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Sementes de Arueira – Astronium urundeuva

Vendido por: Emergente Florestal
Disponibilidade:

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Família: Anacardiaceae
Espécie: Astronium urundeuva (Allemão) Engl.
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)
Classe: Magnoliopsida (Dicotyledoneae)
Ordem: Sapindales

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Introdução & Nomenclatura da Aroeira

No panteão das grandes árvores brasileiras, poucas ostentam uma reputação tão sólida e um nome tão reverenciado quanto a Aroeira, cientificamente conhecida como Astronium urundeuva. Este nome, “Aroeira”, é quase um título de nobreza, sinônimo de madeira incorruptível, de força e de longevidade. No entanto, a riqueza de seus nomes populares revela a profundidade de sua presença na cultura e na paisagem brasileira. Ela é a Aroeira-do-sertão, a Aroeira-preta, a Aroeira-legítima, a Aroeira-verdadeira, nomes que buscam distingui-la de outras espécies que compartilham seu nome, mas não sua majestade. Em outras regiões, é chamada de Urundeúva ou Arendeúva, nomes de origem Tupi que também se tornaram sinônimos de sua identidade. Conhecer a Aroeira é, portanto, mais do que aprender sobre uma árvore; é se conectar com um símbolo de resistência, uma fonte de recursos de valor inestimável e um pilar dos ecossistemas mais secos do nosso país.

A nomenclatura científica, Astronium urundeuva (Allemão) Engl., nos guia por sua identidade botânica. O gênero Astronium agrupa árvores da família Anacardiaceae, a mesma da manga e do caju, conhecidas por suas madeiras de alta qualidade. O epíteto específico, urundeuva, deriva do nome indígena e foi consagrado na ciência. A história taxonômica da Aroeira é um exemplo interessante da dinâmica da botânica. Por muito tempo, ela foi classificada em um gênero próprio, sendo amplamente conhecida na literatura como Myracrodruon urundeuva Allemão. Estudos mais recentes, no entanto, reclassificaram a espécie dentro do gênero *Astronium*, que é o nome aceito atualmente. Saber que *Astronium urundeuva* é o nome correto é fundamental para acessar as informações mais atualizadas sobre esta espécie, que é tão importante e, infelizmente, tão ameaçada pela exploração predatória. Estudar a Aroeira é um ato de urgência e de valorização. É reconhecer que sua madeira, famosa por durar séculos em mourões e esteios, precisa da nossa ajuda para continuar existindo em pé, viva, cumprindo seu papel vital nas florestas e cerrados do Brasil.

Aparência: Como reconhecer a Aroeira

A identificação da Aroeira na paisagem é uma lição sobre a nobreza e a força que uma árvore pode expressar. A Astronium urundeuva é uma árvore de porte médio a grande, que pode atingir de 15 a 30 metros de altura, com uma presença que impõe respeito. Seu porte varia muito com o ambiente: em áreas de Caatinga e Cerrado mais abertos, tende a ser menor e mais tortuosa, enquanto em matas mais fechadas, seu tronco se torna mais reto e seu fuste mais longo. O tronco é robusto, podendo atingir de 80 a 100 cm de diâmetro, revestido por uma casca espessa, de cor cinza-escuro a castanho, que se desprende em placas escamosas, revelando uma casca interna de cor avermelhada. A copa da Aroeira é ampla, mas geralmente não muito densa, com ramos que podem ser pendentes, conferindo à árvore uma elegância singular.

A folhagem da Aroeira é outro de seus traços distintivos. As folhas são compostas, imparipinadas, o que significa que são formadas por vários folíolos dispostos ao longo de um eixo central, com um folíolo terminal na ponta. Cada folha pode ter de 5 a 15 folíolos de formato oval a elíptico, com as margens levemente serrilhadas. As nervuras são proeminentes e, muitas vezes, avermelhadas, um detalhe que adiciona beleza à folhagem. Durante a estação seca, a Aroeira é uma árvore decídua, ou seja, ela perde suas folhas, uma estratégia para economizar água. A floração ocorre geralmente de maio a julho, quando a árvore está despida de folhas, o que torna o espetáculo ainda mais notável. As flores são pequenas, de cor creme a arroxeadas, e se agrupam em grandes inflorescências (panículas) que surgem nas pontas dos ramos. Embora as flores individuais sejam pequenas, o conjunto da floração é vistoso e, o mais importante, uma fonte crucial de alimento para as abelhas em um período de escassez. Após a polinização, formam-se os frutos, que são pequenas drupas globosas, de cor castanha quando maduras. O que torna o fruto da Aroeira único é que ele permanece envolto pelo cálice da flor, que se desenvolve e se torna persistente, formando uma estrutura semelhante a um pequeno sino que auxilia na sua dispersão pelo vento. A imagem de uma Aroeira em flor, com seus cachos de flores delicadas cobrindo os galhos nus, é um símbolo da resiliência e da beleza que persistem mesmo na estação mais seca.

