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Sementes de Japcanga – Smilax goyazana

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Família: Smilacaceae
Espécie: Smilax goyazana
Divisão: Angiospermas
Classe: Liliopsida
Ordem: Liliales

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Introdução & Nomenclatura da Japecanga

No vasto e ensolarado território do Cerrado brasileiro, a vida se expressa em estratégias de resistência e poder. A Japecanga, de nome científico Smilax goyazana, é uma mestra nesta arte. Apresentando-se ora como um subarbusto, ora como uma liana espinhosa e impenetrável, ela é uma presença marcante na paisagem, uma planta que exige respeito. Seus nomes populares já nos contam sua história: “Japecanga” é uma palavra de origem Tupi que designa plantas espinhosas, uma descrição direta de sua natureza defensiva. “Douradinha”, ou “Douradinha-do-campo”, por sua vez, é um nome que revela seu tesouro oculto, uma provável alusão à cor dourada de seu rizoma ou do chá medicinal que dele se extrai.

O nome científico, Smilax goyazana A.DC., nos conecta à sua linhagem global e à sua identidade local. *Smilax* é o nome grego antigo para este tipo de videira espinhosa, um gênero conhecido em todo o mundo como a fonte da **Salsaparrilha**, uma das plantas medicinais mais famosas da história, usada por séculos como um poderoso depurativo do sangue. O epíteto específico, *goyazana*, homenageia o estado de Goiás, um dos centros de sua ocorrência no coração do Cerrado, onde sua importância foi primeiramente documentada pela ciência. Pertencente à família Smilacaceae, esta planta é uma monocotiledônea, mais aparentada aos lírios do que às grandes árvores leguminosas, uma surpresa botânica para muitos.

A Japecanga é uma espécie nativa com uma ampla distribuição pelos biomas sazonais do Brasil. Ela é uma peça chave nos ecossistemas da Caatinga, do Cerrado e do Pantanal, com uma presença que se estende do Nordeste ao Sudeste e Centro-Oeste do país. É uma planta que não teme o sol, a seca ou o fogo, e que guarda em suas raízes uma das mais ricas tradições da medicina popular brasileira. Ter uma semente de Japecanga é ter em mãos a promessa de cultivar uma planta de força indomável, um refúgio para a fauna e uma fonte de bem-estar que é um verdadeiro patrimônio de nossa terra.

Aparência: Como reconhecer a Japecanga?

Reconhecer a Japecanga é identificar uma planta de uma tenacidade visível, cuja forma se adapta para subir, se espalhar e se defender. A Smilax goyazana é uma planta de hábito extremamente variável, podendo se apresentar como um subarbusto ereto, um arbusto denso ou, mais comumente, como uma liana ou trepadeira vigorosa. Seus caules são cilíndricos e armados com acúleos afiados e recurvados, que funcionam como ganchos, permitindo que a planta se agarre em outras vegetações para buscar a luz solar e, ao mesmo tempo, formando uma barreira defensiva quase impenetrável.

O verdadeiro centro de poder da planta, no entanto, está sob a terra. A Japecanga possui um rizoma robusto, longo, cilíndrico e lenhoso, que cresce horizontalmente sob a superfície do solo. É neste órgão subterrâneo, de cor geralmente amarelada ou “dourada”, que a planta armazena suas reservas de energia e seus preciosos compostos medicinais. É a partir deste rizoma que novos brotos emergem, garantindo a sobrevivência da planta mesmo após o fogo ou o corte.

As folhas da Smilax goyazana são uma bela assinatura de sua família. Elas são simples, de disposição alterna, e de textura coriácea (semelhante a couro), uma adaptação para resistir à perda de água. A lâmina foliar é de formato obovado ou elíptico, e a nervação é acródroma, com 5 a 7 nervuras principais que correm em arcos paralelos da base até o ápice, um padrão característico de muitas monocotiledôneas. A característica mais engenhosa de suas folhas é a presença de um par de gavinhas que nascem na base do pecíolo. Estas gavinhas, que são estípulas modificadas, são os verdadeiros “braços” da planta, que se enrolam em galhos e suportes, impulsionando sua escalada.

As flores são pequenas, unissexuais (a planta é dioica, com indivíduos masculinos e femininos) e de uma beleza discreta. Elas se agrupam em pequenas inflorescências umbeliformes (como um guarda-chuva) que surgem nas axilas das folhas. As seis tépalas (segmentos florais) são de cor esverdeada ou “vinosa” (avermelhada), e as flores exalam um perfume sutil para atrair seus polinizadores.

