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Sementes de Capim Estrela – Paspalum stellatum

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Família: Poaceae
Espécie: Paspalum stellatum
Divisão: Angiospermas
Classe: Liliopsida
Ordem: Poales

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Introdução & Nomenclatura do Capim-estrela

No grande e diverso palco da flora brasileira, as gramíneas são muitas vezes as atrizes coadjuvantes, a base verde sobre a qual as árvores e flores mais vistosas brilham. Mas algumas delas pedem um olhar mais atento, revelando uma beleza e uma engenharia que são um espetáculo em si. O Capim-estrela, de nome científico Paspalum stellatum, é uma dessas estrelas discretas. Seu nome popular, “Capim-estrela”, é uma ode à forma como suas inflorescências se abrem no topo da haste, como uma estrela de duas pontas a saudar o céu. Mas é seu outro nome, Orelha-de-coelho, que captura sua essência mais íntima: uma alcunha que descreve perfeitamente a textura macia e a forma alongada de seus cachos de sementes, cobertos por pelos finos e sedosos que convidam ao toque.

O nome científico, Paspalum stellatum Humb. & Bonpl. ex Flüggé, confirma a precisão da sabedoria popular. O gênero, *Paspalum*, é um dos maiores e mais importantes gêneros de gramíneas do mundo, derivado do grego *paspalos*, um nome antigo para um tipo de milheto. O epíteto específico, *stellatum*, vem do latim e significa “estrelado”, um reconhecimento científico da bela disposição de suas inflorescências. Esta planta nos ensina que, mesmo na ciência, há espaço para a poesia que nasce da observação atenta da forma.

O Capim-estrela é um dos maiores símbolos da conectividade dos ecossistemas brasileiros. É uma espécie nativa de uma versatilidade impressionante, com ocorrência confirmada em todos os cinco grandes biomas do país: Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal (com exceção apenas da Caatinga mais árida). Esta capacidade de prosperar em tantos ambientes, dos campos de altitude do Sul às savanas amazônicas, faz dela uma das gramíneas mais bem-sucedidas e ecologicamente importantes do Brasil. Ter uma semente de Capim-estrela é ter em mãos a promessa de cultivar a própria resiliência da paisagem brasileira, uma planta que é, ao mesmo tempo, a base, o alimento e a beleza discreta de nossos campos.

Aparência: Como reconhecer o Capim-estrela?

Reconhecer o Capim-estrela é se encantar com a elegância de sua estrutura e a delicadeza de suas texturas. A Paspalum stellatum é uma erva perene que cresce em touceiras densas (cespitosa), com colmos (caules) eretos que podem atingir de 1 a 1,5 metro de altura. Sua força e perenidade vêm de seu rizoma paquimorfo, um caule subterrâneo curto e grosso, que funciona como um órgão de reserva e que lhe permite rebrotar ano após ano, especialmente após a passagem do fogo ou do pastejo.

As folhas são típicas de uma gramínea de campo aberto: longas, finas e frequentemente dobradas ao meio (conduplicadas), uma estratégia para reduzir a perda de água sob o sol intenso. Elas formam a base densa da touceira, a parte vegetativa que sustenta o ciclo reprodutivo da planta.

A inflorescência é a sua característica mais notável e a origem de seus nomes poéticos. No topo de uma longa haste, surgem, na maioria das vezes, dois racemos (cachos de flores/sementes) terminais e conjugados, que se dispõem em um “V” aberto, como uma estrela de duas pontas. É esta a visão que lhe rende o nome de “Capim-estrela”. Mas a magia está em olhar de perto cada um destes racemos. Eles são densos, alongados e cobertos por centenas de pequenas espiguetas (a unidade básica da inflorescência das gramíneas).

