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Sementes de Chumbinho da lagoa – Rhynchospora holoschoenoides

Vendido por: Verde Novo
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Família: Cyperaceae
Espécie: Rhynchospora holoschoenoides
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)
Classe: Liliopsida (Monocotiledôneas)
Ordem: Poales

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Introdução & Nomenclatura do Chumbinho-da-lagoa

Na imensa orquestra da biodiversidade brasileira, enquanto as árvores são os violoncelos e as flores vistosas são os violinos, existem os instrumentos que marcam o ritmo, que tecem a harmonia de fundo, essenciais, ainda que discretos. O Chumbinho-da-lagoa, cientificamente conhecido como Rhynchospora holoschoenoides, é um desses músicos fundamentais. Seu nome popular é uma joia da observação popular, uma descrição perfeita para suas inflorescências, que formam pequenas cabeças globosas, densas e de cor castanho-dourada, semelhantes a chumbinhos de caça ou a pequenas contas. “Da lagoa” define com precisão seu lar, seu amor pela água. Esta não é uma gramínea, mas sim uma ciperácea, uma prima dos capins, pertencente a uma família que se distingue por seus caules muitas vezes triangulares e por sua afinidade com ambientes úmidos. Conhecer o Chumbinho-da-lagoa é apreciar uma das plantas mais cosmopolitas e bem-sucedidas do mundo, uma verdadeira campeã da adaptação.

A história de sua nomenclatura científica é um fascinante quebra-cabeça botânico, um testemunho de sua vasta distribuição e de sua notável variação morfológica. O nome aceito hoje, Rhynchospora holoschoenoides (Rich.) Herter, tem uma longa jornada. O gênero Rhynchospora deriva do grego, da junção de “rhynchos” (bico) e “spora” (semente), referindo-se ao formato do fruto (aquênio), que possui um “bico” persistente (o estilopódio). O epíteto específico, holoschoenoides, significa “semelhante a *Holoschoenus*”, um outro gênero de ciperáceas do Velho Mundo. A lista de seus sinônimos é uma das mais extensas da nossa flora, com mais de vinte nomes diferentes, como *Rhynchospora cyperoides* e *Cephaloschoenus polycephalus*. Esta profusão de nomes ocorreu porque a planta, por ser encontrada em todos os continentes tropicais, foi descoberta e descrita por diferentes botânicos em diferentes épocas, cada um acreditando estar diante de uma nova espécie. A ciência, com o tempo, conectou todos esses pontos, revelando que todas essas faces pertenciam a uma única e incrivelmente polimórfica espécie. Estudar o Chumbinho-da-lagoa é, portanto, uma lição sobre a unidade na diversidade e sobre a resiliência de uma forma de vida que soube conquistar todos os solos úmidos e ensolarados do planeta.

Aparência: Como reconhecer o Chumbinho-da-lagoa

A identificação do Chumbinho-da-lagoa é um exercício de observação da arquitetura delicada de suas inflorescências e de sua forma de crescimento em touceiras vigorosas. A Rhynchospora holoschoenoides é uma erva perene que cresce a partir de rizomas curtos e congestos, formando touceiras densas e robustas. A altura da planta pode variar bastante, de 25 cm a mais de 1 metro, dependendo das condições de solo e de umidade. As folhas são em sua maioria basais, longas e muito finas, com uma textura de gramínea. Elas podem atingir até 55 cm de comprimento, mas com apenas 2 a 4 mm de largura, conferindo à base da planta uma aparência densa e capilar. Os caules florais (colmos) são finos, eretos e geralmente de secção triangular, uma característica clássica da família Cyperaceae.

O grande espetáculo e a principal característica para o reconhecimento do Chumbinho-da-lagoa é a sua inflorescência. No topo dos colmos, surge uma inflorescência do tipo cima composta, aberta e muito ramificada. Na ponta de cada um desses ramos finos, formam-se as inflorescências secundárias, que são capítulos ou cabeças perfeitamente globosas (esféricas). São estes os “chumbinhos”. Cada cabeça, com cerca de 1 cm de diâmetro, é um aglomerado denso de 6 a 45 espiguetas minúsculas, de cor castanho-dourada e brilhante. O conjunto da inflorescência, com seus múltiplos ramos terminando nestas esferas perfeitas, confere à planta um aspecto de uma escultura delicada e geométrica, ou de um fogo de artifício dourado que se espalha no ar. A visão de um campo úmido coberto por estas plantas, com seus “chumbinhos” dourados brilhando sob o sol, é de uma beleza sutil e texturizada. Após a polinização, que é feita pelo vento, formam-se os frutos, que são minúsculos aquênios de cor castanha, cada um com seu pequeno “bico” (o estilopódio), a marca registrada do gênero *Rhynchospora*.

Ecologia, Habitat & Sucessão do Chumbinho-da-lagoa

A ecologia da Rhynchospora holoschoenoides é a de uma campeã da colonização, uma das espécies de plantas mais bem-sucedidas e de mais ampla distribuição no mundo. O Chumbinho-da-lagoa é uma planta nativa do Brasil, mas sua pátria é o mundo tropical. Ela é encontrada em todos os continentes, exceto a Europa e a Antártida. No Brasil, ela exibe sua incrível plasticidade ao ocorrer em todos os seis biomas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Seu elo comum, o fio que costura sua presença por paisagens tão distintas, é a água. É uma planta higrófila, que necessita de solos úmidos, encharcados ou de áreas sazonalmente inundadas para viver. Ela é um componente fundamental da vegetação de brejos, pântanos, margens de lagoas, campos de várzea, campos limpos úmidos e de qualquer área aberta e ensolarada que retenha umidade.

