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Sementes de Embiruçu – Pseudobombax tomentosum

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Família: Malvaceae
Espécie: Pseudobombax tomentosum
Divisão: Angiospermas
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Malvales

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Introdução & Nomenclatura do Embiruçu

Na vasta e ensolarada paisagem do Cerrado, onde as árvores frequentemente assumem formas tortuosas e se cobrem de cascas grossas para resistir ao fogo, o Embiruçu, de nome científico Pseudobombax tomentosum, se destaca como um monumento à arte da sobrevivência. É uma árvore de uma beleza rústica e de uma arquitetura singular, muitas vezes com um tronco bojudo e de aparência inchada, uma estratégia genial para armazenar água nos longos meses de estiagem. Mas sua verdadeira magia se revela sob o véu da noite. Durante a estação seca, em seus galhos nus, desabrocham flores solitárias e imensas, não de pétalas coloridas, mas de uma explosão de centenas de estames brancos e sedosos, como um gigantesco pincel de barba oferecido à escuridão. É um espetáculo efêmero e perfumado, um convite para os polinizadores noturnos, que são os grandes parceiros desta árvore magnífica.

Seus nomes populares são uma crônica de sua grandeza e de sua aparência. “Embiruçu” ou “Imbiruçu” é um nome de origem Tupi, *ybyrá’usu*, que significa “árvore grande” ou “madeira grande”, um reconhecimento de seu porte imponente em meio à vegetação mais baixa do Cerrado. Outro de seus nomes, Mamoarana, também de origem Tupi, a descreve com igual precisão. O nome científico, Pseudobombax tomentosum (Mart.) A.Robyns, conta a história de sua identidade botânica. O gênero, *Pseudobombax*, significa “falso *Bombax*”, indicando seu parentesco e, ao mesmo tempo, sua distinção do antigo gênero onde muitas paineiras eram classificadas. O epíteto específico, *tomentosum*, vem do latim e significa “coberto de pelos densos e emaranhados”, uma referência à textura aveludada de suas folhas, flores e frutos.

O Embiruçu é uma espécie nativa de uma vasta área da América do Sul, mas tem no Cerrado brasileiro o seu principal e mais emblemático lar. Sua ocorrência se estende pelo Planalto Central, adentrando as matas secas e os afloramentos rochosos da Bahia ao Paraguai. É uma das espécies mais características e ornamentais das paisagens de savana e de florestas sazonais. Pertencente à subfamília Bombacoideae (a mesma das paineiras e da sumaúma), dentro da grande família Malvaceae, ela compartilha com suas primas o fruto que se abre para liberar sementes envoltas em uma paina sedosa. Ter uma semente de Embiruçu em mãos é ter a promessa de cultivar uma das árvores mais esculturais e de ecologia mais fascinante do nosso país, um verdadeiro símbolo da resiliência e da beleza noturna do Cerrado.

A história desta árvore é uma lição sobre a adaptação a um ambiente de extremos. Seu tronco paquicaule, que armazena água, sua casca que a protege do fogo, sua deciduidade que a poupa da seca e suas flores que se abrem na noite para aproveitar um nicho de polinizadores único, são todas estratégias de uma mestra da sobrevivência. É uma planta que nos ensina a guardar nossas reservas para os tempos difíceis e a florescer com a máxima beleza quando a oportunidade se apresenta, mesmo que seja na escuridão.

Aparência: Como reconhecer o Embiruçu?

Reconhecer um Embiruçu é identificar uma árvore de uma silhueta inconfundível, uma verdadeira escultura viva que se destaca na paisagem do Cerrado. A Pseudobombax tomentosum é uma árvore de porte médio a grande, que pode atingir de 8 a 20 metros de altura. Sua característica mais marcante é o tronco paquicaule, ou “barrigudo”. O tronco é engrossado na base, funcionando como um grande reservatório de água, uma adaptação crucial para sobreviver à longa estação seca. A casca é grossa, de cor acinzentada, e pode apresentar estrias esverdeadas e fissuras longitudinais, conferindo-lhe uma textura muito ornamental. Os galhos são grossos e se espalham para formar uma copa ampla e arredondada.

A folhagem do Embiruçu é exuberante e de uma beleza tropical. As folhas são compostas e digitadas (ou palmadas), formadas por 5 a 9 grandes folíolos que partem de um mesmo ponto no topo de um longo pecíolo. Os folíolos são de formato obovado a elíptico, de textura firme e, como o nome *tomentosum* indica, são densamente cobertos por um indumento aveludado de pelos estrelados, que lhes confere uma textura macia e uma tonalidade verde-acinzentada. A árvore é decídua, perdendo completamente suas folhas durante a estação seca, um evento que prepara o palco para sua espetacular floração.

