Infinity@1x-1.0s-249px-249px
0%
Loading ...
, , , , ,

Sementes de Cajuí – Anacardium humile

Vendido por: Verde Novo
Disponibilidade:

Fora de estoque


Família: Anacardiaceae
Espécie: Anacardium humile A.St.-Hil.
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)
Classe: Magnoliopsida (Dicotyledoneae)
Ordem: Sapindales

Este produto está fora de estoque e indisponível.

Report Abuse

Introdução & Nomenclatura do Cajuí

Quando pensamos em caju, a imagem que nos vem à mente é a do cajueiro, a árvore frondosa que embeleza o litoral do Nordeste. Mas o Cerrado, em sua imensa sabedoria adaptativa, nos presenteou com sua própria versão desta fruta icônica: o Cajuí, cientificamente conhecido como Anacardium humile. Esta não é uma árvore que se ergue em direção ao céu, mas um subarbusto que abraça o chão, uma verdadeira joia da savana brasileira. Seus nomes populares são um poema que descreve sua forma e seu lar: Cajuzinho-do-cerrado, Caju-anão, Caju-do-campo ou Caju-rasteiro. Todos eles apontam para uma mesma verdade: trata-se de um caju em miniatura, perfeitamente adaptado a um ecossistema de campos abertos e de fogo periódico. Conhecer o Cajuí é descobrir que a grandiosidade da natureza nem sempre se mede em altura, mas sim em resiliência e em sabor. É uma lição sobre como a vida encontra os caminhos mais engenhosos para prosperar.

A nomenclatura científica, Anacardium humile A.St.-Hil., nos oferece pistas sobre sua identidade. O gênero Anacardium é o mesmo do cajueiro comum. O epíteto específico, humile, vem do latim e significa “humilde”, “de baixa estatura”, uma descrição perfeita para o seu porte rasteiro. A espécie foi descrita pelo grande botânico francês Auguste de Saint-Hilaire, que se encantou com a diversidade da flora do Brasil Central. Seus sinônimos, como *Anacardium subterraneum* (“subterrâneo”) e *Anacardium pumilum* (“anão”), reforçam ainda mais a sua principal característica: a maior parte de sua estrutura está escondida sob a terra. Estudar o Cajuí é valorizar um dos mais autênticos tesouros do Cerrado. É reconhecer uma fonte de alimento e de renda para as comunidades locais, um pilar na sustentação da fauna e um símbolo da incrível capacidade de adaptação da nossa flora. Cada um de seus pequenos frutos é uma explosão de sabor e um testemunho da força que brota do coração do Brasil.

Aparência: Como reconhecer o Cajuí

A identificação do Cajuí na paisagem do Cerrado é o reconhecimento de uma planta que inverte a lógica do crescimento. A Anacardium humile é um subarbusto, com uma parte aérea que raramente ultrapassa 1 metro de altura, mas com uma parte subterrânea que revela sua verdadeira natureza de árvore. O que vemos acima do solo são ramos lenhosos e tortuosos, que brotam diretamente da terra, formando moitas esparsas. Estes ramos sustentam as folhas, as flores e os frutos. A verdadeira maravilha arquitetônica desta planta, no entanto, está escondida: ela possui um tronco subterrâneo, um órgão lenhoso e engrossado chamado xilopódio, que pode atingir um tamanho e um peso impressionantes. Este tronco subterrâneo é o seu cofre, seu seguro de vida, onde ela armazena água e nutrientes para sobreviver à longa estação seca e, principalmente, para rebrotar com vigor após a passagem do fogo.

