A madeira da Capororoca é de boa qualidade, sendo moderadamente pesada, de boa trabalhabilidade e de durabilidade razoável. É muito utilizada na construção rural para a fabricação de mourões de cerca, esteios, caibros e para obras internas. É também uma excelente lenha e produz um carvão de alta qualidade, sendo uma importante fonte de energia em muitas regiões do interior. O som estalante de sua madeira queimando (*poporoka*) é o que lhe rendeu o nome.

Na medicina tradicional, a casca da Capororoca, rica em taninos, é utilizada no preparo de chás como um poderoso adstringente. É um remédio popular para o tratamento de diarreias, disenterias e inflamações da garganta. Também é usada externamente como cicatrizante para feridas e úlceras. Os frutos, embora pequenos, são comestíveis, de sabor adocicado e um tanto resinoso, sendo muito apreciados pela fauna e consumidos ocasionalmente por humanos. Além de tudo, a Capororoca é uma excelente planta apícola, fornecendo alimento para as abelhas e contribuindo para a produção de mel.

Cultivo & Propagação da Capororoca

Cultivar uma Capororoca é um dos atos mais simples e eficientes de se promover a biodiversidade. A propagação da Myrsine guianensis é um processo fácil, e seu crescimento rápido e sua rusticidade a tornam uma espécie ideal para projetos de todos os portes, desde a recuperação de grandes áreas até a criação de um pequeno refúgio para pássaros em um jardim.

A propagação é feita por sementes, que devem ser extraídas dos frutos maduros e arroxeados. A fina camada de polpa deve ser removida, o que pode ser feito macerando os frutos em água e esfregando-os em uma peneira. As sementes de Capororoca, como as de muitas pioneiras, não apresentam dormência e germinam com grande facilidade.

A semeadura pode ser feita em sementeiras ou diretamente em sacos de mudas, utilizando um substrato bem drenado. As sementes devem ser cobertas com uma fina camada de terra. A germinação é rápida e com uma alta taxa de sucesso, ocorrendo geralmente em 2 a 4 semanas. As mudas de Capororoca devem ser cultivadas a pleno sol ou a meia-sombra.

O crescimento da árvore é rápido. Em apenas dois anos, a planta já pode atingir mais de 3 metros de altura e iniciar sua primeira frutificação. Esta precocidade e velocidade são o que a tornam uma pioneira tão eficiente e uma escolha tão estratégica para o reflorestamento rápido.

O plantio da Myrsine guianensis é ideal para a recuperação de áreas degradadas em todos os biomas brasileiros. É também uma escolha perfeita para a composição de sistemas agroflorestais, para a formação de cercas-vivas altas e para a criação de “jardins para pássaros”. É uma árvore que recompensa o cultivador com seu crescimento vigoroso e com a alegria de ver seu espaço se transformar em um ponto de encontro para a avifauna.

Referências utilizadas para a Capororoca

Esta descrição detalhada da Myrsine guianensis foi construída com base em fontes científicas de alta credibilidade e na vasta documentação sobre sua importância ecológica e silvicultural. O objetivo foi criar um retrato completo que celebra esta incansável e onipresente operária da regeneração florestal. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Freitas, M.F. Myrsine in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://florabrasil.jbrj.gov.br/FB10232>. Acesso em: 26 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos, morfológicos e de distribuição oficial).
• Freitas, M.F. & Kinoshita, L.S. 2015. *Myrsine* (Myrsinoideae- Primulaceae) no sudeste e sul do Brasil. Rodriguésia, 66(1), 167-189. (Revisão detalhada do gênero para uma de suas principais áreas de ocorrência).
• Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 1. 1ª ed. Editora Plantarum, Nova Odessa, SP. (Referenciado como *Rapanea guianensis*, é uma fonte essencial para informações práticas sobre cultivo, usos e características gerais).
• Rodrigues, R.R., Brancalion, P.H.S. & Isernhagen, I. (Orgs.). 2009. Pacto pela Restauração da Mata Atlântica: Referencial dos Conceitos e Ações de Restauração Florestal. LERF/ESALQ, Instituto BioAtlântica. (Contextualiza a importância de espécies pioneiras e atratoras de fauna como a Capororoca).
• Pizo, M.A. 2004. Frugivory and seed dispersal in the Atlantic Forest. In: F. M. C. B. Silva & K. C. M. C. B. Silva (Eds.), Seed Dispersal and Frugivory: Ecology, Evolution and Conservation, pp. 113–128. CABI Publishing, Wallingford. (Contextualiza a importância de plantas como a Capororoca para as aves da Mata Atlântica).
• Aublet, J.B.C.F. 1775. Histoire des Plantes de la Guiane Françoise, vol. 1, p. 121. (Publicação onde o basiônimo da espécie, *Rapanea guianensis*, foi originalmente descrito).

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