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Sementes de Garapa – Apuleia leiocarpa

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Família: Fabaceae
Espécie: Apuleia leiocarpa
Divisão: Angiospermas
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales

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Introdução & Nomenclatura da Garapa

Na imensa e diversa nação de árvores que é o Brasil, poucas espécies podem se orgulhar de ter uma cidadania tão plena quanto a Garapa. Seu nome científico é Apuleia leiocarpa, e ela é uma verdadeira pan-brasileira, uma árvore que se sente em casa desde a umidade da Amazônia até os campos do Sul, passando pela aridez da Caatinga e pela savana do Cerrado. Sua capacidade de adaptação é um testemunho de sua força e de sua linhagem antiga. Mas a Garapa é mais do que uma sobrevivente; é uma fonte de riqueza. Sua madeira, de um belo e quente tom amarelo-dourado, é uma das mais apreciadas e valiosas do país, um verdadeiro “ouro vegetal” que combina beleza, força e durabilidade.

A riqueza de sua presença se reflete na multiplicidade de seus nomes populares, uma crônica de sua relação com as diversas culturas do Brasil. No Sul e Sudeste, é a Garapa ou Grapiá. Na Amazônia, onde seu brilho se destaca, é o Amarelão, a Muirajuba (que em Tupi significa “árvore amarela”) ou o Cumaru-cetim, um nome que celebra o brilho acetinado de sua madeira. No Nordeste, é a Mulateira. Cada nome é uma faceta de sua identidade, um reconhecimento de suas qualidades.

O nome científico, Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr., conta sua história botânica. O gênero, *Apuleia*, foi nomeado em homenagem a Lúcio Apuleio, o autor romano. O epíteto específico, *leiocarpa*, vem do grego *leios* (liso) e *karpos* (fruto), significando “de fruto liso”. Seus sinônimos, como seu basiônimo *Leptolobium leiocarpum* e o famoso *Apuleia molaris*, marcam sua jornada de classificação. Nativa de quase toda a América do Sul, é no Brasil que ela encontra sua mais vasta e expressiva morada, ocorrendo em quatro dos nossos grandes biomas. Ter uma semente de Garapa é ter em mãos a promessa de cultivar uma das árvores mais nobres, úteis e brasileiras que existem, um verdadeiro pilar da nossa flora.

Aparência: Como reconhecer a Garapa?

Reconhecer uma Garapa é identificar uma gigante de copa frondosa e de uma beleza que se revela nos detalhes de suas flores e frutos. A Apuleia leiocarpa é uma árvore de grande porte, que pode atingir de 25 a 40 metros de altura na floresta, com um tronco reto, robusto e cilíndrico, que pode ultrapassar um metro de diâmetro. A copa é ampla, densa e arredondada, proporcionando uma sombra generosa. A casca é grossa, de cor acinzentada a castanha, e se desprende em placas irregulares, revelando uma casca interna mais clara.

A folhagem é exuberante e ornamental. As folhas são compostas e imparipinadas, formadas por 5 a 13 folíolos alternos. Os folíolos são de formato elíptico a lanceolado, de textura firme e de um verde-brilhante na face superior, conferindo à copa uma aparência densa e viçosa. A árvore é semi-decídua, perdendo parte de suas folhas durante a estação seca, um evento que geralmente precede a floração.

As flores da Garapa são um exemplo fascinante de minimalismo evolutivo. Elas são pequenas, de cor branca ou creme, e se agrupam em grandes inflorescências do tipo panícula, que surgem no final dos ramos. A sua estrutura é muito peculiar e a distingue de quase todas as outras leguminosas: cada flor possui apenas três sépalas e três pétalas, e um número reduzido de estames (geralmente dois ou três). Esta simplicidade estrutural, no entanto, não diminui sua importância. A floração é abundante, cobrindo a copa da árvore com uma delicada névoa esbranquiçada e perfumada, um banquete para os pequenos insetos polinizadores.

