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Sementes de Mogno – Swietenia macrophylla

Vendido por: Emergente Florestal
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Família: Meliaceae
Espécie: Swietenia macrophylla
Divisão: Angiospermas
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Sapindales

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Introdução & Nomenclatura do Mogno

Na vasta e verde imensidão da Amazônia, ergue-se um gigante que se tornou uma lenda global. O Mogno, cientificamente conhecido como Swietenia macrophylla, não é apenas uma árvore; é um padrão de excelência, um sinônimo universal de luxo, qualidade e beleza atemporal. Sua madeira de tons quentes e avermelhados, com seu brilho profundo e sua trabalhabilidade incomparável, foi por séculos o material de escolha para os ebanistas mais refinados da Europa, para os construtores de iates e para os luthiers que criaram os instrumentos musicais mais icônicos da história. Esta fama, no entanto, transformou a árvore em um alvo, e sua história se tornou uma das mais emblemáticas e trágicas da exploração de recursos naturais, uma crônica de “febre da madeira” que a levou à beira do colapso e que hoje a torna um poderoso símbolo da luta pela conservação.

Seu nome científico, Swietenia macrophylla King, é uma homenagem e uma descrição precisa. O gênero, *Swietenia*, foi nomeado em honra a Gerard van Swieten, um célebre médico e botânico holandês-austríaco do século XVIII. O epíteto específico, *macrophylla*, vem do grego *makros* (grande) e *phyllon* (folha), significando “de folhas grandes”, uma característica marcante desta espécie, que a distingue de outras variedades de mogno das Américas. O nome popular, “Mogno”, tem origens caribenhas e foi adotado globalmente para designar esta madeira de valor incalculável.

Nativo de uma vasta área que se estende do sul do México à Bolívia, o Mogno tem no Brasil, e especificamente no bioma Amazônia, um de seus mais importantes refúgios. Sua presença também se estende pelas matas de galeria do Cerrado e por fragmentos da Mata Atlântica. A busca predatória por sua madeira, no entanto, a tornou uma espécie classificada como **Vulnerável (VU) pela IUCN** e, crucialmente, protegida pelo **Apêndice II da CITES**, que regula e restringe seu comércio internacional para evitar a extinção. Ter uma semente de Mogno em mãos é, hoje, muito mais do que o potencial de cultivar uma árvore. É um ato de reparação, uma promessa de futuro e a chance de ajudar a reerguer um dos mais nobres reis da floresta tropical.

Aparência: Como reconhecer o Mogno?

Reconhecer um Mogno é vislumbrar um dos verdadeiros monarcas da floresta tropical. A Swietenia macrophylla é uma árvore emergente de porte monumental, que pode atingir de 40 a 60 metros de altura, com um tronco que é uma coluna quase perfeita. O fuste é reto, cilíndrico e massivo, podendo ultrapassar 2 metros de diâmetro, e em árvores mais velhas, a base é frequentemente flanqueada por raízes tabulares (sapopembas) proeminentes, que lhe conferem uma estabilidade de fortaleza. A copa é ampla, abobadada e densa, erguendo-se majestosamente acima do dossel das outras árvores. A casca é espessa, de cor cinza a marrom-escuro, e profundamente fissurada, formando um padrão reticulado.

As folhas, que dão nome à espécie (*macrophylla*), são grandes e de uma beleza exuberante. Elas são compostas e paripinadas, formadas por 4 a 8 pares de folíolos grandes, que podem medir de 7 a 15 cm de comprimento. Os folíolos são de formato lanceolado a elíptico, muitas vezes assimétricos ou levemente falcados (em forma de foice), e de uma cor verde-escura e brilhante. A árvore é brevemente decídua, perdendo suas folhas por um curto período na estação seca, um evento que muitas vezes coincide com a floração e o surgimento de uma nova folhagem de tons avermelhados.

As flores do Mogno são surpreendentemente pequenas e discretas para uma árvore de tal magnitude. Elas são de cor esverdeada, amarelada ou creme, e se agrupam em grandes inflorescências do tipo panícula, que são cachos ramificados e abertos que surgem nas axilas das folhas. A estratégia reprodutiva do Mogno não investe em flores vistosas, mas sim em um porte colossal e em frutos e sementes grandes e eficientes.

O fruto é uma de suas características mais espetaculares e inconfundíveis. É uma grande cápsula lenhosa, ereta, de formato ovoide a piriforme (semelhante a uma pera), que pode atingir de 11 a 18 cm de altura. Este fruto, que amadurece no alto da copa, tem um mecanismo de abertura único: ele é deiscente pela base. As cinco valvas (as “cascas”) do fruto se abrem de baixo para cima, curvando-se para trás como as pétalas de uma flor de madeira e expondo o seu interior.