As folhas do Cajuí são grandes, simples, de formato obovado (mais largas na ponta) e de textura muito firme, coriácea (semelhante a couro). A cor é um verde-escuro e brilhante. A floração ocorre geralmente na primavera, em inflorescências do tipo panícula, que surgem na ponta dos ramos. As flores são pequenas e delicadas, de cor rosa a esbranquiçada, muito semelhantes às flores do cajueiro comum, e exalam um perfume adocicado que atrai abelhas e outros insetos. Após a polinização, desenvolve-se a mágica que o torna um caju. O pedúnculo da flor começa a se desenvolver e a se tornar carnoso, formando o pseudofruto, que é o “cajuzinho” propriamente dito. O pseudofruto é uma versão em miniatura do caju comum, com formato de pera, e que, quando maduro, adquire uma cor intensa, que pode variar do amarelo-ouro ao vermelho-vivo. É suculento, muito aromático e de sabor forte. Na ponta do pseudofruto, encontra-se o fruto verdadeiro: a castanha, que tem o mesmo formato de rim do caju comum, mas em tamanho menor. A imagem de seus pequenos e coloridos cajus brotando quase que diretamente do chão, em meio à vegetação rasteira do Cerrado, é uma visão de uma beleza e de uma singularidade admiráveis.

Ecologia, Habitat & Sucessão do Cajuí

A ecologia da Anacardium humile é uma ode à adaptação ao fogo, uma das mais perfeitas e emblemáticas estratégias de sobrevivência do Cerrado. O Cajuzinho-do-cerrado é uma espécie que é a própria alma deste bioma, sendo um componente fundamental de suas fisionomias mais abertas, como o campo sujo e o cerrado sentido restrito. Embora registros de sua ocorrência se estendam pela Amazônia, Caatinga e Mata Atlântica, é no Cerrado que ele encontra seu lar e expressa sua mais perfeita adaptação. Ele prospera em solos arenosos, bem drenados, ácidos e pobres em nutrientes, e sob a condição inegociável de sol pleno.

No contexto da sucessão ecológica, o Cajuí é tanto uma espécie pioneira quanto uma espécie clímax do ecossistema campestre. Ele coloniza áreas abertas e degradadas, mas também é um componente estável e permanente da vegetação madura do Cerrado. Sua ecologia está intrinsecamente ligada ao fogo. O xilopódio, seu tronco subterrâneo, é um órgão piro-resistente. Quando o fogo, um elemento natural e recorrente no Cerrado, passa pela vegetação, ele consome apenas a parte aérea do Cajuí (os ramos e as folhas). A planta, em sua essência, permanece viva e protegida sob a terra. Com as primeiras chuvas que se seguem à queimada, o xilopódio, rico em reservas, impulsiona uma rebrota extremamente rápida e vigorosa. Este ciclo de queima e rebrota não apenas garante a sobrevivência da planta, como também estimula uma floração e uma frutificação mais intensas, em um espetáculo de renovação da vida. As interações do Cajuí com a fauna são vitais. Suas flores são polinizadas por abelhas. Seus pseudofrutos, coloridos e aromáticos, são um importante recurso alimentar para a fauna do Cerrado. Lobos-guará, raposas-do-campo, emas e uma variedade de aves e de pequenos mamíferos se alimentam dos cajuzinhos. Ao consumirem o pseudofruto, eles carregam a castanha (o fruto verdadeiro) para longe da planta-mãe e, muitas vezes, a enterram ou a descartam em locais propícios à germinação, atuando como seus dispersores (zoocoria).

Usos e Aplicações do Cajuí

O Anacardium humile é um dos mais preciosos recursos da sociobiodiversidade do Cerrado, uma planta que oferece sabor, saúde e renda, sendo um pilar da cultura e da economia extrativista local. O principal uso do Cajuí é o alimentar. Seu pseudofruto, o cajuzinho, é muito apreciado para o consumo *in natura*, colhido diretamente do pé. Seu sabor é uma versão mais intensa e concentrada do caju comum: é mais ácido, mais adstringente e com um perfume mais forte, uma explosão de sabor selvagem. Além do consumo fresco, os cajuzinhos são a matéria-prima para a produção de sucos, sorvetes, doces, geleias e, especialmente, de licores e cachaças aromatizadas, que são produtos de alto valor agregado.