Cada espigueta é ornamentada em suas margens por longos pelos (cílios) brancos, finos e sedosos. É esta cobertura de pelos que confere ao racemo uma aparência felpuda, prateada e incrivelmente macia ao toque, semelhante à orelha de um coelho. Esta é a origem do nome Orelha-de-coelho. As flores verdadeiras são minúsculas e discretas, escondidas dentro das espiguetas, pois, como uma gramínea, a planta confia no vento, e não em polinizadores, para sua fecundação.

O fruto, como em todas as gramíneas, é uma cariopse, um grão seco onde a casca do fruto está fundida à casca da semente. Este grão permanece protegido dentro da espigueta, e é o conjunto (espigueta + grão) que se dispersa, levando consigo os pelos sedosos que o ajudarão em sua jornada.

Ecologia, Habitat & Sucessão do Capim-estrela

A ecologia da Paspalum stellatum é a história do alicerce sobre o qual se constroem os ecossistemas abertos do Brasil. Ela é uma espécie fundamental dos campos e savanas, habitando desde os Campos de Altitude e Campos Rupestres até o Cerrado lato sensu e os campos naturais do Pampa. É uma planta que precisa de sol pleno para prosperar e que está perfeitamente adaptada a solos pobres, ácidos e a um regime de fogo e seca.

Sua relação com o fogo é uma das mais clássicas do reino vegetal. O Capim-estrela é uma pirófita que não apenas sobrevive, mas depende do fogo para manter seu habitat. Durante as queimadas, a parte seca da touceira é consumida, mas seu rizoma subterrâneo permanece protegido. O fogo elimina a competição de arbustos e árvores, limpa a camada de material morto e estimula uma rebrota vigorosa e sincronizada. A paisagem que parece devastada após uma queimada é, para o Capim-estrela, uma tela em branco para um novo ciclo de crescimento exuberante.

Na dinâmica de sucessão, o Paspalum stellatum é um membro essencial e permanente da comunidade clímax dos ecossistemas campestres. As gramíneas são a base estrutural e funcional destes ambientes, e o Capim-estrela é uma de suas mais importantes representantes.

Sua biologia reprodutiva é uma ode à eficiência. A polinização é realizada pelo vento (anemofilia). Suas flores discretas produzem uma grande quantidade de pólen leve, que é liberado nas correntes de ar para fecundar outras plantas. A dispersão de suas sementes (as espiguetas) é uma estratégia multifacetada. Os longos pelos sedosos que a ornamentam funcionam como um paraquedas, auxiliando na dispersão pelo vento (anemocoria). Estes mesmos pelos permitem que a semente flutue na água (hidrocoria) e, principalmente, que se prenda ao pelo de animais que passam pela vegetação (epizoocoria). Esta versatilidade na dispersão é um dos segredos de seu sucesso em tantos biomas diferentes.

Usos e Aplicações do Capim-estrela

O Capim-estrela, em sua aparente simplicidade, é uma das plantas mais úteis e funcionalmente importantes do Brasil. Suas aplicações são a base da pecuária extensiva, da conservação do solo e da manutenção da biodiversidade dos nossos campos.

Seu uso mais importante e difundido é como planta forrageira. A Paspalum stellatum é uma excelente gramínea de pastagem nativa, com boa palatabilidade para o gado. Sua capacidade de resistir ao pastejo e ao fogo e de rebrotar com vigor a torna uma das principais fontes de alimento para rebanhos em vastas áreas do Cerrado e do Pantanal. Além do gado, é também um alimento fundamental para a fauna nativa, como veados-campeiros, capivaras e outros herbívoros.

O seu valor ecológico como “pele da terra” é imensurável. As touceiras densas e o sistema radicular fasciculado e profundo do Capim-estrela são de uma eficiência extraordinária para o controle da erosão. O plantio desta gramínea em áreas de solo exposto, taludes e margens de estradas é uma das melhores estratégias para estabilizar o solo, evitar a perda de nutrientes e o assoreamento de rios. Ela é uma das principais ferramentas para a restauração de ecossistemas campestres degradados.

