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Sementes de Bolsa de pastor – Zeyheria montana

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Família: Bignoniaceae
Espécie: Zeyheria montana
Divisão: Angiospermas
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Lamiales

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Introdução & Nomenclatura da Bolsa-de-pastor

Na vasta e criativa tapeçaria de nomes populares da flora brasileira, existem aqueles que nos contam histórias de analogias, de semelhanças que atravessam continentes. A Bolsa-de-pastor, de nome científico Zeyheria montana, é a protagonista de uma dessas histórias. Seu fruto, uma cápsula lenhosa, achatada e de formato quase triangular, é espantosamente semelhante ao fruto de uma pequena erva europeia, a *Capsella bursa-pastoris*, a “bolsa-de-pastor” original. O olhar atento do povo do Cerrado viu, em nossa imponente árvore nativa, a mesma forma da pequena bolsa que os pastores de outrora carregavam, e a batizou com o mesmo nome poético. Mas os nomes desta árvore não se limitam à sua forma. É também a Mandioquinha-do-campo, um nome que revela o tesouro escondido sob a terra: seu sistema subterrâneo espesso e rico em amido, uma “mandioca” selvagem que é uma das mais potentes e reverenciadas plantas da medicina popular do Brasil.

O nome científico, Zeyheria montana Mart., é uma homenagem a um naturalista e uma celebração de seu habitat. O gênero, *Zeyheria*, foi nomeado em honra a Karl Ernst Zeyher, um botânico e explorador alemão do século XIX que, embora tenha se notabilizado por seu trabalho na África do Sul, teve sua memória imortalizada nesta joia do Novo Mundo. O epíteto específico, *montana*, vem do latim e significa “das montanhas”, uma referência precisa ao seu habitat preferencial, os planaltos elevados e as serras do Brasil Central. Pertencente à grande e exuberante família Bignoniaceae, a mesma dos Ipês e dos Jacarandás, ela compartilha com seus parentes a beleza de suas flores em formato de trombeta e de suas sementes aladas.

A Bolsa-de-pastor é uma espécie nativa e endêmica do Brasil, um verdadeiro tesouro da nossa biodiversidade. É uma das árvores mais emblemáticas e características do bioma Cerrado, mas sua adaptabilidade a permite ocupar também as matas secas da Caatinga, as florestas estacionais da Mata Atlântica e até mesmo enclaves de savana na Amazônia. É uma árvore que personifica a alma do Brasil Central: de aparência rústica e forjada pelo fogo, mas de uma beleza floral surpreendente e de um poder de cura que é um legado da sabedoria ancestral. Ter uma semente de Bolsa-de-pastor em mãos é ter a promessa de cultivar uma das mais importantes plantas medicinais do nosso país, um símbolo da resiliência do Cerrado e um exemplo fascinante de como a natureza repete suas formas nos mais distantes cantos do mundo.

A história desta planta é uma celebração da força que se esconde. Sob a terra, seu xilopódio guarda a energia para renascer do fogo. Em sua casca e em suas raízes, seus compostos químicos guardam o poder de combater enfermidades. E em suas sementes, ela guarda o mapa para viajar com o vento. É uma planta completa, um sistema de sobrevivência e de generosidade perfeitamente adaptado a um dos ambientes mais desafiadores do planeta. Cada um de seus frutos em forma de bolsa não é apenas um invólucro para as sementes, mas uma cápsula que contém milênios de evolução e de sabedoria.

Aparência: Como reconhecer a Bolsa-de-pastor?

Reconhecer uma Bolsa-de-pastor é identificar uma árvore de uma beleza rústica e de uma arquitetura inconfundível, uma verdadeira escultura viva do Cerrado. A Zeyheria montana se apresenta como um arbusto ou árvore de porte pequeno a médio, que pode atingir de 3 a 15 metros de altura. Seu tronco é caracteristicamente tortuoso e revestido por uma casca espessa, suberosa (corticosa) e profundamente fissurada, de cor acinzentada. Esta casca é sua armadura contra o fogo, uma das mais eficientes da flora do Cerrado. A copa é ampla, arredondada e muitas vezes irregular, com galhos grossos que se espalham, refletindo uma vida de crescimento em ambientes de alta competição por luz.

A força da planta se estende para o subsolo. Ela possui um xilopódio, um órgão subterrâneo lenhoso, espesso e tuberoso, que se assemelha a uma grande raiz de mandioca. É esta estrutura, a “Mandioquinha-do-campo”, que armazena amido e água, e que é a fonte de suas mais potentes propriedades medicinais e de sua incrível capacidade de rebrota.