O fruto é a sua assinatura para a dispersão. É um fruto samaroide, ou seja, uma vagem (legume) indeiscente, achatada e alada, onde o fruto inteiro funciona como uma asa. É de formato elíptico a circular, de consistência lenhosa e de cor castanha. O fruto é “liso” (*leiocarpa*), sem a pubescência de outras espécies, e contém de uma a quatro sementes em seu interior.

As sementes são pequenas, de formato obovoide e de cor escura. Elas são as portadoras da herança genética desta árvore magnífica e adaptável, prontas para viajar com o vento e dar início a um novo gigante dourado na paisagem.

Ecologia, Habitat & Sucessão da Garapa

A ecologia da Apuleia leiocarpa é a de uma generalista de sucesso, uma espécie de uma plasticidade extraordinária que lhe permitiu conquistar os mais diversos ambientes do Brasil. Sua presença nos biomas da Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica a consagra como uma das árvores de mais ampla distribuição do país. Ela habita desde as Florestas de Terra Firme da Amazônia e as Florestas Ombrófilas da Mata Atlântica, até as Florestas Estacionais Semideciduais e as Matas de Galeria do Cerrado, e as matas mais secas da Caatinga. É uma árvore que demonstra uma incrível tolerância a diferentes regimes de chuva e tipos de solo.

Na dinâmica de sucessão ecológica, a Garapa é classificada como uma espécie secundária tardia, mas com características de pioneira. Ela é uma espécie de longa vida, que compõe o dossel de florestas maduras. No entanto, seu crescimento é relativamente rápido para uma madeira de lei, e ela tem uma boa capacidade de se estabelecer em clareiras e em florestas secundárias, o que a torna uma espécie muito importante para a dinâmica de regeneração florestal.

As interações com a fauna são focadas na perpetuação da espécie. A polinização de suas flores pequenas e de estrutura simples é realizada por uma grande diversidade de insetos, principalmente abelhas nativas de pequeno porte. A floração massiva a torna uma importante fonte de recursos para a comunidade de polinizadores, sendo considerada uma excelente planta apícola.

A dispersão de suas sementes é uma parceria com o vento. A estratégia é a anemocoria. Os frutos samaroides, planos e relativamente leves, ao se desprenderem do alto da copa, são carregados pelas correntes de ar. O formato achatado faz com que eles planem e girem, o que lhes permite viajar por longas distâncias antes de aterrissar. Esta dispersão eficiente é um dos fatores que explicam a capacidade da Garapa de colonizar uma área geográfica tão vasta e diversificada.

Usos e Aplicações da Garapa

A Garapa é uma das árvores mais importantes e valiosas da silvicultura e da marcenaria brasileira, uma fonte de madeira de alta qualidade que une beleza, força e durabilidade. Suas aplicações são um testemunho de suas excelentes propriedades, que a tornam uma escolha de primeira linha para uma vasta gama de finalidades.

Seu uso mais nobre e economicamente importante é na madeira, que é frequentemente chamada de “Ouro Amarelo” das florestas. A madeira da Apuleia leiocarpa é pesada, dura, de alta resistência mecânica e, principalmente, de alta durabilidade natural. Ela é muito resistente ao ataque de fungos apodrecedores e de cupins, o que a torna ideal para usos externos. O cerne possui uma bela coloração que vai do amarelo-dourado ao castanho-claro, com um brilho e um grão que a tornam muito decorativa.

Suas aplicações são inúmeras. Na construção civil pesada e externa, é usada para vigas, caibros, postes, pontes, dormentes de ferrovias e, especialmente, para a fabricação de decks, pergolados e assoalhos de alta resistência. Na marcenaria fina, é empregada na produção de móveis de luxo, portas, janelas e esquadrias. Na construção naval, é usada para a confecção de cascos e estruturas de barcos. É uma madeira de performance excepcional e de grande beleza.