O fruto é uma baga globosa, de pequeno diâmetro (0,5 a 1,0 cm). Durante o amadurecimento, ele passa de uma cor verde-glauca para um vinoso intenso ou avermelhado quando maduro, tornando-se um atrativo para a fauna. Dentro da polpa, encontram-se de uma a três sementes esféricas e avermelhadas, prontas para serem dispersas e darem início a uma nova e espinhosa jornada de vida.

Ecologia, Habitat & Sucessão da Japecanga

A ecologia da Smilax goyazana é um manifesto sobre a arte de sobreviver e prosperar nos ambientes mais desafiadores do Brasil. Ela é uma especialista nos biomas sazonais da Caatinga, do Cerrado e do Pantanal, habitando desde os cerrados mais abertos e os campos rupestres de altitude até as matas ciliares e os capões de mata. É uma planta que precisa de luz solar e que tolera solos pobres e longos períodos de estiagem, características que a tornam uma competidora de sucesso em paisagens moldadas pelo sol e pelo fogo.

A sua relação com o fogo é a essência de sua resiliência. A Japecanga é uma pirófita clássica. Quando as queimadas, naturais ou não, varrem o Cerrado, a parte aérea da planta pode ser completamente consumida pelas chamas. No entanto, o seu rizoma, protegido pela camada de solo, permanece vivo e intacto. Com as primeiras chuvas após o fogo, este rizoma, estimulado pelo calor e pela remoção da vegetação competidora, emite novos brotos com um vigor explosivo. Esta capacidade de rebrota não apenas garante sua sobrevivência, mas faz dela uma das plantas mais persistentes e dominantes em seu habitat.

Na dinâmica de sucessão, a Japecanga é uma espécie pioneira e de longa permanência. Ela coloniza rapidamente áreas abertas e perturbadas, e suas moitas espinhosas funcionam como “ilhas de proteção”, criando um ambiente seguro onde plântulas de outras espécies podem germinar e crescer, protegidas da herbivoria. Ela é, portanto, uma “planta-enfermeira” que ajuda na regeneração do ecossistema.

As interações com a fauna são ricas e multifacetadas. A polinização de suas flores discretas é realizada por uma variedade de insetos generalistas, como moscas e pequenas abelhas, que são atraídos pelo odor. A dispersão de seus frutos é um serviço ecossistêmico vital. As bagas vermelhas são um recurso alimentar importante para diversas espécies de aves (ornitocoria) e, possivelmente, para mamíferos como o lobo-guará, que consomem os frutos e dispersam as sementes em suas fezes. Além de alimento, as densas touceiras espinhosas formadas pela Japecanga servem como refúgio e local de nidificação para pequenos pássaros e outros animais, protegendo-os de predadores.

Usos e Aplicações da Japecanga

A Japecanga é uma das plantas medicinais mais importantes e reverenciadas da farmacopeia popular brasileira. Suas aplicações, centradas no poder curativo de seus rizomas, são um legado de conhecimento que atravessa gerações e que a consagra como a nossa autêntica Salsaparrilha.

O seu uso mais nobre e difundido é o medicinal. O rizoma (“raiz”) da Smilax goyazana é famoso por ser um dos mais potentes depurativos do sangue da flora brasileira. O chá ou o extrato do rizoma é tradicionalmente utilizado para “limpar” o organismo de toxinas, sendo um remédio de primeira linha para uma vasta gama de condições. É amplamente empregado no tratamento de reumatismo, artrite e gota, devido às suas fortes propriedades anti-inflamatórias. Também é um remédio consagrado para doenças de pele, como eczema, psoríase, acne e furúnculos, atuando de dentro para fora. Historicamente, assim como a Salsaparrilha europeia, foi um dos principais remédios utilizados no tratamento da sífilis. Acredita-se que seus compostos, como as saponinas esteroidais, sejam os responsáveis por estas ações terapêuticas.

Além de seu poder depurativo, a Japecanga é utilizada como tônico, diurético e sudorífico. Seus frutos, embora não sejam consumidos por humanos, são de extrema importância para a fauna, sendo uma fonte de alimento que sustenta a biodiversidade, especialmente durante a estação seca. O valor ecológico da planta é, portanto, imenso. Sua capacidade de rebrotar após o fogo e de formar densas touceiras a torna uma excelente espécie para o controle da erosão e para a criação de abrigos para a vida selvagem em projetos de restauração de áreas degradadas no Cerrado e na Caatinga.