A castanha do Cajuí, assim como a do cajueiro comum, também é comestível e muito saborosa, mas precisa ser torrada para eliminar os líquidos cáusticos presentes em sua casca. A torra é feita tradicionalmente em panelas de barro sobre o fogo. As amêndoas torradas são um petisco nutritivo e delicioso. Na medicina popular, o Cajuí é uma planta muito respeitada. O chá da casca de seu tronco subterrâneo e de suas folhas é rico em taninos e é utilizado como um poderoso adstringente para o tratamento de diarreias. O pseudofruto é riquíssimo em vitamina C e em compostos antioxidantes, sendo utilizado para fortalecer o sistema imunológico. Na restauração ecológica de áreas degradadas do Cerrado, o plantio do Cajuí é uma estratégia excelente. Por ser uma espécie pioneira, extremamente resistente à seca e ao fogo, e por fornecer alimento para a fauna, ele ajuda a restaurar a biodiversidade e a funcionalidade do ecossistema. O cultivo do Cajuí em pomares comerciais é um campo promissor, que pode transformar uma atividade extrativista em uma cultura agrícola sustentável, gerando renda e, ao mesmo tempo, valorizando e conservando um dos mais autênticos sabores do nosso Cerrado.

Cultivo & Propagação do Cajuí

O cultivo do Cajuí é uma forma de trazer para o jardim a força e o sabor selvagem do Cerrado, um processo que exige a simulação das condições de seu habitat natural para o sucesso. A propagação do Anacardium humile é feita principalmente por sementes, que são as castanhas verdadeiras. O primeiro passo é a coleta dos pseudofrutos, que deve ser feita quando eles estão bem maduros, com a cor amarela ou vermelha intensa, e começando a cair da planta. A castanha deve ser separada do pseudofruto e posta para secar à sombra por alguns dias.

As sementes de Cajuí não apresentam dormência e possuem uma boa taxa de germinação quando são frescas. A semeadura deve ser feita em recipientes individuais e, de preferência, profundos, para permitir o bom desenvolvimento da raiz pivotante, que dará origem ao xilopódio. O segredo para o sucesso no cultivo é o substrato, que deve imitar as condições do Cerrado: deve ser muito bem drenado e arenoso. Uma mistura de areia grossa com uma pequena parte de terra e matéria orgânica é o ideal. A castanha deve ser plantada a uma profundidade de 2 a 3 cm. O local deve ser de sol pleno absoluto, desde o início. As regas devem ser moderadas, permitindo que o substrato seque entre uma e outra. O excesso de umidade pode causar o apodrecimento das sementes e das raízes. A germinação geralmente ocorre entre 30 e 60 dias. O desenvolvimento da parte aérea da muda é lento nos primeiros anos, pois a planta está investindo toda a sua energia na formação do robusto xilopódio subterrâneo. O plantio no local definitivo deve ser feito em um local de sol pleno e com um solo que nunca fique encharcado. Uma vez estabelecido, o Cajuí é uma planta de uma rusticidade incrível, extremamente resistente à seca e ao fogo, e que não necessita de adubação. Seu cultivo é uma lição sobre a paciência e sobre a importância do que não se vê, do que cresce forte e resiliente sob a terra.

Referências

• Mitchell, J. D., & Mori, S. A. (1987). The Cashew and Its Relatives (*Anacardium*: Anacardiaceae). *Memoirs of the New York Botanical Garden*, 42, 1-76. (Nota: A monografia de referência para o gênero).
• Lorenzi, H., et al. (2006). Frutas Brasileiras e Exóticas Cultivadas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum.
Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso contínuo para a verificação da nomenclatura oficial, sinônimos e da vasta distribuição geográfica da espécie.
• Silva, J. A. da, & Silva, D. B. da (Eds.). (2007). Frutas Nativas do Cerrado. Brasília: Embrapa.
• Artigos científicos sobre a ecologia, a germinação, a composição nutricional e as propriedades medicinais do *Anacardium humile*, disponíveis em bases de dados como SciELO e Google Scholar.
• Publicações da Embrapa Cerrados sobre o potencial e o manejo de espécies nativas do bioma.

CARRINHO DE COMPRAS

close