O valor ecológico da espécie é imenso. Por sua ampla distribuição e adaptabilidade, e por seu alto valor econômico, a Garapa é uma das espécies mais estratégicas para a restauração de áreas degradadas com fins produtivos. Seu plantio em sistemas mistos ou em plantações comerciais manejadas de forma sustentável é uma alternativa inteligente para a produção de madeira nobre, ajudando a reduzir a pressão sobre as florestas nativas. Na medicina tradicional, a casca, rica em taninos, é utilizada como adstringente.

Cultivo & Propagação da Garapa

Cultivar uma Garapa é um investimento em um dos maiores tesouros madeireiros do Brasil. A propagação da Apuleia leiocarpa a partir de sementes é um processo bem estabelecido, e seu crescimento relativamente rápido a torna uma das espécies de madeira de lei mais promissoras para a silvicultura no país.

O ciclo começa com a coleta dos frutos samaroides, que deve ser feita quando eles estão secos e começam a cair da árvore. As sementes se encontram no interior do fruto, que é duro e precisa ser aberto mecanicamente para liberá-las. As sementes, como as de muitas leguminosas, possuem uma casca dura e impermeável que lhes confere dormência física. A escarificação é, portanto, um passo fundamental para o sucesso da germinação.

O tratamento mais eficaz é a escarificação mecânica, lixando-se a casca da semente, ou a imersão em ácido sulfúrico (um processo para profissionais). A imersão em água quente também pode apresentar bons resultados. Após o tratamento, a semeadura deve ser feita em um substrato bem drenado, em sacos de mudas ou tubetes. A germinação, após a escarificação, é rápida, ocorrendo em 2 a 4 semanas.

As mudas de Garapa apresentam um crescimento moderado a rápido para uma espécie de madeira de lei. Elas devem ser cultivadas a pleno sol e são bastante rústicas. Em dois anos, a árvore já pode atingir de 2 a 3 metros de altura no campo. A primeira floração e frutificação ocorrem a partir do oitavo ano.

O plantio da Apuleia leiocarpa é ideal para plantações comerciais de madeira, para a composição de sistemas agroflorestais de ciclo longo, para a restauração de áreas degradadas em todo o Brasil e para o paisagismo em grandes áreas, como uma majestosa árvore de sombra.

Referências utilizadas para a Garapa

Esta descrição detalhada da Apuleia leiocarpa foi construída com base em fontes científicas de alta credibilidade, na vasta documentação sobre a tecnologia de sua madeira e em manuais de referência sobre a flora e a silvicultura do Brasil. O objetivo foi criar um retrato completo que celebra a importância econômica, a resiliência ecológica e a beleza desta árvore tão fundamental para o nosso país. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Falcão, M.J.A.; Mansano, V.F. Apuleia in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://florabrasil.jbrj.gov.br/FB22796>. Acesso em: 24 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos, morfológicos e de distribuição oficial).
• Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 1. 1ª ed. Editora Plantarum, Nova Odessa, SP. (A mais importante fonte para informações práticas sobre cultivo, usos da madeira e características gerais).
• Carvalho, P.E.R. 2003. Espécies Arbóreas Brasileiras, Vol. 1. Embrapa Informação Tecnológica, Brasília, DF. (Compêndio detalhado da Embrapa com informações silviculturais e ecológicas).
• Sousa, F.P.S.T., Lewis, G.P. & Hawkins, J.A. 2010. A revision of the South American genus *Apuleia* (Leguminosae, Cassieae). Kew Bulletin, 65, 225–232. (A mais completa revisão do gênero, fundamental para esta descrição).
• Mainieri, C. & Chimelo, J.P. 1989. Fichas de características das madeiras brasileiras. 2ª ed. Publicação IPT n. 1791. São Paulo, SP. (Fonte técnica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas sobre as propriedades da madeira de Garapa).
• Macbride, J.F. 1919. Notes on certain Leguminosae. Contributions from the Gray Herbarium of Harvard University, 59, 23. (Publicação onde a combinação *Apuleia leiocarpa* foi estabelecida).

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