O seu potencial ornamental é grande e cada vez mais reconhecido no paisagismo naturalista. A beleza de suas inflorescências prateadas e sedosas, as “orelhas de coelho”, a torna uma escolha perfeita para a composição de jardins de gramíneas, canteiros de inspiração em pradarias e para adicionar textura e movimento a um jardim. Suas inflorescências secas também são muito duráveis e podem ser utilizadas em arranjos florais.

Cultivo & Propagação do Capim-estrela

Cultivar o Capim-estrela é um dos processos mais simples e de retorno mais rápido para quem deseja estabelecer uma cobertura vegetal nativa, seja para fins de restauração, pastagem ou ornamentais. A propagação da Paspalum stellatum reflete sua natureza vigorosa e pioneira.

A propagação pode ser feita por sementes ou pela divisão de touceiras. A coleta das sementes (as espiguetas) deve ser feita quando as inflorescências estão secas e se desprendem facilmente da haste. As sementes de gramíneas do Cerrado geralmente não possuem dormência profunda e germinam com facilidade. A semeadura pode ser feita diretamente no campo, a lanço, ou em sementeiras para a produção de mudas. As sementes podem necessitar de luz para germinar, então a semeadura deve ser superficial.

A divisão de touceiras é um método de propagação vegetativa muito eficiente. As touceiras podem ser desenterradas, divididas em seções menores (garantindo que cada seção tenha raízes e partes aéreas) e replantadas diretamente no local desejado. Este método garante um estabelecimento muito rápido.

A Paspalum stellatum é uma planta que exige pleno sol. O crescimento é rápido, e a planta se estabelece com vigor, formando touceiras densas em pouco tempo. Uma vez estabelecida, é extremamente resistente à seca, ao calor e ao fogo, exigindo pouquíssima manutenção.

O plantio do Capim-estrela é ideal para a recuperação de pastagens degradadas, para o controle de erosão em grandes áreas e para a criação de prados e jardins de inspiração campestre. É uma planta fundamental, que nos reconecta com a beleza e a funcionalidade das paisagens abertas do Brasil.

Referências utilizadas para o Capim-estrela

Esta descrição detalhada da Paspalum stellatum foi construída com base em fontes científicas de alta credibilidade, incluindo a taxonomia oficial da flora brasileira e manuais de referência sobre gramíneas forrageiras e a flora do Cerrado. O objetivo foi criar um retrato completo que celebra a importância fundamental e a beleza discreta desta gramínea tão difundida e essencial. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Oliveira, R.C. de; Valls, J.F.M. Paspalum in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://florabrasil.jbrj.gov.br/FB13505>. Acesso em: 22 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos, morfológicos e de distribuição oficial).
• Valls, J.F.M. & Oliveira, R.C. de. 2009. O gênero *Paspalum* (Poaceae: Paniceae) no Brasil. In: S. Zuloaga, F.O., Morrone, O. & Belgrano, M.J. (eds.). The Catalogue of Vascular Plants of the Southern Cone. Monographs in Systematic Botany from the Missouri Botanical Garden, 107, 2898-2975. (Referência chave para o gênero no Brasil).
• Filgueiras, T.S. 1999. Gramíneas (Poaceae) da Cadeia do Espinhaço, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo, 18, 51-180. (Contextualização da família em um dos habitats da espécie).
• Klink, C.A. & Machado, R.B. 2005. A conservação do Cerrado brasileiro. Megadiversidade, 1(1), 147-155. (Contexto sobre a importância das gramíneas na ecologia e restauração do Cerrado).
• Allem, A.C. & Valls, J.F.M. 1987. Recursos forrageiros nativos do Pantanal Matogrossense. Embrapa-CENARGEN, Brasília. (Documenta a importância de espécies de *Paspalum* como forrageiras nativas).
• Flügge, J. 1810. Graminum Monographiae. Pars I. Paspalus. Reimaria, p. 115. (Publicação original onde a espécie foi descrita).

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