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Sementes de Mirindiba – Buchenavia tomentosa

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Família: Combretaceae
Espécie: Terminalia corrugata
Divisão: Angiospermas
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Myrtales

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Introdução & Nomenclatura da Mirindiba

Na grande biblioteca da vida, os nomes são como etiquetas que nos ajudam a organizar o conhecimento. Mas, por vezes, a ciência nos convida a olhar mais de perto e a reescrever uma etiqueta, revelando um parentesco antes insuspeito. Esta é a história da Mirindiba, uma árvore majestosa que por mais de um século foi conhecida no mundo científico como Buchenavia tomentosa. No entanto, avanços recentes na genética e na botânica nos mostraram que ela, na verdade, pertence à antiga e nobre linhagem das *Terminalia*, sendo seu nome correto hoje Terminalia corrugata. Esta mudança não apaga sua história, mas a enriquece, colocando-a em seu devido lugar na grande árvore da vida e nos ensinando que a identidade de um ser é constante, mesmo que nossa forma de chamá-lo evolua.

Os nomes desta árvore são um mapa de sua jornada. O popular “Mirindiba”, ou suas variações como Mirindiba-rosa, tem origem na língua Tupi, *miri’diwa*, que pode ser traduzido como “folha pequena” ou “árvore de fruto doce”, um aceno à sua folhagem delicada e aos seus frutos apreciados pela fauna. Os nomes científicos contam a história de sua descoberta: *Buchenavia* foi uma homenagem ao botânico Franz Buchenau; *tomentosa* é o latim para “peludo”, descrevendo os pelos finos em suas folhas jovens. O nome atual, Terminalia, refere-se ao hábito de muitas espécies do gênero de agruparem suas folhas na porção *terminal* dos ramos, enquanto *corrugata* significa “enrugada”, uma provável alusão à superfície de seus frutos quando secos.

A Mirindiba é uma espécie nativa de uma vasta área da América do Sul, sendo um componente vital das florestas do Brasil. Sua presença é marcante nos biomas da Amazônia e da Mata Atlântica, estendendo-se também pelas matas de galeria do Cerrado. É uma árvore de florestas maduras, um símbolo da exuberância e da biodiversidade de nossos ecossistemas mais ricos. Ter uma semente de *Terminalia corrugata* é ter em mãos a promessa de cultivar uma árvore de madeira nobre, de frutos que alimentam a vida selvagem e de uma história fascinante sobre a contínua jornada da descoberta científica.

Aparência: Como reconhecer a Mirindiba?

Reconhecer a Mirindiba é identificar uma árvore de porte majestoso e de uma arquitetura elegante, característica de sua nova família. A Terminalia corrugata é uma árvore de grande porte, que pode atingir de 15 a 35 metros de altura, emergindo no dossel da floresta. Seu tronco é geralmente reto e cilíndrico, com uma casca de cor acinzentada que se torna mais áspera e fissurada com a idade. Uma de suas características mais belas é a arquitetura de sua copa, com os galhos muitas vezes dispostos em patamares horizontais, criando um efeito de pagode, uma silhueta que lhe confere uma nobreza distinta na paisagem florestal.

As folhas são o que a define como uma *Terminalia*. Elas são simples, de formato obovado (a parte mais larga voltada para o ápice) e se agrupam em rosetas na extremidade dos ramos. Esta disposição terminal é a assinatura do gênero. As folhas são de textura firme (subcoriácea) e, como o nome *tomentosa* sugere, as folhas jovens e os ramos novos são frequentemente cobertos por uma fina camada de pelos aveludados de cor ferrugínea ou dourada, que lhes confere uma beleza e uma suavidade ao toque. Com a maturidade, as folhas podem se tornar mais lisas.

As flores da Mirindiba são pequenas, discretas e de uma beleza delicada. Elas não possuem pétalas e se agrupam em inflorescências do tipo espiga, que são cachos alongados e densos que surgem nas axilas das folhas, perto da ponta dos ramos. As flores são de cor creme, esverdeada ou amarelada, e o que se destaca são seus numerosos estames. Embora não sejam um espetáculo de cores vistosas, a floração é abundante e perfumada, atraindo uma grande quantidade de insetos polinizadores e transformando a copa em um centro de atividade.

O fruto é uma drupa, um fruto carnoso com uma única semente em seu interior, semelhante a uma pequena ameixa ou azeitona. Medindo de 2 a 4 cm, o fruto da Terminalia corrugata amadurece adquirindo uma coloração que pode variar do amarelo ao vermelho ou roxo-escuro. A polpa é suculenta, de sabor adocicado e levemente adstringente, sendo muito apreciada pela fauna. A superfície do fruto, quando seco, pode se tornar enrugada, o que provavelmente inspirou o epíteto *corrugata*.

A semente única, protegida dentro de um endocarpo fibroso, é o coração do fruto. É através desta semente que a Mirindiba perpetua sua linhagem, dependendo inteiramente de seus parceiros animais para transportá-la e plantá-la em um novo lar na floresta.