No grande processo de sucessão ecológica, o Chumbinho-da-lagoa é uma espécie pioneira por excelência. É uma das primeiras plantas a colonizar solos úmidos expostos, sejam eles resultado de um processo natural, como a retração de um corpo d’água, ou de uma perturbação humana. Seu papel ecológico é de uma importância imensa. Seu sistema de rizomas e de raízes finas e densas forma um tapete que amarra e estabiliza o solo, sendo uma das mais importantes espécies para o controle da erosão em ambientes úmidos. As suas touceiras densas servem de abrigo e de local de forrageio para uma infinidade de pequenos animais, desde insetos aquáticos e anfíbios até aves paludícolas. A polinização é feita pelo vento (anemofilia). A dispersão de suas sementes é multimodal: a água (hidrocoria) carrega suas sementes para novas margens; o vento (anemocoria) pode transportar as pequenas espiguetas; e as sementes podem aderir à lama nas patas e penas de aves aquáticas (epizoochoria), viajando de uma lagoa para outra. Esta eficiência em todos os aspectos de seu ciclo de vida é o que explica seu sucesso global e sua presença vital em quase todos os ecossistemas úmidos do Brasil.

Usos e Aplicações do Chumbinho-da-lagoa

O Rhynchospora holoschoenoides é um exemplo magnífico de uma planta cujo valor não se mede por sua utilidade direta como matéria-prima para o homem, mas por seus serviços ecossistêmicos indispensáveis e por seu crescente potencial estético. A aplicação mais nobre e fundamental do Chumbinho-da-lagoa é na restauração ecológica e na bioengenharia. Por ser uma espécie pioneira, de rápido estabelecimento e com um sistema radicular que fixa o solo de forma exemplar, ela é uma das espécies mais valiosas para a recuperação de áreas úmidas degradadas, como brejos assoreados e margens de reservatórios erodidas. Seu plantio em áreas de contenção de taludes úmidos ou em sistemas de tratamento de efluentes (wetlands construídos) é uma técnica de fitorremediação de baixo custo e alta eficiência. É uma planta que trabalha silenciosamente para a saúde das nossas águas.

No paisagismo, o Chumbinho-da-lagoa possui um potencial ornamental que vem sendo cada vez mais descoberto. É a planta perfeita para a criação de jardins de chuva, para a bordadura de lagos ornamentais e para a composição de jardins de inspiração naturalista, que buscam recriar a beleza dos nossos campos úmidos. Sua textura fina, seu porte ereto e, principalmente, suas inflorescências globosas e douradas, conferem um toque de leveza, de brilho e de naturalidade ao jardim. É uma planta que oferece interesse visual durante todo o ano e que se move graciosamente com o vento. No artesanato, suas hastes secas com os “chumbinhos” na ponta são muito apreciadas para o uso em arranjos florais secos, conferindo textura e delicadeza às composições. Como forragem para o gado, seu valor é muito baixo. Não há registros consistentes de seu uso na medicina popular. O grande valor do Chumbinho-da-lagoa reside em sua função de protetor do solo e das águas e em sua beleza sutil. Cultivá-lo é um ato de consciência ecológica, uma forma de trazer para o jardim um pedaço da resiliência e da graça dos nossos ecossistemas mais vitais.

Cultivo & Propagação do Chumbinho-da-lagoa

O cultivo do Chumbinho-da-lagoa é uma tarefa relativamente simples, desde que se respeite sua principal exigência: a umidade constante. A propagação da Rhynchospora holoschoenoides é mais facilmente realizada pela divisão de touceiras, um método rápido e que garante o sucesso. Uma touceira adulta e sadia pode ser retirada do solo e, com o auxílio de uma ferramenta de corte afiada, pode ser dividida em várias mudas menores. É importante que cada nova muda contenha uma boa porção do rizoma e de raízes. O replantio deve ser feito imediatamente, em um local com as mesmas condições de umidade e de luz.

A propagação por sementes também é viável. As sementes podem ser coletadas quando as inflorescências estão maduras e secas. A semeadura deve ser feita na superfície de um substrato que possa ser mantido permanentemente úmido ou encharcado. As sementes não devem ser enterradas, pois muitas ciperáceas necessitam de luz para germinar. O local deve ser de sol pleno. A germinação pode ser irregular, mas em condições ideais, as plântulas surgirão em algumas semanas. Uma vez estabelecido, seja por mudas ou por sementes, o Chumbinho-da-lagoa é uma planta de baixíssima manutenção. Suas únicas e inegociáveis exigências são sol pleno e solo permanentemente úmido ou encharcado. Ele é a planta perfeita para as áreas mais baixas e úmidas do jardim, para as bordas de lagos ou para locais que recebem a água da chuva. Em um solo seco, ele não sobreviverá. Por sua rusticidade e sua beleza texturizada, é uma escolha inteligente e sustentável para um paisagismo que dialoga com a natureza e que celebra a beleza de todas as formas de vida.

Referências

• Thomas, W. W. (1994). *Rhynchospora*, Cyperaceae. In: G. Davidse, M. Sousa S. & A. O. Chater (eds.), *Flora Mesoamericana*. Vol. 6. Universidad Nacional Autónoma de México, México.
Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: . Acesso contínuo para a verificação da nomenclatura oficial, da vasta lista de sinônimos e da distribuição geográfica da espécie.
• Lorenzi, H. (2015). Plantas para jardim no Brasil: herbáceas, arbustivas e trepadeiras. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum.
• Artigos científicos sobre a flora de áreas úmidas (wetlands), a recuperação de áreas degradadas com macrófitas e a taxonomia do gênero *Rhynchospora*, disponíveis em bases de dados como SciELO e Google Scholar.
• Manuais de bioengenharia e de restauração de ecossistemas ripários, que listam espécies nativas para o controle da erosão.

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