Ecologia, Habitat & Sucessão da Aroeira

A ecologia da Astronium urundeuva é a de uma espécie de grande plasticidade e de ampla importância, uma verdadeira generalista que consegue prosperar em uma variedade de ambientes, sempre como um elemento de destaque. A Aroeira é uma árvore nativa do Brasil e de países vizinhos, com uma distribuição geográfica impressionante. Ela é um componente fundamental de múltiplos biomas, incluindo a Mata Atlântica (em suas formações de floresta estacional semidecidual), o Cerrado, a Caatinga e o Pantanal. Esta capacidade de habitar desde matas secas até cerradões e carrascos demonstra sua incrível adaptabilidade a diferentes tipos de solo e regimes de chuva. Ela prefere solos bem drenados e férteis, onde atinge seu maior porte, mas é capaz de sobreviver e se desenvolver em solos mais pobres e pedregosos. É uma espécie que necessita de uma boa quantidade de luz para se desenvolver, o que define seu papel na dinâmica da floresta.

No que tange à sucessão ecológica, a Aroeira é classificada como uma espécie secundária tardia a clímax. Ela não é uma pioneira que coloniza áreas abertas, mas sim uma espécie que se estabelece em estágios mais avançados da regeneração, quando o ambiente já oferece uma certa estabilidade e proteção. Sua presença em uma área é um indicador de um ecossistema mais maduro e bem conservado. Seu crescimento é considerado lento a moderado, pois a espécie investe na produção de uma madeira extremamente densa e resistente, uma estratégia de longo prazo. As interações ecológicas da Aroeira são vitais para a saúde do ecossistema. Sua floração, que ocorre na estação seca, é um evento de extrema importância para a apicultura e para a manutenção de polinizadores. Em um período de escassez de recursos florais, a Aroeira se torna uma das principais fontes de néctar e pólen para as abelhas, tanto a *Apis mellifera* quanto as espécies nativas. A dispersão de seus frutos é feita principalmente pelo vento (anemocoria). O cálice persistente e acrescente, que envolve o fruto, funciona como uma pequena asa, que ajuda o diásporo a ser carregado pelo vento e a colonizar novas áreas. A Aroeira é, portanto, uma espécie-chave, que não apenas estrutura o ambiente com sua presença imponente, mas também sustenta a fauna e contribui para a resiliência do ecossistema como um todo.

Usos e Aplicações da Aroeira

A Astronium urundeuva é uma das árvores mais valiosas do Brasil, um verdadeiro tesouro de múltiplos usos, cuja importância econômica, medicinal e cultural é imensa. O uso mais célebre e, infelizmente, a causa de sua grande exploração, é o de sua madeira. A madeira da Aroeira é lendária. É classificada como extremamente pesada, dura, de altíssima resistência mecânica e, o mais importante, de uma durabilidade natural quase incomparável. É praticamente imune ao ataque de fungos, cupins e outros organismos xilófagos, o que a torna a madeira de eleição para obras externas e para situações que exigem uma longevidade excepcional. É a madeira por excelência para a fabricação de mourões de cerca, esteios, postes, dormentes de ferrovias e cruzetas. Na construção civil, é usada em vigas, caibros, assoalhos e em qualquer estrutura que precise suportar grandes cargas e resistir ao tempo. Sua beleza, com um cerne de cor castanho-avermelhado e veios escuros, também a torna apreciada na marcenaria de luxo, para a fabricação de móveis finos e peças torneadas.

