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Sementes de Orelha de macaco – Enterolobium schomburgkii

Vendido por: Emergente Florestal
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Família: Fabaceae (Leguminosae)
Espécie: Robrichia glaziovii (Benth.) A.R.M.Luz & E.R.Souza
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)
Classe: Magnoliopsida (Dicotyledoneae)
Ordem: Fabales

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Introdução & Nomenclatura da Orelha-de-macaco

Nas florestas do Sudeste brasileiro, o nome Orelha-de-macaco ecoa, designando um grupo de grandes árvores da família das leguminosas, famosas por seus frutos em formato de orelha. No entanto, é preciso apurar o olhar, pois sob este mesmo nome popular residem diferentes espécies, cada uma com sua identidade única. Hoje, nossa jornada nos leva a conhecer uma das mais belas e importantes delas, a Robrichia glaziovii, uma árvore majestosa, endêmica da nossa Mata Atlântica. Embora o nome popular remeta ao fruto, sua verdadeira assinatura é a delicadeza de sua folhagem, que se assemelha a uma pluma de samambaia gigante. Em algumas regiões, ela também é conhecida como Angico-pedra, um nome que talvez se refira à dureza de sua madeira ou ao ambiente rochoso onde por vezes é encontrada. É fundamental esclarecer que, embora por muito tempo tenha sido classificada no gênero *Enterolobium*, estudos recentes, baseados em análises genéticas e morfológicas, revelaram que ela pertence a um grupo distinto, agora reconhecido como o gênero *Robrichia*.

A nomenclatura científica, Robrichia glaziovii (Benth.) A.R.M.Luz & E.R.Souza, conta a história de sua jornada pela ciência. O gênero Robrichia é uma homenagem que combina os nomes de dois grandes botânicos, Rupert Barneby e James Grimes, com o de Luciano de Queiroz, especialista em leguminosas. O epíteto específico, glaziovii, é um tributo ao botânico e paisagista francês Auguste François Marie Glaziou, que teve um papel fundamental no estudo e na documentação da flora do Rio de Janeiro no século XIX. A história taxonômica da espécie é fascinante. Ela foi originalmente descrita por George Bentham como uma variedade de outra espécie, *Enterolobium schomburgkii var. glaziovii*, e mais tarde elevada à categoria de espécie como *Enterolobium glaziovii*. A recente reclassificação para o gênero *Robrichia* é um exemplo de como a ciência está em constante evolução, sempre buscando refletir com mais precisão a árvore da vida. Conhecer a *Robrichia glaziovii* é, portanto, valorizar um tesouro exclusivo do nosso país, uma árvore que, com sua copa rendada e seu porte imponente, é um pilar da biodiversidade da Mata Atlântica, um ecossistema que depende de cada uma de suas espécies para se manter vivo e resiliente.

Aparência: Como reconhecer a Orelha-de-macaco

A identificação da Robrichia glaziovii na floresta é uma experiência que nos ensina sobre a harmonia entre a grandiosidade e a delicadeza. Esta Orelha-de-macaco é uma árvore de grande porte, um verdadeiro gigante da Mata Atlântica, que pode atingir de 15 a 28 metros de altura, com uma presença imponente no dossel da floresta. Seu tronco é geralmente reto e alto, com uma casca de cor acinzentada e de textura rugosa. A copa é ampla, aberta e muito ornamental, mas seu maior encanto reside na textura de sua folhagem.

As folhas da *Robrichia glaziovii* são um espetáculo de complexidade e leveza. Elas são compostas bipinadas, uma estrutura que se assemelha a uma pena ou a uma folha de samambaia. Cada grande folha é composta por 11 a 30 pares de pinas (eixos secundários) e, o que é mais impressionante, cada pina é composta por 40 a 80 pares de folíolos minúsculos. Estes pequenos folíolos, com apenas alguns milímetros de comprimento, conferem à copa da árvore uma aparência de renda, de uma filigrana verde que filtra a luz do sol de uma maneira única e delicada. Esta folhagem plumosa é, talvez, a sua característica mais distintiva e bela. A floração ocorre geralmente entre a primavera e o verão. As flores são pequenas, de cor branca a creme, e se agrupam em inflorescências globosas, como pompons, que surgem nas axilas das folhas. Embora não sejam individualmente grandes, a floração é abundante e perfumada, atraindo uma grande variedade de insetos polinizadores. Após a polinização, formam-se os frutos que dão à árvore seu nome popular. O fruto é um legume lenhoso, indeiscente, em forma de rim ou de orelha, de cor escura quando maduro. Uma característica importante para distinguir a *Robrichia glaziovii* de outras “Orelhas-de-macaco” do gênero *Enterolobium* é a superfície de seu fruto, que é notavelmente rugosa (enrugada), enquanto nas outras é geralmente lisa. Dentro da “orelha”, encontram-se as sementes, que são ovadas, de cor castanha e com uma linha característica em sua superfície (o pleurograma). A imagem de uma árvore gigante com uma copa que parece uma nuvem de renda, salpicada de pompons brancos e adornada com curiosas orelhas escuras, é um retrato da beleza complexa e singular desta rainha da Mata Atlântica.

