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Sementes de Fava-atanã – Parkia gigantocarpa

Vendido por: Emergente Florestal
Disponibilidade:

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Família: Fabaceae
Espécie: Parkia gigantocarpa
Divisão: Angiospermas
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales

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Introdução & Nomenclatura da Fava-atanã

Na imensa catedral verde que é a Floresta Amazônica, a vida se desdobra em escalas de grandeza que desafiam a imaginação. A Fava-atanã, de nome científico Parkia gigantocarpa, é uma das protagonistas deste espetáculo de monumentalidade. É uma árvore emergente, que se eleva acima do dossel, com uma copa ampla como um guarda-chuva e uma folhagem tão fina e delicada que parece uma névoa verde. Mas sua verdadeira singularidade se revela na noite, quando de seus galhos pendem longos pedúnculos que sustentam inflorescências em forma de clava, verdadeiros lustres biológicos que gotejam néctar para atrair seus parceiros alados, os morcegos. E, como seu nome promete, ela produz uma das maiores “favas” da floresta, um fruto de dimensões impressionantes.

O nome científico, Parkia gigantocarpa Ducke, é uma descrição precisa de sua linhagem e de sua característica mais imponente. O gênero, *Parkia*, é uma homenagem ao explorador escocês Mungo Park, que desbravou a África, onde o gênero também tem importantes representantes. O epíteto específico, *gigantocarpa*, vem do grego *gigas* (gigante) e *karpos* (fruto), significando “de fruto gigante”. É um nome que celebra a escala de suas vagens lenhosas. Seus nomes populares, como Faveira-atanã ou Fava-atanã, reforçam a grandiosidade de seu fruto, enquanto o nome Visgueiro, por vezes aplicado a ela, pode aludir à polpa amarelada e pegajosa que envolve suas sementes.

A Fava-atanã é uma joia da flora Amazônica, uma espécie nativa que domina as paisagens das florestas de terra firme. Sua ocorrência no Brasil está concentrada no coração da Amazônia, nos estados do Amazonas, Amapá e Pará. É uma árvore que personifica a grandiosidade e as complexas interações noturnas deste bioma. Ter uma semente de *Parkia gigantocarpa* em mãos é ter a promessa de cultivar uma das mais rápidas e majestosas árvores da Amazônia, um monumento vivo que é um pilar para a sustentação da fauna noturna e um testemunho da exuberância da vida na floresta.

Aparência: Como reconhecer a Fava-atanã?

Reconhecer a Fava-atanã é levantar os olhos para o topo do dossel e encontrar uma copa de uma arquitetura inconfundível. A Parkia gigantocarpa é uma árvore emergente de grande porte, que pode atingir mais de 40 metros de altura. Seu tronco é reto e cilíndrico, e a copa é ampla e achatada no topo, em formato de umbela, uma silhueta clássica que se espalha sobre as outras árvores em busca de sol. A casca é relativamente lisa, com fissuras e lenticelas.

A folhagem é de uma delicadeza espetacular, que contrasta com a robustez da árvore. As folhas são bipinadas e muito grandes, podendo passar de 60 cm de comprimento. São compostas por numerosos pares de pinas, cada uma dividida em dezenas de folíolos minúsculos. O resultado é uma folhagem de aparência extremamente fina e plumosa, que cria uma sombra leve e difusa. A face inferior dos folíolos é coberta por uma fina camada de cera branca, o que lhe confere um tom prateado.

A inflorescência é a sua característica mais exótica e uma maravilha da evolução. Ela é do tipo capítulo, um agrupamento denso de centenas de flores minúsculas. O que a torna única é sua forma e sua posição. O capítulo é clavado (em forma de clava ou porrete) e pendente, ou seja, ele pende dos galhos em um pedúnculo lenhoso e muito longo, que pode ter mais de um metro de comprimento. Esta estrutura, que se parece com um lustre ou um microfone pendurado, fica bem abaixo da copa, em espaço aberto, para ser facilmente encontrada pelos morcegos. As flores que produzem néctar se concentram na base da clava, e as que produzem pólen, na ponta.