Além de sua madeira incomparável, a Aroeira é uma verdadeira farmácia natural. Na medicina popular, sua casca é uma das plantas mais utilizadas e respeitadas do Brasil. Rica em taninos e outros compostos bioativos, a casca da Aroeira é famosa por suas propriedades adstringentes, anti-inflamatórias e cicatrizantes. O chá ou o decocto de sua casca é amplamente utilizado para o tratamento de uma infinidade de problemas, como inflamações ginecológicas, problemas de garganta, gastrites, úlceras e feridas na pele. Sua eficácia é tão reconhecida que extratos de Aroeira já são utilizados na fabricação de sabonetes íntimos e outros produtos farmacêuticos. A casca também é rica em taninos, sendo utilizada tradicionalmente no curtimento de couros. Na apicultura, como já mencionado, a Aroeira é uma planta melífera de primeira importância, garantindo a produção de mel durante a estação seca. Na restauração ecológica, por ser uma espécie de estágios mais avançados da sucessão, seu plantio é recomendado para o enriquecimento de áreas em recuperação. É importante ressaltar que, devido à exploração intensa, a Aroeira está na lista de espécies ameaçadas de extinção. Seu plantio é um ato de conservação urgente e necessário para garantir que as futuras gerações possam conhecer e se beneficiar desta que é, sem dúvida, uma das mais nobres e úteis árvores do nosso país.

Cultivo & Propagação da Aroeira

O cultivo da Aroeira é um investimento de longo prazo na produção de uma das madeiras mais nobres do mundo e na conservação de uma espécie de valor inestimável. A propagação da Astronium urundeuva é feita principalmente por sementes, e o processo, embora não seja excessivamente complexo, requer atenção a alguns detalhes para garantir uma boa taxa de germinação. O primeiro passo é a coleta dos frutos (diásporos), que deve ser realizada quando eles estão maduros, diretamente na árvore, assim que se inicia a queda espontânea. Os frutos da Aroeira não necessitam de despolpamento, pois o que se planta é o fruto seco inteiro, com o cálice persistente.

As sementes de Aroeira não apresentam uma dormência tegumentar profunda, mas um tratamento pré-germinativo pode ajudar a uniformizar e a acelerar a germinação. O método mais simples e recomendado é a imersão dos frutos em água à temperatura ambiente por um período de 24 horas. Este procedimento ajuda a hidratar a semente e a lixiviar possíveis inibidores químicos presentes no fruto. A semeadura deve ser feita em recipientes individuais, como saquinhos plásticos ou tubetes, utilizando um substrato leve e bem drenado, como uma mistura de terra, areia e matéria orgânica. Os frutos devem ser enterrados a uma profundidade de 1 a 2 cm. Os recipientes devem ser mantidos em um local com boa luminosidade (meia-sombra a sol pleno) e com regas regulares. A germinação geralmente ocorre entre 15 e 40 dias após a semeadura. O desenvolvimento das mudas é considerado lento a moderado, uma característica de árvores de madeira densa. As mudas devem permanecer no viveiro até atingirem um porte de 30 a 50 cm, o que pode levar de 6 a 10 meses, antes de serem levadas para o local definitivo. O plantio no campo deve ser realizado no início da estação chuvosa. A Aroeira é uma árvore rústica e que se adapta a diferentes tipos de solo, mas seu desenvolvimento é favorecido em solos mais férteis e profundos. É importante notar que a Aroeira pode causar reações alérgicas em pessoas sensíveis, um cuidado a se ter no manejo da planta. Cultivar uma Aroeira é um ato de visão, um legado de força e de valor que se deixa para as futuras gerações.

Referências

A construção deste perfil detalhado sobre a Aroeira (Astronium urundeuva) foi fundamentada em uma ampla gama de fontes científicas, agronômicas e etnobotânicas, que refletem a imensa importância e o vasto conhecimento acumulado sobre esta espécie. Para garantir a precisão e a riqueza das informações, foram consultadas as seguintes referências-chave:

• Lorenzi, H. (2002). Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 1. 4ª ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum.
• Carvalho, P. E. R. (2003). Espécies Arbóreas Brasileiras, Vol. 1. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica; Colombo, PR: Embrapa Florestas.
Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/. Acesso contínuo para a verificação da nomenclatura oficial (Astronium urundeuva), sinônimos (Myracrodruon urundeuva) e distribuição geográfica da espécie.
• Publicações e documentos técnicos da Embrapa sobre as propriedades e o cultivo da Aroeira, disponíveis em seu repositório de publicações.
• Artigos científicos e teses sobre a fenologia, germinação, propriedades medicinais e a conservação da Aroeira, disponíveis em bases de dados como SciELO e Google Scholar, pesquisando por termos como “*Astronium urundeuva* madeira”, “*Myracrodruon urundeuva* medicinal” e “conservação da Aroeira”.
• Listas oficiais de espécies ameaçadas de extinção, como a do IBAMA e da IUCN, que classificam o status de conservação da Aroeira.

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