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Sementes de Caferana – Toulicia guianensis

Vendido por: Emergente Florestal
Disponibilidade:

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Família: Sapindaceae
Espécie: Toulicia guianensis Aubl.
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)
Classe: Magnoliopsida (Dicotyledoneae)
Ordem: Sapindales

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Introdução & Nomenclatura da Caferana

Nas vastas e diversas florestas do Brasil, encontramos árvores que são um universo em si mesmas, com uma riqueza de detalhes que desafia e encanta. A Caferana, cientificamente conhecida como Toulicia guianensis, é uma dessas espécies de uma complexidade e beleza admiráveis. Seu nome popular principal, Caferana, é um termo que em algumas regiões do Brasil é utilizado para designar árvores cuja madeira ou casca possuem propriedades tônicas ou febrífugas, muitas vezes com um sabor amargo. No entanto, a identidade desta árvore se desdobra em uma miríade de outros nomes que refletem sua aparência e sua ecologia. É chamada de Pitomba-da-mata, uma alusão ao seu fruto que, para alguns, lembra uma pitomba selvagem; de Catinga-de-mulata ou Mucurucá, nomes que evocam aromas fortes e característicos; e de muitos outros nomes regionais que atestam sua ampla distribuição e sua importância para as comunidades locais. Conhecer a Caferana é, portanto, uma jornada pela riqueza da etnobotânica brasileira, um mergulho em uma árvore que é um verdadeiro pilar da biodiversidade em múltiplos ecossistemas.

A nomenclatura científica, Toulicia guianensis Aubl., nos posiciona dentro da importante família Sapindaceae, a mesma do guaraná, da lichia e do sabão-de-soldado. O gênero Toulicia foi nomeado em homenagem a um naturalista ou patrono das ciências, e o epíteto específico, guianensis, refere-se à sua ocorrência proeminente na região das Guianas, um dos centros de sua diversidade. A espécie foi descrita pelo botânico francês Jean Baptiste Christophore Fusée-Aublet, um dos primeiros a explorar e a documentar a flora desta região da América do Sul. Estudar a Caferana é valorizar uma das árvores mais adaptáveis e de mais vasta distribuição do nosso país, uma espécie que nos ensina sobre a resiliência e sobre a beleza que se encontra não apenas no óbvio, mas na observação atenta dos detalhes mais sutis de sua forma e de sua vida. Cada semente sua é uma promessa de uma nova árvore, um novo elo na complexa teia de vida de nossas florestas.

Aparência: Como reconhecer a Caferana

A identificação da Caferana é uma verdadeira aula de botânica, um deleite para os que apreciam os detalhes e a complexidade da forma. A Toulicia guianensis se apresenta como uma árvore de grande porte, que pode atingir de 12 a 30 metros de altura, com uma presença imponente na floresta. O tronco é reto e cilíndrico, com um ritidoma (casca) que pode ser liso ou estriado, de cor acinzentada a castanha. Os ramos podem ser fistulosos, ou seja, ocos por dentro, uma característica curiosa da espécie.

A folhagem da Caferana é o seu atributo mais distintivo e de uma beleza singular. As folhas são compostas paripenadas, formadas por 4 a 11 pares de folíolos. A característica mais marcante é a sua raque foliar, o eixo central da folha, que é lateralmente achatada, conferindo à folha uma estrutura única e elegante. Os folíolos são assimétricos, de textura cartácea (semelhante a papel) e se inserem na raque de forma suboposta a alterna. A floração é um espetáculo de complexidade. A árvore produz grandes inflorescências (pleiotirsos) de até 80 cm de comprimento, que surgem no topo da copa ou nas axilas das folhas. Estas inflorescências são compostas por milhares de flores pequenas e de uma estrutura fascinante. Cada flor possui quatro pétalas lanceoladas, de cor creme ou amarelada. O detalhe mais extraordinário e que exige um olhar atento é o apêndice de cada pétala: é uma estrutura bífida (dividida em duas) com lobos finos como fios (filiformes), que são mais longos que a própria pétala. Estes apêndices conferem à flor uma aparência delicada e etérea, como se cada uma fosse adornada por uma pequena e complexa joia. Após a polinização, formam-se os frutos, que são do tipo esquizocarpo, que se separam em unidades de dispersão chamadas samaras. Cada samara, de formato obovoide a oblongo, possui uma asa que a auxilia a girar e a planar quando cai da árvore, garantindo sua dispersão pelo vento. A aparência da Caferana é um convite à observação, um lembrete de que a beleza da natureza muitas vezes se revela nos detalhes mais intrincados e engenhosos.