O fruto é o que dá nome à espécie: a “fava gigante”. É uma vagem lenhosa, indeiscente, de formato oblongo e achatado, que pode atingir proporções monumentais, com mais de 30 cm de comprimento e 5 cm de largura. É um dos maiores frutos do gênero. A vagem é dura, de cor marrom-escura, e não se abre sozinha, necessitando da ação de animais ou da decomposição para liberar as sementes.

As sementes são grandes, de formato ovoide e com uma casca dura. Elas se encontram imersas em uma polpa amarelada, farinácea e adocicada, que preenche o interior da vagem. É esta polpa que serve como recompensa para os animais que conseguem quebrar a fortaleza da fava gigante.

Ecologia, Habitat & Sucessão da Fava-atanã

A ecologia da Parkia gigantocarpa é uma sinfonia de interações noturnas e de estratégias de vida acelerada. Seu habitat exclusivo é o bioma Amazônia, onde ela é uma espécie característica da Floresta de Terra Firme. É uma árvore de solos bem drenados, que necessita de muita luz para atingir seu potencial máximo, sendo frequentemente encontrada em clareiras naturais ou em florestas em regeneração.

Na dinâmica de sucessão, a Fava-atanã se comporta como uma espécie pioneira e secundária inicial de grande porte. Seu crescimento é muito rápido, uma estratégia para superar as plantas competidoras e alcançar rapidamente o dossel da floresta. Ela é uma das gigantes que primeiro colonizam as grandes clareiras, desempenhando um papel crucial na estruturação inicial da regeneração florestal em larga escala.

A sua interação reprodutiva com a fauna é um dos exemplos mais espetaculares de quiropterofilia (polinização por morcegos) em todo o reino vegetal. A inflorescência pendente, em forma de clava e suspensa por um longo cabo, é uma adaptação perfeita para este tipo de polinização. Ela fica livre de galhos e folhas, permitindo que os morcegos a localizem facilmente através da ecolocalização. Durante a noite, o capítulo produz uma grande quantidade de néctar que escorre de suas flores basais. O morcego se agarra à inflorescência para lamber o néctar e, ao fazer isso, seu peito e cabeça são polvilhados com o pólen das flores férteis localizadas na ponta. Ao voar para outra árvore, ele realiza a polinização cruzada.

A dispersão de suas sementes é uma parceria com a fauna terrestre. A estratégia é a zoocoria. As vagens enormes e lenhosas caem no chão da floresta. Por serem indeiscentes, elas dependem de grandes mamíferos com dentes fortes para serem abertas. Antas, queixadas e grandes roedores, como as cutias e pacas, são os principais dispersores. Eles roem a vagem dura para consumir a polpa adocicada e as sementes ricas em nutrientes. As cutias, em particular, têm o hábito de enterrar as sementes para consumi-las depois, mas muitas vezes se esquecem de onde as guardaram. São estas sementes esquecidas que germinam e dão origem a novas árvores, em um belo exemplo de dispersão por hoarding.

Usos e Aplicações da Fava-atanã

A Fava-atanã é uma árvore de grande generosidade, cujas aplicações vão desde a alimentação e a medicina tradicional até a recuperação de ecossistemas e o fornecimento de madeira leve. Os usos da Parkia gigantocarpa refletem sua importância para a vida na Amazônia.

Seu uso mais direto é o alimentício. A polpa amarelada e farinácea que envolve as sementes é adocicada e comestível, sendo consumida *in natura* por comunidades indígenas e ribeirinhas. Esta polpa pode ser dissolvida em água para fazer uma bebida nutritiva ou ser transformada em uma farinha rica em carboidratos. As sementes também são comestíveis após serem cozidas ou torradas, sendo uma importante fonte de proteína.

Na medicina popular, a casca da Fava-atanã é utilizada no preparo de chás e decoctos. Rica em taninos, ela é empregada como um poderoso adstringente para o tratamento de diarreias e disenterias. Também é usada externamente para a limpeza de feridas e em banhos para o alívio de inflamações.

