Infinity@1x-1.0s-249px-249px
0%
Loading ...
, , , , , , ,

Sementes de Tamarindo – Tamarindus indica

Vendido por: Emergente Florestal
Disponibilidade:

Fora de estoque


Família: Fabaceae
Espécie: Tamarindus indica
Divisão: Angiospermas
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales

Este produto está fora de estoque e indisponível.

Report Abuse

Introdução & Nomenclatura do Tamarindo

Existem árvores que são como grandes viajantes, cujas sementes cruzaram oceanos e desertos nos primórdios da globalização, levadas por mãos humanas, pelo comércio e pela promessa de seus sabores e curas. O Tamarindo, ou Tamarineiro, de nome científico Tamarindus indica, é um desses ilustres andarilhos. Embora seu nome nos aponte para a Índia, sua verdadeira origem, seu berço ancestral, são as savanas tropicais da África. O nome é, na verdade, um eco fascinante de sua jornada. A palavra “Tamarindo” deriva do árabe tamar-hindi, que significa “tâmara da Índia”, nome dado pelos mercadores árabes que o levaram da África para o subcontinente indiano, de onde ele se espalhou pelo mundo. O grande botânico Lineu, ao batizá-lo, eternizou essa rota comercial em seu nome, e não seu ponto de partida. Esta é, portanto, a história de uma árvore africana, batizada por árabes, com um passaporte indiano, que se tornou uma cidadã do mundo.

No Brasil, o Tamarindo não é uma espécie nativa, mas sim uma espécie exótica cultivada. Sua chegada data provavelmente do período colonial, e sua adaptação foi tão bem-sucedida que hoje ele é uma presença familiar em todas as regiões do país, do Norte ao Sul. Ele prospera especialmente no calor do Nordeste e nos solos do Cerrado, onde as condições climáticas se assemelham às de sua África natal. Embora seja encontrado em “áreas antrópicas”, ou seja, em ambientes modificados pelo homem, sua integração foi tão completa que muitos o consideram parte da flora afetiva e cultural do Brasil. Seus sinônimos, como Tamarindus occidentalis e Tamarindus officinalis, também contam histórias de suas viagens e de seu reconhecimento como uma planta de grande utilidade.

A semente de um Tamarindo é, portanto, um convite para cultivar mais do que uma árvore frutífera. É a chance de plantar uma história viva, um elo com culturas milenares e um símbolo de resiliência e adaptabilidade. É trazer para perto um sabor que é ao mesmo tempo exótico e profundamente nosso, um legado agridoce que enriqueceu pomares, cozinhas e memórias em todo o Brasil.

Aparência: Como reconhecer o Tamarindo?

Reconhecer um Tamarineiro é identificar uma silhueta de longevidade e generosidade. A Tamarindus indica é uma árvore de grande porte, que cresce lentamente, mas pode viver por séculos, atingindo de 10 a 25 metros de altura. Sua característica mais marcante é a copa densa, ampla e arredondada, que oferece uma sombra farta e fresca, um verdadeiro oásis nos dias quentes. O tronco é curto, grosso e robusto, com uma casca rugosa de cor cinza-escura que se torna fissurada com o tempo. É uma árvore de aparência sólida, forte e acolhedora, um ponto de referência na paisagem rural e urbana.

A folhagem do Tamarindo é de uma elegância delicada que contrasta com a robustez do tronco. As folhas são compostas e paripinadas, formadas por 10 a 20 pares de pequenos folíolos opostos, de cor verde-clara. Uma característica encantadora é que os folíolos se fecham durante a noite, em um fenômeno conhecido como nictinastia, como se a árvore estivesse dormindo. Esta folhagem perene, ou semi-perene em locais de seca mais intensa, provê beleza e sombra durante todo o ano.

As flores, embora não sejam o principal atrativo da árvore, são de uma beleza sutil. Elas surgem em pequenos cachos (racemos) e são relativamente pequenas. Cada flor possui cinco pétalas, mas apenas três são desenvolvidas, enquanto as outras duas são reduzidas a cerdas. As pétalas desenvolvidas são de cor amarelo-pálida, delicadamente nervuradas com veios de cor laranja ou vermelha, criando um efeito pitoresco. Elas não dominam a árvore com uma floração massiva, mas adicionam um toque de cor e arte à densa folhagem verde.

O verdadeiro tesouro do Tamarindus indica e sua característica mais famosa é o seu fruto. O tamarindo é uma vagem, um legume indeiscente, de formato irregularmente curvo ou linear, com uma casca externa dura e quebradiça de cor marrom-claro. Esta casca, que se parte facilmente com a pressão dos dedos, protege o coração do fruto: uma polpa pegajosa, fibrosa e de cor marrom-escura que envolve as sementes. É esta polpa, com seu sabor agridoce e complexo, que é a estrela da planta, uma iguaria cobiçada em todo o mundo.