Ecologia, Habitat & Sucessão da Orelha-de-macaco

A ecologia da Robrichia glaziovii é a de uma espécie nobre, um componente estrutural das florestas maduras e bem conservadas do litoral brasileiro. Esta Orelha-de-macaco é uma espécie nativa e endêmica do Brasil, o que significa que sua ocorrência natural está restrita ao nosso território, conferindo-lhe um valor de conservação ainda maior. Seu habitat exclusivo é o bioma da Mata Atlântica, mais especificamente nas formações de Floresta Ombrófila Densa (a floresta pluvial atlântica), que são as matas úmidas encontradas nas encostas das serras litorâneas. Ela é encontrada nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. É uma árvore que prospera em solos profundos, férteis e bem drenados, típicos das encostas e vales da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira.

Do ponto de vista da sucessão ecológica, a *Robrichia glaziovii* é classificada como uma espécie secundária tardia a clímax. Ela não é uma pioneira que coloniza áreas abertas e degradadas, mas sim uma árvore que se estabelece em estágios avançados da regeneração, em sub-bosques de florestas já estabelecidas, onde há um microclima estável. Seu crescimento é lento a moderado, pois ela investe na produção de uma madeira de boa qualidade e em uma estrutura robusta para competir por um lugar no dossel superior da floresta. Sua presença em uma área é um forte indicador de uma floresta com alto grau de conservação e de maturidade ecológica. Como membro da família das leguminosas (Fabaceae), ela desempenha um papel ecológico crucial na fixação de nitrogênio, enriquecendo o solo e beneficiando todo o ecossistema ao seu redor. Suas flores, agrupadas em inflorescências globosas, são uma importante fonte de recursos para insetos polinizadores, como abelhas e vespas. A dispersão de seus frutos lenhosos é um processo interessante. Por serem pesados, eles caem sob a copa da árvore-mãe. Acredita-se que a dispersão a maiores distâncias seja feita pela água (hidrocoria), quando os frutos são carregados por rios e córregos da floresta, e também por grandes roedores, como pacas e cotias, que têm a capacidade de roer a vagem dura para acessar as sementes e que, ao transportá-los, podem esquecer alguns pelo caminho, promovendo a germinação em um novo local.

Usos e Aplicações da Orelha-de-macaco

A Robrichia glaziovii é uma árvore de imenso valor, cujas aplicações se concentram em seu potencial para a restauração de ecossistemas, em sua beleza ornamental e na qualidade de sua madeira. O uso mais nobre e urgente desta Orelha-de-macaco é na restauração da Mata Atlântica. Por ser uma espécie de clímax, nativa e endêmica deste que é um dos biomas mais ameaçados do mundo, seu plantio em projetos de restauração e enriquecimento florestal é de uma importância estratégica. Ela ajuda a recompor a estrutura e a diversidade das florestas maduras, garantindo a perenidade do ecossistema a longo prazo. Seu papel como fixadora de nitrogênio também contribui para a recuperação da fertilidade dos solos degradados. O plantio da *Robrichia glaziovii* é um gesto de compromisso com o futuro da Mata Atlântica.

No paisagismo, esta árvore é uma escolha espetacular para grandes espaços. Seu porte majestoso, sua copa ampla e, principalmente, sua folhagem extremamente delicada e de textura rendada, a tornam uma árvore ornamental de grande efeito cênico. É ideal para a arborização de parques, grandes jardins, sítios e fazendas, onde pode ser plantada como um espécime isolado, para que sua forma possa ser apreciada em sua totalidade, ou em grupos, formando bosques de sombra leve e agradável. A madeira da *Robrichia glaziovii*, assim como a de outras “Orelhas-de-macaco”, é de boa qualidade. É moderadamente pesada e de boa trabalhabilidade, sendo utilizada na construção civil para estruturas internas e na marcenaria para a confecção de móveis e objetos decorativos. No entanto, devido à sua importância ecológica e ao seu status de endemismo, seu uso madeireiro deve ser sempre secundário ao seu papel na conservação. Seus frutos, as “orelhas” rugosas, também possuem potencial para o uso em artesanato, na criação de peças decorativas rústicas e originais. A decisão de cultivar a *Robrichia glaziovii* é uma escolha pela sofisticação e pela responsabilidade. É optar por uma beleza que é ao mesmo tempo grandiosa em sua escala e delicada em seus detalhes, e é, acima de tudo, um ato de amor e de cuidado para com a nossa Mata Atlântica.