As folhas são grandes, de uma beleza ornamental notável. Elas são compostas e digitadas (ou palmadas), formadas por 5 a 7 grandes folíolos que partem de um mesmo ponto no topo de um longo pecíolo, dispostos como os dedos de uma mão. Os folíolos são de textura coriácea, muito rígidos, e com a superfície áspera, coberta por pelos que lhe conferem um toque aveludado. As folhas novas brotam com uma coloração acobreada, um belo espetáculo de cor.

As flores são de uma beleza exótica e de uma coloração surpreendente. Elas se agrupam em grandes inflorescências terminais, que são cachos ramificados e vistosos. Cada flor é grande, com 4 a 6 cm de comprimento, e de formato de trombeta. A corola é bicolor: a face externa do tubo e dos lobos é de um amarelo-esverdeado, enquanto a face interna, a garganta da flor, é de um marrom-avermelhado ou de um vinho-tinto intenso. Este contraste de cores, aliado ao formato da flor, cria um efeito visual de grande impacto e de uma beleza singular, muito diferente das flores de seus parentes mais famosos, os Ipês.

O fruto é a sua característica mais icônica e a origem de seu nome popular. É uma cápsula lenhosa, deiscente, que se abre na maturidade para liberar as sementes. Sua forma é inconfundível: é achatada e de contorno triangular a cordiforme (de coração), com a superfície coberta por protuberâncias verrucosas. É esta forma de pequena bolsa ou de coração que a torna a “Bolsa-de-pastor” do Cerrado.

As sementes são as mensageiras do vento. Elas são achatadas, com um corpo seminífero central do qual se expandem duas grandes asas membranosas e translúcidas, típicas da família Bignoniaceae. São sementes projetadas para o voo, prontas para serem liberadas da “bolsa” e planarem sobre a vastidão do Cerrado.

Ecologia, Habitat & Sucessão da Bolsa-de-pastor

A ecologia da Zeyheria montana é a de uma especialista na arte de viver sob o estresse, uma planta que é um dos mais perfeitos exemplos de adaptação ao bioma Cerrado. Ela é uma espécie-chave deste ecossistema, prosperando em suas fisionomias mais abertas, como o Campo Limpo, o Carrasco e o Cerrado lato sensu, com incursões pelas matas secas da Caatinga e pelas florestas estacionais da Mata Atlântica. É uma planta de pleno sol, que evoluiu para dominar os solos profundos, ácidos, bem drenados e pobres em nutrientes do Planalto Central brasileiro.

Sua relação com o fogo é o que a define como uma verdadeira fênix da flora. A Bolsa-de-pastor é uma pirófita exemplar. Sua casca suberosa e espessa protege seus ramos aéreos, mas sua principal garantia de sobrevivência é seu xilopódio. Este órgão subterrâneo, que pode atingir dimensões impressionantes, é a sua arca de vida. Após a passagem de uma queimada, que consome a vegetação ao redor, a Bolsa-de-pastor rebrota com um vigor extraordinário a partir de seu xilopódio, muitas vezes sendo estimulada a produzir uma floração e uma frutificação ainda mais intensas.

Na dinâmica de sucessão, a Bolsa-de-pastor é um membro permanente e característico da comunidade clímax da vegetação do Cerrado. Seu crescimento é lento, e sua estratégia é de longa permanência. É uma das árvores que definem a estrutura e a resiliência deste ecossistema, e sua presença é um indicador de um ambiente bem conservado.

As interações com a fauna são focadas na perpetuação da espécie. A polinização de suas flores grandes e em formato de trombeta é realizada por uma grande variedade de insetos, principalmente abelhas de médio a grande porte e mariposas, que são atraídas por sua coloração única e pela oferta de néctar. A dispersão de suas sementes é uma parceria com o vento. A estratégia da anemocoria é garantida pelas sementes aladas. Quando as cápsulas em forma de bolsa se abrem, as sementes leves e com suas grandes asas são liberadas do alto da copa. Elas são então carregadas pelas correntes de ar, planando e girando por longas distâncias sobre a paisagem aberta do Cerrado, em busca de um local favorável para germinar.

Usos e Aplicações da Bolsa-de-pastor

A Bolsa-de-pastor é uma das mais importantes e reverenciadas plantas da medicina popular do Brasil, uma verdadeira farmácia natural cuja fama se espalhou por todo o país. Suas aplicações, no entanto, se estendem à alimentação de emergência e à produção de uma madeira de boa qualidade.

Seu uso mais nobre e consagrado é o medicinal. A Mandioquinha-do-campo, como é conhecida por suas raízes, é um dos remédios mais tradicionais do Cerrado para o tratamento de tumores e de câncer, especialmente o de pele. O chá ou o extrato de seu xilopódio (a “mandioca”) é amplamente utilizado na medicina popular para este fim. Além desta aplicação, é um poderoso anti-inflamatório, sendo empregado no tratamento de úlceras, gastrites e de inflamações em geral. A ciência tem se debruçado sobre a *Zeyheria montana* e já isolou compostos, como o lapachol, que possuem comprovada atividade antitumoral e anti-inflamatória, validando o conhecimento ancestral.