Ecologia, Habitat & Sucessão da Caferana

A ecologia da Toulicia guianensis é a de uma generalista de sucesso, uma espécie de uma plasticidade ecológica tão notável que a permite habitar uma gama impressionante de ecossistemas florestais no Brasil. A Caferana é uma árvore nativa que demonstra uma capacidade de adaptação extraordinária. Sua ocorrência está confirmada nos biomas Amazônia e Caatinga, e em áreas de transição. Dentro destes biomas, ela habita os mais variados tipos de vegetação: na Amazônia, é encontrada na Floresta de Terra Firme, na Floresta de Igapó (inundada por água preta) e em Florestas Ciliares; na Caatinga e no Maranhão, é encontrada na Mata de Cocais. Esta habilidade de prosperar tanto em solos bem drenados de terra firme quanto em solos permanentemente encharcados de igapó e em ambientes mais secos de matas de cocais é um testemunho de sua incrível resiliência fisiológica.

No que tange à sucessão ecológica, a Caferana é classificada como uma espécie de estágios tardios, uma secundária tardia a clímax. Sua estratégia de vida é a da longevidade e da persistência. Ela não é uma pioneira de crescimento rápido, mas sim uma árvore que se estabelece em ambientes de floresta já formados, sendo capaz de crescer sob a sombra e de competir por um lugar no dossel superior. Sua presença em uma área indica um ecossistema mais maduro e estruturado. As interações da Caferana com a fauna são fundamentais para o seu ciclo de vida. Suas flores complexas, com um disco de néctar, são polinizadas por uma variedade de insetos, como abelhas e vespas, que são atraídos por seus recursos. A dispersão de seus frutos, as sâmaras, é feita primariamente pelo vento (anemocoria). A asa do fruto permite que ele seja carregado pela brisa, especialmente por ser uma árvore de dossel, o que facilita o alcance de novas clareiras e áreas em regeneração. No entanto, a menção ao nome popular “Pitomba-da-mata” sugere que seus frutos ou sementes podem, em alguma fase, ser consumidos pela fauna, o que indicaria também um papel para a zoocoria (dispersão por animais) em seu ciclo de vida. A Caferana é, portanto, um elemento de grande importância para a estrutura e a dinâmica de múltiplas paisagens brasileiras, uma árvore que conecta ecossistemas e sustenta a biodiversidade com sua presença robusta.

Usos e Aplicações da Caferana

A Toulicia guianensis é uma árvore de múltiplos potenciais, cujos usos vão da construção e da medicina popular à restauração de ecossistemas complexos. A Caferana é uma espécie cuja madeira é de boa qualidade. É classificada como moderadamente pesada, de boa resistência e trabalhabilidade, sendo utilizada na construção civil local para estruturas internas, como vigas e caibros, e também para a marcenaria, na confecção de móveis e outros artefatos. Por sua resistência, também pode ser utilizada para a produção de carvão e lenha.