A madeira da Parkia gigantocarpa é leve, macia e de baixa durabilidade natural, como é típico de espécies de crescimento muito rápido. É utilizada localmente para a confecção de canoas (por ser fácil de escavar), caixotaria, brinquedos e como matéria-prima para a indústria de polpa e papel. Seu valor ecológico é imenso. Como uma pioneira de grande porte e de crescimento rápido, ela é uma espécie estratégica para a restauração de grandes áreas degradadas na Amazônia. E sua importância como fonte de alimento para morcegos e mamíferos terrestres a torna uma espécie-chave para a manutenção da biodiversidade.

Cultivo & Propagação da Fava-atanã

Cultivar uma Fava-atanã é um convite a participar da regeneração da Amazônia em ritmo acelerado. A propagação da Parkia gigantocarpa a partir de sementes é um processo que, com os devidos cuidados para superar a dormência, recompensa com uma das árvores de crescimento mais rápido e de ecologia mais fascinante da floresta.

O ciclo começa com a coleta das vagens gigantes, que deve ser feita quando estão maduras e caem da árvore. As vagens são extremamente duras e precisam ser abertas com o auxílio de um facão ou serrote para a extração das sementes. As sementes possuem uma casca (tegumento) muito dura e impermeável, o que lhes confere uma forte dormência física. A escarificação é um passo obrigatório para o sucesso da germinação.

O tratamento mais eficaz é a escarificação mecânica, lixando-se a casca da semente no lado oposto ao hilo, ou a imersão em água quente. Após o tratamento, a semeadura deve ser feita em um substrato fértil e bem drenado, em sacos de mudas de grande volume, a uma profundidade de 2 a 3 cm. A germinação, após a escarificação, é rápida, ocorrendo em 1 a 3 semanas.

As mudas de Fava-atanã apresentam um crescimento extremamente rápido e devem ser mantidas a pleno sol, com irrigações regulares para sustentar seu desenvolvimento vigoroso. Em poucos meses, as mudas já atingem um porte excelente para o plantio no campo. No campo, seu desenvolvimento continua acelerado, e a árvore pode atingir alturas impressionantes em seus primeiros anos.

O plantio da Parkia gigantocarpa é ideal para reflorestamentos em larga escala na Amazônia, para a rápida formação de um dossel em áreas degradadas e para a composição de sistemas agroflorestais. Devido ao seu porte monumental, não é uma árvore recomendada para espaços pequenos, mas sim para projetos que visam a restauração da grandiosidade e da funcionalidade da floresta amazônica.

Referências utilizadas para a Fava-atanã

Esta descrição detalhada da Parkia gigantocarpa foi construída com base em fontes científicas de alta credibilidade, com destaque para a monografia neotropical do gênero *Parkia* e em manuais de referência sobre a flora amazônica. O objetivo foi criar um retrato completo que celebra sua monumentalidade, sua fascinante biologia noturna e seu papel vital como uma gigante pioneira. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Oliveira, L.C.; Hopkins, M. Parkia in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://florabrasil.jbrj.gov.br/FB78941>. Acesso em: 23 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos, morfológicos e de distribuição oficial).
• Hopkins, H.C.F. 1986. *Parkia* (Leguminosae: Mimosoideae). Flora Neotropica Monograph, 43, 1-124. (A mais importante e completa revisão do gênero para as Américas, fundamental para esta descrição).
• Lorenzi, H. 1998. Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 2. 1ª ed. Editora Plantarum, Nova Odessa, SP. (Fonte essencial para informações práticas sobre cultivo, usos e características gerais).
• Ribeiro, J.E.L. da S., et al. 1999. Flora da Reserva Ducke: Guia de identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra-firme na Amazônia Central. INPA-DFID, Manaus. (Contextualização da espécie dentro da flora amazônica).
• Ducke, A. 1922. Plantes nouvelles ou peu connues de la région amazonienne. Archivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 3, 3-281. (Publicação onde a espécie foi originalmente descrita).
• van der Pijl, L. 1957. The dispersal of plants by bats (chiropterochory). Acta Botanica Neerlandica, 6(3), 291-315. (Artigo clássico que contextualiza a polinização e dispersão por morcegos).

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