Dentro da cápsula, dezenas de sementes estão perfeitamente arranjadas e compactadas em torno de um eixo central. Cada semente é uma obra-prima da aerodinâmica. É grande, com 7 a 9,5 cm de comprimento total, e consiste em um núcleo pesado em uma extremidade e uma longa e robusta asa membranosa na outra. São sementes projetadas para um voo longo e planeado, as mensageiras que carregam o futuro do “Ouro Vermelho” da Amazônia.

Ecologia, Habitat & Sucessão do Mogno

A ecologia da Swietenia macrophylla é a de uma espécie especialista, um gigante de vida longa que depende de condições muito específicas para perpetuar sua linhagem. Seu habitat primordial é a floresta tropical úmida. Na Amazônia, ela prospera tanto na Floresta de Terra Firme quanto nas Florestas de Várzea, mas sempre em solos ricos e profundos. Sua presença também se estende às matas de galeria do Cerrado e às florestas estacionais da Mata Atlântica, sempre como um reflexo de condições de solo mais favoráveis.

Na dinâmica de sucessão ecológica, o Mogno é uma espécie clímax clássica, mas com uma particularidade: é uma “pioneira de grandes clareiras”. Seu ciclo de vida é extremamente longo, e seu crescimento, embora relativamente rápido para uma madeira nobre, é lento quando comparado a espécies pioneiras. A grande questão para a regeneração do Mogno é a luz. Suas sementes não conseguem germinar e se estabelecer no sub-bosque escuro da floresta madura. Elas precisam de clareiras grandes, abertas pela queda de várias árvores, para que a luz solar abundante chegue ao chão da floresta. É nesta condição de “catástrofe” natural que o Mogno tem sua chance de brotar e iniciar sua longa jornada em direção ao dossel.

As interações com a fauna são discretas, mas essenciais. A polinização de suas pequenas flores esverdeadas é realizada por uma variedade de insetos pequenos e generalistas, como mariposas noturnas, pequenas abelhas e tripes. A árvore produz uma grande quantidade de flores para garantir o sucesso da polinização.

A dispersão de suas sementes é um dos eventos mais grandiosos e eficazes da floresta. A estratégia é a anemocoria em grande escala. No alto da copa emergente, a mais de 50 metros de altura, as grandes cápsulas lenhosas se abrem. As sementes aladas, com seu design aerodinâmico, são liberadas e iniciam um voo planado e giratório. Lançadas de uma altura tão grande, elas podem ser carregadas pelos ventos por centenas de metros, ou até mais de um quilômetro, sobre a copa da floresta. Esta capacidade de dispersão a longa distância é a estratégia da árvore para “procurar” e encontrar as raras e distantes clareiras de que necessita para sua regeneração. É uma loteria de alta precisão, jogada nas correntes de ar acima da Amazônia.

Usos e Aplicações do Mogno

O Mogno é uma árvore cuja história de usos se confunde com a história do luxo e da marcenaria de excelência. As aplicações da Swietenia macrophylla são um testemunho das qualidades superlativas de sua madeira, uma matéria-prima que, por sua perfeição, se tornou um motor de economias e, infelizmente, de devastação ambiental.

A madeira do Mogno é reverenciada por uma combinação de três qualidades que raramente se encontram juntas: beleza, trabalhabilidade e estabilidade. Sua cor varia do marrom-rosado pálido ao um vermelho-escuro profundo, que se intensifica e enobrece com o tempo. Possui um brilho natural e um grão entrelaçado que, quando polido, cria um efeito tridimensional de profundidade e luz (chatoyancy). É excepcionalmente fácil de trabalhar, permitindo cortes, entalhes e acabamentos de uma precisão inigualável. E, acima de tudo, é dimensionalmente estável, ou seja, sofre pouquíssima contração ou empenamento com as variações de umidade. Por estas razões, foi a madeira de escolha para a marcenaria de luxo por séculos, desde os móveis de estilo Chippendale na Inglaterra do século XVIII até os dias de hoje. É usada em painéis de parede de iates e residências de luxo, em portas, janelas e em objetos de arte.

Na luteria, a madeira do Mogno é igualmente lendária, especialmente na construção de guitarras elétricas. Sua combinação de densidade média, estabilidade e qualidades tonais (um som “quente” e com bom “sustain”) a tornou a madeira padrão para o corpo e o braço de guitarras icônicas, como a Gibson Les Paul e a SG. O uso do Mogno está na essência do som de gerações de músicos de rock, blues e jazz.