Na medicina popular, a Caferana é uma planta respeitada. O nome “caferana” é frequentemente associado a plantas com propriedades febrífugas e tônicas, usadas para combater febres e fraquezas. A casca e as folhas da *Toulicia guianensis* são utilizadas em infusões e decoctos com estas finalidades. A família Sapindaceae, à qual pertence, é conhecida por ser rica em saponinas e outros compostos bioativos, o que sugere um grande potencial para pesquisas fitoquímicas que possam validar cientificamente seus usos tradicionais. O nome popular “Pitomba-da-mata” indica um potencial uso alimentar. É provável que o arilo que envolve a semente seja comestível e adocicado, assim como ocorre com outras espécies da família Sapindaceae. Este é um campo que merece mais estudos para avaliar o potencial do fruto para a alimentação humana e para a fauna. Na restauração ecológica, a Caferana é uma espécie de grande valor. Sua incrível capacidade de se adaptar a diferentes ambientes, desde florestas inundadas até matas mais secas, a torna uma escolha versátil para projetos de recuperação em diversos biomas. Por ser uma espécie de clímax, seu plantio é ideal para o enriquecimento de florestas secundárias, ajudando a recompor a biodiversidade e a estrutura de uma floresta madura. A decisão de cultivar a Caferana é uma escolha pela resiliência e pela complexidade. É apostar em uma árvore que pode contribuir para a restauração de múltiplos ecossistemas e que guarda em si um potencial medicinal e alimentar ainda a ser plenamente desvendado.

Cultivo & Propagação da Caferana

O cultivo da Caferana é um processo que nos conecta com a diversidade e a resiliência da flora neotropical, sendo um desafio interessante para viveiristas e restauradores que trabalham com espécies de estágios mais avançados da sucessão. A propagação da Toulicia guianensis é feita por sementes, que estão contidas dentro de seus frutos alados (sâmaras). O primeiro passo é a coleta dos frutos, que deve ser feita quando eles estão maduros e secos na árvore, começando a se desprender naturalmente com o vento. Pode-se coletar os frutos diretamente dos ramos ou no chão da floresta.

As sementes de muitas espécies de florestas tropicais não possuem dormência profunda, mas podem se beneficiar de um período de imersão em água para acelerar a germinação. Recomenda-se deixar os frutos ou as sementes (se extraídas) de molho em água por 24 horas. A semeadura deve ser feita em recipientes individuais, utilizando um substrato rico em matéria orgânica e de boa drenagem, para simular as condições do solo florestal. As sementes devem ser cobertas com uma camada de 1 a 2 cm de substrato. Como se trata de uma espécie de clímax, suas plântulas são provavelmente tolerantes à sombra. Portanto, os recipientes devem ser mantidos em um local de meia-sombra, com cerca de 50% a 70% de sombreamento. O substrato deve ser mantido sempre úmido. A germinação e o desenvolvimento inicial das mudas são considerados lentos a moderados, uma característica de árvores que investem em uma estrutura robusta e em longevidade. As mudas devem permanecer no viveiro por um período de 8 a 12 meses, ou até que atinjam um porte de 40 a 60 cm, estando prontas para o plantio no local definitivo. O plantio no campo deve ser feito no início da estação chuvosa. A grande vantagem da Caferana é sua plasticidade, podendo ser utilizada em projetos de restauração em uma grande variedade de ambientes, desde matas ciliares até florestas de terra firme. Seu cultivo é um investimento de longo prazo na saúde e na diversidade de nossas florestas.

Referências

Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso contínuo para a verificação da nomenclatura oficial, sinônimos e da vasta distribuição geográfica da espécie *Toulicia guianensis*.
• Radlkofer, L. (1931-1934). Sapindaceae. In A. Engler (ed.) *Das Pflanzenreich*. Leipzig: Wilhelm Engelmann, IV-165, Heft 98a-h, p. 1-1539. (Nota: Monografia clássica de referência para a família).
• Acevedo-Rodríguez, P. (2009). Sapindaceae. In D.C. Daly, M. Silveira & E.J.L. Ferreira (eds.), *Preliminary Checklist of the Flora of Acre, Brazil*. (Nota: Confirma a ocorrência e fornece contexto para a flora amazônica).
• Artigos científicos sobre a flora de ecossistemas amazônicos e de matas secas, que listam e descrevem as espécies de dossel, disponíveis em bases de dados como SciELO e Google Scholar.
• Publicações de instituições como a Embrapa e o INPA, que abordam a diversidade e o potencial de espécies nativas da Amazônia e de outros biomas.

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