Dentro da polpa, encontram-se de 1 a 10 sementes. Elas são duras, achatadas, de formato irregularmente quadrado ou romboide, com uma casca lisa e brilhante de cor marrom-escura, quase preta. Embora duras, são elas que carregam o futuro desta árvore magnífica, prontas para iniciar um novo ciclo de crescimento lento e vida longa.

Ecologia, Habitat & Sucessão do Tamarindo

Como o Tamarindo é uma espécie exótica no Brasil, sua ecologia aqui é a história de uma adaptação bem-sucedida, e não de coevolução com os biomas locais. Para compreender sua alma ecológica, devemos olhar para seu habitat de origem, as savanas e florestas secas da África tropical, e entender como essas características permitiram que a Tamarindus indica se sentisse em casa em nosso país. Ela não é parte da sucessão natural das florestas brasileiras, mas uma hóspede que encontrou nos quintais, pomares e praças um nicho perfeito para prosperar.

Em sua África natal, o Tamarineiro é uma espécie de clímax de ecossistemas secos. É uma árvore extremamente resistente à seca, ao calor e a ventos fortes. Seu sistema radicular profundo busca água em lençóis freáticos distantes, e sua copa densa cria microclimas mais amenos, oferecendo sombra e refúgio para a fauna e flora locais. Ela é um elemento chave na paisagem das savanas, um ponto de encontro para animais e um fornecedor de alimento em épocas de escassez. Essa resiliência inata foi o passaporte para sua naturalização em tantas outras regiões tropicais e subtropicais do mundo.

No Brasil, a Tamarindus indica demonstrou uma afinidade especial com as condições do semiárido do Nordeste e do Cerrado. Sua tolerância à seca e sua preferência por sol pleno permitiram que ela se desenvolvesse vigorosamente onde muitas outras árvores frutíferas lutariam para sobreviver. Ela não exige solos particularmente ricos e, uma vez estabelecida, demanda pouquíssima manutenção, o que a tornou uma escolha popular para a agricultura familiar e para a arborização de fazendas e sítios.

A dispersão de suas sementes em seu habitat original é um exemplo clássico de endozoocoria, ou seja, dispersão através do trato digestivo de animais. Os frutos, com sua polpa nutritiva e adocicada, são um alimento valioso para diversos mamíferos, como macacos, antílopes e até elefantes. Ao consumirem as vagens, eles ingerem as sementes duras, que passam ilesas por seus sistemas digestivos e são depositadas, já escarificadas e adubadas, em um novo local. No Brasil e em outras regiões onde foi introduzida, a dispersão é feita principalmente por humanos, que colhem, transportam e plantam suas sementes, e secundariamente por animais domésticos e pela fauna local que aprendeu a apreciar seus frutos.

Usos e Aplicações do Tamarindo

O Tamarindo é uma verdadeira árvore de mil e uma utilidades, um presente da natureza cuja generosidade se manifesta em cada parte da planta, da polpa dos frutos às sementes, folhas e madeira. As aplicações da Tamarindus indica são tão vastas e globais que a tornam uma das árvores frutíferas mais versáteis e culturalmente significativas do mundo. Seu cultivo é um investimento em sabor, saúde e funcionalidade.

O uso mais célebre e difundido é, sem dúvida, o culinário, centrado em sua polpa agridoce. Na culinária da Índia, é um ingrediente essencial em chutneys, picles, molhos e curries, fornecendo uma acidez complexa. Na Tailândia, é o segredo por trás do sabor característico do famoso prato Pad Thai. No Oriente Médio e no México, a polpa é diluída para fazer uma bebida refrescante e popular, a *Agua de Tamarindo*, e também é a base para uma infinidade de doces e balas. No Brasil, o legado culinário do Tamarindo é igualmente rico. Sua polpa é usada para fazer sucos, sorvetes, picolés, geleias, licores e doces em massa. É um sabor que marca a infância e a identidade gastronômica de muitas regiões, especialmente no Nordeste.

Na medicina tradicional, o Tamarindo é uma farmácia natural. A polpa do fruto é reconhecida mundialmente por seu efeito laxativo suave, sendo um remédio seguro e eficaz para a constipação. Rica em antioxidantes e vitaminas, ela também é usada em bebidas para tratar febres, resfriados e dores de garganta. As folhas e a casca da árvore, em forma de chás ou cataplasmas, são empregadas por suas propriedades adstringentes, anti-inflamatórias e antissépticas, usadas para tratar feridas, inflamações de pele e dores articulares.