A flor é o seu grande espetáculo, uma das mais exóticas e magníficas da flora brasileira. As flores são grandes, solitárias e noturnas, e brotam nos galhos nus da árvore. O botão floral é longo e oblongo. Ao se abrir, ele revela cinco pétalas longas e estreitas, que se enrolam para trás (reflexas), expondo o coração da flor. A face externa das pétalas é coberta pelo mesmo indumento aveludado e acastanhado dos ramos, enquanto a face interna é de um branco-creme. Mas a verdadeira atração é o androceu: um conjunto massivo, uma verdadeira explosão de 300 a 550 estames brancos e longos, que se projetam para fora em uma esfera perfeita, como um gigantesco pincel de barba ou um fogo de artifício branco. É esta estrutura, com mais de 10 cm de diâmetro, que constitui o principal atrativo da flor e que exala um perfume forte e almiscarado para atrair seus polinizadores.

O fruto é uma cápsula lenhosa, grande, de formato cilíndrico a claviforme, que pode atingir mais de 15 cm de comprimento. Quando maduro, o fruto, de cor castanha e textura aveludada, se abre na árvore em cinco partes (valvas) para liberar seu conteúdo algodoado.

O interior do fruto é preenchido por uma massa densa de paina, uma fibra vegetal extremamente fina, macia e sedosa, de cor acinzentada ou castanha. Em meio a esta paina, encontram-se as numerosas sementes pequenas, de cor escura. São estas sementes, envoltas em seu casulo de seda, que serão levadas pelo vento para dar início a uma nova geração de árvores-fortaleza.

Ecologia, Habitat & Sucessão do Embiruçu

A ecologia da Pseudobombax tomentosum é a de uma especialista em ambientes sazonais e rochosos, uma árvore que é um pilar dos ecossistemas de Cerrado. Ela é uma das espécies mais características do Cerrado *lato sensu*, mas com uma clara preferência por afloramentos rochosos, especialmente os de calcário, e por florestas estacionais deciduais (as matas secas). É uma planta que prospera em solos bem drenados, sob pleno sol, e que está perfeitamente adaptada a um regime de seca prolongada e de fogo recorrente.

Sua relação com o fogo e com a seca é a chave de sua arquitetura e de seu ciclo de vida. O Embiruçu é uma pirófita e uma xerófita exemplar. Sua casca espessa a protege do fogo. Seu tronco paquicaule (barrigudo) é um reservatório de água que lhe permite atravessar a estação seca sem sofrer estresse hídrico. E sua decidualidade, a perda total das folhas, é a estratégia final para economizar água durante os meses mais difíceis. É neste período, quando a árvore está nua e aparentemente sem vida, que ela investe toda a sua energia acumulada em sua espetacular floração.

Na dinâmica de sucessão, o Embiruçu é uma espécie de estágios avançados, sendo um membro permanente da comunidade clímax das florestas secas e dos cerradões. Seu crescimento é lento, e sua estratégia é de longa permanência, tornando-se uma árvore monumental que pode viver por séculos, testemunhando a história da paisagem ao seu redor.

As interações com a fauna são um espetáculo noturno e de grande importância para a biodiversidade. A polinização de suas flores grandes, brancas, noturnas e de odor forte é um exemplo clássico de quiropterofilia (polinização por morcegos) e falenofilia (polinização por mariposas). Morcegos nectarívoros e grandes mariposas-esfinge são os principais visitantes, atraídos pelo perfume e pela farta recompensa de néctar. Ao se alimentarem, eles mergulham na esfera de estames e se cobrem de pólen, que é então transportado para a próxima flor. É uma parceria vital que se desenrola na escuridão da noite do Cerrado.

A dispersão de suas sementes é uma parceria com o vento. A estratégia é a anemocoria. Quando as grandes cápsulas se abrem, a massa de paina, com as pequenas sementes presas a ela, é arrancada pelas correntes de ar. A paina funciona como um algodão voador, um veículo que permite que o vento transporte as sementes por longas distâncias, garantindo a colonização de novas áreas abertas e ensolaradas na vasta paisagem do Cerrado.

Usos e Aplicações do Embiruçu

O Embiruçu é uma árvore de uma generosidade imensa, cujas aplicações vão desde o conforto de um travesseiro de paina até a cura na medicina popular e o embelezamento de paisagens. Os usos da Pseudobombax tomentosum refletem a riqueza que se esconde em sua aparência rústica e escultural.

Seu uso mais conhecido e tradicional é o de sua paina. A fibra sedosa e macia que envolve as sementes, também conhecida como “kapok do cerrado”, é um material de alta qualidade. É uma fibra leve, com excelentes propriedades de isolamento térmico e de flutuabilidade. É tradicionalmente utilizada como um enchimento nobre para travesseiros, almofadas, colchões e bichos de pelúcia. É um material naturalmente hipoalergênico e sustentável, uma alternativa ecológica de grande valor. As aves do Cerrado também utilizam a paina para a construção de seus ninhos.