Cultivo & Propagação da Orelha-de-macaco

O cultivo da Robrichia glaziovii é uma jornada de paciência e técnica, um convite para propagar um dos gigantes mais elegantes da Mata Atlântica. A sua multiplicação é feita principalmente por sementes, que estão contidas dentro de seus frutos lenhosos em formato de orelha. O processo requer atenção à quebra de dormência, uma etapa crucial para o sucesso da germinação. O primeiro passo é a coleta dos frutos, que deve ser feita quando eles estão maduros e caem da árvore, geralmente no final da estação seca. É preciso extrair as sementes de dentro da vagem dura, o que pode exigir o uso de ferramentas para quebrar o fruto.

As sementes da Orelha-de-macaco possuem um tegumento (casca) muito duro e impermeável, o que lhes confere uma forte dormência física. Na natureza, esta barreira é rompida lentamente pela ação de microrganismos no solo ou pela passagem pelo trato digestivo de animais. Em viveiro, é necessário realizar a escarificação mecânica para acelerar o processo. Com uma lixa, um esmeril ou uma pequena lima, deve-se desgastar cuidadosamente a casca da semente, no lado oposto ao do hilo (a “cicatriz” da semente), até que se perceba uma pequena alteração de cor, indicando que a parte interna foi exposta. Este procedimento deve ser feito com muito cuidado para não danificar o embrião. Após a escarificação, as sementes devem ser imersas em água à temperatura ambiente por um período de 12 a 24 horas para que se hidratem. A semeadura deve ser feita em recipientes individuais, como saquinhos ou tubetões, utilizando um substrato rico em matéria orgânica e de boa drenagem. As sementes devem ser cobertas com uma camada de 1 a 2 cm de substrato. Os recipientes devem ser mantidos em um local com sombra parcial (cerca de 50% de sombreamento), imitando as condições do sub-bosque onde as plântulas se desenvolvem. A germinação das sementes tratadas geralmente ocorre entre 20 e 60 dias. O desenvolvimento das mudas é lento a moderado, como é típico de espécies de clímax. Elas devem permanecer no viveiro por 8 a 12 meses, até atingirem de 40 a 60 cm de altura, quando estarão prontas para o plantio no local definitivo. O plantio no campo deve ser realizado no início da estação chuvosa, em áreas que já possuam alguma proteção ou em plantios de enriquecimento. Cultivar uma *Robrichia glaziovii* é um legado, um presente de longo prazo para a paisagem e para a biodiversidade da Mata Atlântica.

Referências

A construção deste perfil detalhado sobre a Orelha-de-macaco (Robrichia glaziovii) foi fundamentada principalmente nas informações técnicas fornecidas pela plataforma Flora e Funga do Brasil, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e nas publicações científicas que estabeleceram sua recente reclassificação taxonômica.

Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB624626>. Acesso em: 13 jul. 2025.
• Souza, É.R., de Luz, A.R.M., Lewis, G.P., & de L. P. de Queiroz. (2022). Molecular and Morphological Analyses Support the Separation of *Robrichia* as a Genus Distinct from *Enterolobium* (Leguminosae: Caesalpinioideae: Mimosoid Clade). *Systematic Botany*, 47(1), 268-277. (Nota: Artigo fundamental para a reclassificação do gênero).
• Lorenzi, H. (2002). Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 2. 2ª ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum. (Nota: Pode conter informações sobre o gênero *Enterolobium*, que é correlato).
• Artigos científicos e teses sobre a flora da Mata Atlântica e a família Fabaceae, disponíveis em bases de dados como SciELO e Google Scholar, pesquisando por termos como “*Robrichia glaziovii*”, “*Enterolobium glaziovii*”, “restauração Mata Atlântica” e “germinação de leguminosas”.
• Manuais de identificação de espécies da Mata Atlântica, que descrevem as características e a ecologia das árvores do bioma.

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