A consequência desta demanda foi a “febre do mogno”, que levou a uma exploração ilegal e insustentável em toda a sua área de ocorrência, especialmente na Amazônia brasileira. A devastação foi tão severa que, em 2003, a Swietenia macrophylla foi incluída no Apêndice II da CITES, o que significa que todo o comércio internacional de sua madeira deve ser estritamente controlado e certificado para garantir que não prejudique a sobrevivência da espécie. Hoje, a maior parte do mogno legalizado provém de plantações.

Além da madeira, a casca e as sementes do Mogno são usadas na medicina tradicional como adstringente e para tratar febres. Seu maior uso hoje, no entanto, deve ser o ecológico. O plantio de Mogno em áreas degradadas é a única forma de pagar a dívida histórica que temos com esta espécie, um ato de restauração para devolver o “Ouro Vermelho” às florestas de onde ele foi tirado.

Cultivo & Propagação do Mogno

Cultivar um Mogno é um ato de restauração e um investimento de longo prazo na recuperação da nobreza de nossas florestas. A propagação da Swietenia macrophylla, embora relativamente simples a partir de sementes, enfrenta um grande desafio ecológico que torna seu cultivo em larga escala um empreendimento complexo e que exige conhecimento.

A propagação se inicia com a coleta das grandes sementes aladas, que deve ser feita quando as cápsulas se abrem na árvore. As sementes possuem uma alta taxa de germinação e não necessitam de tratamentos para quebra de dormência. Elas devem ser plantadas em um substrato rico em matéria orgânica e bem drenado, com a asa parcialmente para fora ou removida. A germinação é rápida, ocorrendo em 2 a 4 semanas.

As mudas de Mogno apresentam um crescimento relativamente rápido para uma espécie de madeira nobre, especialmente em seus primeiros anos e em condições de alta luminosidade. Elas precisam de sol pleno para se desenvolverem bem. No entanto, o cultivo do Mogno enfrenta um inimigo natural formidável: a broca-do-mogno, a larva da mariposa Hypsipyla grandella. Este inseto ataca o broto terminal (o ponteiro) das árvores jovens, matando a gema de crescimento principal. Como resultado, a árvore bifurca, criando uma copa baixa e ramificada, o que a torna imprestável para a produção de madeira de qualidade, que exige um fuste reto e longo.

Este ataque da broca é a principal razão pela qual as plantações de Mogno em monocultivo (grandes áreas com uma única espécie) frequentemente fracassam nas Américas. A alta concentração de árvores hospedeiras leva a uma explosão populacional da praga. A solução que a natureza e a ciência encontraram é o plantio em sistemas mistos. Quando o Mogno é plantado em meio a outras espécies de árvores, em sistemas agroflorestais ou em plantios de enriquecimento de florestas secundárias, a densidade da praga diminui, e as árvores têm uma chance muito maior de escapar do ataque e crescerem retas e saudáveis.

Portanto, o plantio do Swietenia macrophylla é altamente recomendado, mas de forma inteligente. É uma espécie de imenso valor para a restauração ecológica e econômica de áreas degradadas, desde que seja integrada a um sistema diversificado. É uma árvore para projetos de longo prazo, um legado que, se bem cuidado, pode gerar tanto riqueza financeira quanto riqueza biológica para o futuro.

Referências utilizadas para o Mogno

Esta descrição detalhada da Swietenia macrophylla foi fundamentada em uma sólida base de conhecimento científico, incluindo monografias botânicas, a flora oficial do Brasil, e em uma vasta literatura sobre a história do comércio de madeira, conservação e silvicultura. O objetivo foi criar um retrato completo que fizesse jus à sua majestade, sua importância e à complexa relação que a humanidade estabeleceu com ela. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Flores, T.B. Meliaceae in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB23803>. Acesso em: 22 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos, morfológicos e de distribuição oficial).
• Pennington, T.D. 1981. A Monograph of the Meliaceae. Flora Neotropica Monograph, 28, 1-470. (A mais importante e completa monografia sobre a família, fundamental para esta descrição).
• Lorenzi, H. 1998. Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 2. 1ª ed. Editora Plantarum, Nova Odessa, SP. (Fonte essencial para informações práticas sobre cultivo, usos e características gerais).
• Lamb, F.B. 1966. Mahogany of Tropical America: Its Ecology and Management. University of Michigan Press, Ann Arbor. (Obra clássica sobre a ecologia e o manejo do Mogno).
• CITES – Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora. Appendices. (Fonte oficial para as restrições de comércio internacional da espécie).
• Newton, A.C., et al. 1993. The ecology and pest problems of mahogany (*Swietenia*) in Central America. In: Tropical trees: the potential for domestication and the rebuilding of forest resources. HMSO, London. pp. 106-120. (Referência sobre o desafio da broca *Hypsipyla grandella*).

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