O seu uso alimentício, que também lhe rendeu o nome de “Mandioquinha”, está ligado ao seu xilopódio. Esta estrutura subterrânea é rica em amido e, em tempos de escassez, era utilizada como um alimento de emergência pelos povos indígenas e sertanejos. No entanto, é crucial um alerta: o xilopódio contém compostos que podem ser tóxicos, e seu consumo só é seguro após um processamento cuidadoso (como o cozimento prolongado e a troca de água) para a eliminação destas substâncias, um conhecimento que é dominado pelas comunidades locais.

A madeira da Bolsa-de-pastor é de boa qualidade, sendo moderadamente pesada, resistente e de boa durabilidade. É utilizada na construção civil rural, na marcenaria para a confecção de móveis e como uma excelente lenha e fonte de carvão. O seu valor ecológico é imenso. Como uma das espécies mais resistentes e características do Cerrado, ela é uma peça-chave para a restauração de áreas degradadas neste bioma.

Cultivo & Propagação da Bolsa-de-pastor

Cultivar uma Bolsa-de-pastor é um ato de preservação de um dos maiores tesouros da medicina e da flora do Cerrado. A propagação da Zeyheria montana a partir de sementes é um processo que reflete a natureza de uma planta pioneira, sendo relativamente simples para quem deseja ter esta joia botânica e medicinal em seu jardim.

O ciclo começa com a coleta das sementes, que deve ser feita quando as cápsulas em forma de bolsa estão maduras, secas e começando a se abrir na árvore. As sementes aladas podem ser facilmente retiradas do interior do fruto. As sementes de Bolsa-de-pastor, como as de muitas Bignoniaceae de Cerrado, não apresentam dormência profunda e germinam com facilidade quando frescas.

A semeadura deve ser feita em um substrato que imite o solo do Cerrado: muito arenoso e com excelente drenagem. As sementes devem ser posicionadas na horizontal sobre o substrato e cobertas com uma fina camada de areia. A umidade deve ser mantida de forma controlada. A germinação geralmente ocorre em 2 a 4 semanas.

As mudas de Zeyheria montana devem ser cultivadas a pleno sol. O crescimento da árvore é lento a moderado, pois ela investe muita energia na formação de seu robusto sistema subterrâneo, o xilopódio. Uma vez estabelecida, a planta é extremamente resistente à seca e não exige cuidados intensivos.

O plantio da Bolsa-de-pastor é ideal para a restauração de áreas de Cerrado, para a formação de jardins medicinais e etnobotânicos, e para o paisagismo em projetos de xeriscaping. É uma árvore que recompensa o cultivador com sua forma escultural, suas flores exóticas e seus frutos curiosos, além da certeza de estar protegendo uma das mais importantes plantas curativas do Brasil.

Referências utilizadas para a Bolsa-de-pastor

Esta descrição detalhada da Zeyheria montana foi construída com base em fontes científicas de alta credibilidade e na vasta documentação etnobotânica sobre a flora medicinal do Cerrado. O objetivo foi criar um retrato completo que celebra a resiliência, a beleza singular e o profundo poder curativo desta árvore tão especial. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Lohmann, L.G. Zeyheria in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://florabrasil.jbrj.gov.br/FB114466>. Acesso em: 26 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos, morfológicos e de distribuição oficial).
• Gentry, A.H. 1992. Bignoniaceae: Part II (Tribe Tecomeae). Flora Neotropica Monograph, 21(II), 1-370. (A mais importante monografia sobre o grupo, fundamental para a compreensão do gênero *Zeyheria*).
• Lorenzi, H. & Matos, F.J.A. 2008. Plantas Medicinais no Brasil: Nativas e Exóticas. 2ª ed. Instituto Plantarum, Nova Odessa, SP. (Referência chave para os usos medicinais da Bolsa-de-pastor).
• Almeida, S.P. de, et al. 1998. Cerrado: espécies vegetais úteis. Embrapa-CPAC, Planaltina, DF. (Referência para os usos tradicionais de plantas do Cerrado, incluindo a Mandioquinha-do-campo).
• Ribeiro, J.F. & Walter, B.M.T. 2008. As principais fisionomias do bioma Cerrado. In: Sano, S.M., Almeida, S.P. & Ribeiro, J.F. (Eds.). Cerrado: ecologia e flora. Embrapa Cerrados, Planaltina, DF. pp. 151-212. (Contextualização da ecologia do Cerrado e das plantas xilopodíferas).
• Martius, C.F.P. von. 1826. Nova Genera et Species Plantarum, vol. 2, p. 66. (Publicação original onde a espécie e o gênero foram descritos pela primeira vez).

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