Embora seu uso principal seja medicinal, os brotos jovens de algumas espécies de *Smilax* são comestíveis, semelhantes a aspargos, mas esta prática é pouco documentada para a *S. goyazana*. A planta inteira, com sua folhagem ornamental e sua natureza rústica, também possui um grande potencial para o paisagismo em jardins naturalistas e de baixa manutenção, especialmente para a criação de cercas-vivas defensivas.

Cultivo & Propagação da Japecanga

Cultivar a Japecanga é um ato de preservação de um importante recurso medicinal e de valorização da flora resiliente do Cerrado. A propagação da Smilax goyazana pode ser feita tanto por sementes quanto pela divisão de seus poderosos rizomas, sendo este último o método mais rápido e comum para o cultivo medicinal.

A propagação por sementes requer a coleta dos frutos quando estão bem maduros, com a coloração vinosa. A polpa deve ser completamente removida para evitar a inibição da germinação. As sementes podem apresentar dormência e se beneficiar de um período de estratificação a frio ou de um tratamento com ácido giberélico para uniformizar a germinação. A semeadura deve ser feita em um substrato arenoso e bem drenado.

O método mais eficiente, no entanto, é a divisão de rizomas. Durante o período de dormência da planta (no final da estação seca), os rizomas podem ser desenterrados e seccionados, garantindo que cada pedaço contenha gemas de brotação. Estes segmentos de rizoma são então replantados, dando origem a novas plantas idênticas à planta-mãe. Este método garante a perpetuação das características desejadas e um desenvolvimento muito mais rápido.

A Japecanga é uma planta que exige pleno sol e um solo muito bem drenado. Ela não tolera solos encharcados, que podem causar o apodrecimento de seu rizoma. Uma vez estabelecida, é extremamente resistente à seca e requer pouquíssima manutenção. Seu crescimento pode ser apoiado em treliças, cercas ou deixado para formar moitas densas.

O cultivo da Smilax goyazana é ideal para jardins medicinais e etnobotânicos, para a criação de cercas-vivas defensivas em propriedades rurais e para projetos de restauração que visam reintroduzir a complexidade e a funcionalidade da flora do Cerrado. É uma planta que recompensa o cultivador com sua força, sua história e seu poder de cura.

Referências utilizadas para a Japecanga

Esta descrição detalhada da Smilax goyazana foi construída com base em fontes científicas de alta credibilidade, incluindo a taxonomia oficial da flora brasileira, e em uma rica tradição de conhecimento etnobotânico documentado sobre as plantas medicinais do Cerrado. O objetivo foi criar um retrato completo que celebra a dualidade desta planta, sua força espinhosa e seu poder curativo. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Fraga, F.R.M.; Andreata, R.H.P. Smilax in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB21127>. Acesso em: 21 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos, morfológicos e de distribuição oficial).
• Lorenzi, H. & Matos, F.J.A. 2008. Plantas Medicinais no Brasil: Nativas e Exóticas. 2ª ed. Instituto Plantarum, Nova Odessa, SP. (Referência chave para os usos medicinais da Japecanga/Salsaparrilha).
• Almeida, S.P. de, et al. 1998. Cerrado: espécies vegetais úteis. Embrapa-CPAC, Planaltina, DF. (Referência para os usos tradicionais de plantas do Cerrado, incluindo a *Smilax*).
• Ribeiro, J.F. & Walter, B.M.T. 2008. As principais fisionomias do bioma Cerrado. In: Sano, S.M., Almeida, S.P. & Ribeiro, J.F. (Eds.). Cerrado: ecologia e flora. Embrapa Cerrados, Planaltina, DF. pp. 151-212. (Contextualização da ecologia e das adaptações da flora do Cerrado, como as plantas com rizomas).
• Andreata, R.H.P. 1997. Revisão das espécies brasileiras do gênero *Smilax* Linnaeus (Smilacaceae). Pesquisas, Botânica, 47, 7-243. (A mais completa revisão do gênero para o Brasil, fundamental para a compreensão da espécie).
• Pio Corrêa, M. 1984. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas. 6 vols. Ministério da Agricultura/IBDF, Rio de Janeiro. (Obra clássica de referência para os usos e nomes populares de plantas brasileiras).

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