O valor do Tamarindus indica se estende à indústria. A partir de suas sementes, extrai-se o Pó do Grão de Tamarindo (Tamarind Kernel Powder – TKP), um polissacarídeo com notáveis propriedades espessantes e estabilizantes. O TKP é amplamente utilizado na indústria têxtil para engomar e dar corpo a tecidos, na indústria de papel e até como estabilizante em alimentos processados. O óleo extraído da semente também tem aplicações na fabricação de tintas e vernizes. A própria polpa ácida tem um uso doméstico curioso: é um excelente polidor de metais, como latão, cobre e bronze, removendo a oxidação e devolvendo o brilho.

Até mesmo sua madeira é valiosa. Ela é muito dura, pesada, de grã entrelaçada e resistente ao apodrecimento. Embora o crescimento lento da árvore limite seu uso em larga escala, a madeira de Tamarindo é apreciada para a fabricação de móveis de alta qualidade, ferramentas, objetos torneados e carvão de excelente poder calorífico. É, de fato, uma árvore onde nada se desperdiça.

Cultivo & Propagação do Tamarindo

Cultivar um Tamarineiro é um exercício de paciência que recompensa com décadas, e até séculos, de sombra, beleza e frutos saborosos. A propagação do Tamarindus indica a partir de sementes é um processo relativamente simples e com alta taxa de sucesso, o que facilitou sua disseminação por todo o mundo e o torna um projeto acessível para qualquer pessoa com um espaço adequado e uma visão de longo prazo.

A jornada começa com as sementes, que devem ser extraídas da polpa pegajosa dos frutos maduros e lavadas para remover qualquer resíduo. As sementes do Tamarindo possuem uma casca (tegumento) muito dura, que pode retardar a absorção de água e a germinação. Embora muitas vezes germinem sem tratamento, o processo pode ser acelerado com uma leve escarificação. Isso pode ser feito lixando suavemente um lado da semente ou deixando-as de molho em água morna por 24 horas. Este passo ajuda a amolecer a casca e a “acordar” o embrião.

Para a semeadura, utilize um substrato bem drenado, de preferência com uma mistura de terra e areia. As sementes devem ser plantadas a uma profundidade de 1 a 2 cm em saquinhos de mudas, tubetes ou diretamente em um canteiro preparado. A germinação é confiável e costuma ocorrer em uma a duas semanas, se as condições de umidade e calor forem adequadas. As mudas de Tamarindo são robustas e, uma vez que o primeiro par de folhas verdadeiras apareça, já demonstram grande vigor.

O ponto mais importante a se considerar no cultivo do Tamarindus indica é seu ritmo de crescimento lento. Não é uma árvore que produzirá frutos em dois ou três anos. A primeira frutificação pode levar de 6 a 12 anos, dependendo das condições de cultivo. É um investimento no futuro. As mudas devem ser plantadas a pleno sol, em um local com espaço amplo para que a copa possa se desenvolver sem restrições. Uma vez estabelecida, a árvore é extremamente resistente à seca e requer pouca ou nenhuma irrigação suplementar, exceto em períodos de estiagem muito prolongados. Ela é a escolha perfeita para pomares de baixo manejo, para arborização de grandes áreas rurais e como uma magnífica árvore de sombra que servirá a muitas gerações.

Referências utilizadas para o Tamarindo

Esta descrição detalhada do Tamarindus indica foi cuidadosamente elaborada a partir de uma gama de fontes confiáveis, incluindo bases de dados botânicos, manuais de plantas exóticas e úteis, e publicações sobre etnobotânica e culinária. O objetivo foi criar um retrato completo e fiel desta árvore viajante, honrando sua história, sua importância cultural e suas múltiplas utilidades. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Lewis, G.P. Tamarindus in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB23201>. Acesso em: 20 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos e de distribuição no Brasil).
• Lorenzi, H., et al. 2003. Árvores exóticas no Brasil: madeireiras, ornamentais e aromáticas. Instituto Plantarum, Nova Odessa, SP. (Fonte essencial para informações sobre o cultivo e características de espécies exóticas adaptadas ao Brasil).
• Corrêa, M.P. 1984. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas. 6 vols. Ministério da Agricultura/IBDF, Rio de Janeiro. (Obra clássica de referência para os usos e nomes populares de plantas no Brasil).
• Van Wyk, B.E. 2005. Food Plants of the World: An Illustrated Guide. Timber Press, Inc., Portland, USA. (Guia de referência global para plantas alimentícias, com informações sobre os usos culinários do Tamarindo).
• Morton, J. 1987. Tamarind. In: Fruits of warm climates. Julia F. Morton, Miami, FL. p. 115–121. (Monografia detalhada sobre a cultura do Tamarindo, seus usos e propriedades).
• El-Siddig, K., Gunasena, H. P. M., Prasad, B. A., Pushpakumara, D. K. N. G., Ramana, K. V. R., Vijayanand, P., & Williams, J. T. 2006. Tamarind: Tamarindus indica. Southampton Centre for Underutilised Crops, Southampton, UK. (Compêndio técnico completo sobre todos os aspectos da planta).

CARRINHO DE COMPRAS

close