Na medicina tradicional, o Embiruçu é muito valorizado. O chá da casca do tronco é um remédio popular para o tratamento de tosses, bronquites e outras afecções respiratórias, por suas propriedades expectorantes. Também é utilizado como um anti-inflamatório para o alívio de dores reumáticas e como um tônico para a fraqueza. As flores também são empregadas em infusões para o tratamento de tosses.

O seu valor ornamental é extraordinário. Com seu tronco escultural e “barrigudo”, sua folhagem ornamental e, principalmente, sua floração noturna espetacular, o Embiruçu é uma das árvores mais impressionantes para o paisagismo. É a escolha perfeita para jardins de inspiração no Cerrado, para jardins de rocha e para o xeriscaping. É uma árvore-escultura que se torna o ponto focal de qualquer paisagem. A madeira do Embiruçu é muito leve, macia e de baixa durabilidade, não sendo aproveitada para fins de construção, mas sim para a confecção de caixotaria, artesanato, gamelas e canoas de um tronco só.

Seu papel ecológico na restauração do Cerrado, especialmente em áreas de afloramentos rochosos e de matas secas, é fundamental, por sua capacidade de resistir às condições mais extremas.

Cultivo & Propagação do Embiruçu

Cultivar um Embiruçu é um convite a ter no jardim um monumento vivo, uma árvore que é uma obra de arte da natureza e um espetáculo que se revela a cada anoitecer durante sua floração. A propagação da Pseudobombax tomentosum a partir de sementes é um processo surpreendentemente simples, que reflete a natureza pioneira de sua estratégia de dispersão.

O ciclo começa com a coleta da paina, que deve ser feita quando os frutos (as cápsulas) se abrem na árvore, geralmente no final da estação seca. As sementes pequenas e escuras devem ser separadas manualmente da massa de fibras. As sementes do Embiruçu, envoltas em sua lã protetora, não apresentam dormência e germinam com grande facilidade.

A semeadura deve ser feita em um substrato bem drenado, como uma mistura de terra e areia, em sacos de mudas ou tubetes. As sementes devem ser cobertas com uma fina camada de substrato. A germinação é rápida e com alta taxa de sucesso, ocorrendo geralmente em 2 a 4 semanas. As mudas de Pseudobombax tomentosum devem ser cultivadas a pleno sol.

O crescimento da árvore é rápido, especialmente nos primeiros anos. Esta velocidade, aliada à sua rusticidade, a torna uma espécie de fácil cultivo. Em poucos anos, a árvore já começa a desenvolver seu característico tronco engrossado e a presentear o cultivador com suas primeiras e espetaculares florações noturnas.

O plantio do Embiruçu é ideal para o paisagismo em grandes áreas, como parques e fazendas, onde sua forma escultural pode ser plenamente apreciada. É também uma escolha excepcional para a restauração de áreas degradadas no Cerrado, especialmente em encostas rochosas e em matas secas. É uma árvore que recompensa com sua beleza única, sua resiliência e a magia de suas flores que se abrem para a noite.

Referências utilizadas para o Embiruçu

Esta descrição detalhada da Pseudobombax tomentosum foi construída com base em fontes científicas de alta credibilidade e na rica documentação sobre a flora do Cerrado. O objetivo foi criar um retrato completo que celebra a beleza escultural, a ecologia noturna e os múltiplos dons desta árvore-fortaleza. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Carvalho-Sobrinho, J.G.; Yoshikawa, V.N. Pseudobombax in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://florabrasil.jbrj.gov.br/FB25764>. Acesso em: 26 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos, morfológicos e de distribuição oficial).
• Robyns, A. 1963. Essai de monographie du genre *Bombax* L. s.l. (Bombacaceae). Bulletin du Jardin Botanique de l’État à Bruxelles, 33, 1-311. (A mais completa revisão do grupo, fundamental para a compreensão do gênero *Pseudobombax*).
• Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 1. 1ª ed. Editora Plantarum, Nova Odessa, SP. (Fonte essencial para informações práticas sobre cultivo, usos e características gerais).
• Almeida, S.P. de, et al. 1998. Cerrado: espécies vegetais úteis. Embrapa-CPAC, Planaltina, DF. (Referência chave para os usos tradicionais da paina e de outras partes da planta).
• Ribeiro, J.F. & Walter, B.M.T. 2008. As principais fisionomias do bioma Cerrado. In: Sano, S.M., Almeida, S.P. & Ribeiro, J.F. (Eds.). Cerrado: ecologia e flora. Embrapa Cerrados, Planaltina, DF. pp. 151-212. (Contextualização da ecologia do Cerrado e das árvores de casca espessa e tronco paquicaule).
• Martius, C.F.P. von. 1827. In: St.-Hilaire, A., et al., Flora Brasiliae Meridionalis, vol. 1(7), p. 263. (Publicação onde o basiônimo da espécie, *Carolinea tomentosa*, foi descrito).

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