Ecologia, Habitat & Sucessão da Mirindiba

A ecologia da Terminalia corrugata é a de uma espécie de florestas maduras, um pilar de estabilidade e uma fonte vital de alimento nos ecossistemas onde habita. Seu lar são as florestas tropicais úmidas da Amazônia (em florestas de terra firme) e da Mata Atlântica, com incursões pelas matas de galeria que cortam o Cerrado. É uma árvore de solos bem drenados e férteis, que precisa de um ambiente florestal estabelecido para prosperar.

Na dinâmica de sucessão ecológica, a Mirindiba é uma espécie de estágios avançados, classificada como secundária tardia ou clímax. Seu crescimento é lento a moderado, e sua estratégia de vida é voltada para a longevidade e a competição no dossel superior. Ela não é uma colonizadora de áreas abertas, mas sim um membro da aristocracia da floresta, crescendo lentamente sob a sombra de outras árvores até encontrar seu lugar ao sol. Sua presença em uma área é um indicador de um alto grau de conservação e de um ecossistema em equilíbrio.

As interações com a fauna são um dos seus mais importantes serviços ecossistêmicos. A polinização de suas pequenas e numerosas flores é realizada por uma grande diversidade de insetos, principalmente abelhas, vespas e moscas, que são atraídos pelo pólen e pelo néctar. A floração massiva a torna uma fonte de recursos importante para a comunidade de polinizadores.

A dispersão de suas sementes é um magnífico exemplo de zoocoria, a dispersão por animais. Seus frutos carnosos, adocicados e de cores vistosas são um banquete para uma vasta gama de animais frugívoros. Na copa, macacos, tucanos, arapongas e outras grandes aves se alimentam dos frutos, carregando as sementes em seu trato digestivo por longas distâncias antes de depositá-las em um novo local. No chão da floresta, os frutos que caem são consumidos por antas, pacas, cutias e outros mamíferos terrestres. A Mirindiba é, portanto, uma “árvore-mãe” para a fauna, e sua frutificação é um evento crucial que sustenta a teia da vida na floresta.

Usos e Aplicações da Mirindiba

A Mirindiba é uma árvore de grande valor, cujas aplicações vão desde o fornecimento de uma madeira de excelente qualidade até o uso de sua casca na medicina popular. Os usos da Terminalia corrugata refletem sua natureza robusta e a riqueza química de sua família.

Seu principal uso é na madeira. A madeira da Mirindiba é de alta qualidade, classificada como moderadamente pesada, dura e de boa durabilidade natural. Possui uma coloração que varia do amarelado ao castanho-avermelhado, com uma textura e um grão que a tornam muito apreciada. É utilizada na construção civil para vigas, caibros e estruturas internas; na marcenaria para a fabricação de móveis de qualidade, painéis e portas; e na construção naval, especialmente para partes de barcos que não ficam em contato permanente com a água.

Na medicina tradicional, a casca da Mirindiba, assim como a de muitas outras Combretaceae, é rica em taninos. O chá preparado com sua casca é um poderoso adstringente, sendo um remédio popular para o tratamento de diarreias, disenterias e inflamações da garganta (usado em gargarejos). Também é empregado externamente como cicatrizante para feridas e úlceras. A casca rica em taninos também pode ser utilizada para o curtimento de couro.

O valor ecológico da espécie é imenso. Como uma árvore de dossel que produz uma grande quantidade de frutos carnosos, ela é uma espécie-chave para a manutenção da fauna frugívora. Em projetos de restauração de áreas degradadas, o plantio da Mirindiba é indicado para as fases de enriquecimento de florestas secundárias, visando a reintrodução de espécies de clímax e o aumento da oferta de recursos para a vida selvagem.

Os frutos, embora muito apreciados pela fauna, também são comestíveis por humanos, com um sabor adocicado e um tanto adstringente, representando mais um recurso alimentar da nossa sociobiodiversidade, com potencial para o preparo de geleias e doces.

Cultivo & Propagação da Mirindiba

Cultivar uma Mirindiba é um investimento a longo prazo na restauração da majestade de nossas florestas. A propagação da Terminalia corrugata é um processo que reflete sua natureza de espécie de clímax, exigindo paciência, mas recompensando com uma árvore de grande beleza, valor e importância ecológica.

A propagação é feita por sementes, que devem ser extraídas dos frutos maduros. É essencial remover completamente a polpa, pois ela contém substâncias que podem inibir a germinação. As sementes devem ser lavadas e postas para secar à sombra por um ou dois dias. Elas possuem uma casca (endocarpo) dura e podem se beneficiar de uma leve escarificação mecânica ou de imersão em água por 24 a 48 horas para facilitar a germinação.

A semeadura deve ser feita em um substrato rico em matéria orgânica e com boa drenagem, em sacos de mudas ou tubetes. As sementes devem ser cobertas com uma camada de 1 a 2 cm de substrato. A germinação é lenta e irregular, podendo levar de 30 a 90 dias para ocorrer. As mudas de Mirindiba, como é típico de espécies de clímax, devem ser cultivadas em ambiente de meia-sombra nos primeiros meses, imitando as condições do sub-bosque.

O crescimento da Mirindiba é lento a moderado. É uma árvore que constrói sua força sem pressa. As mudas estarão prontas para o plantio no local definitivo quando atingirem de 40 a 60 cm. O plantio da Terminalia corrugata é ideal para o enriquecimento de florestas secundárias, para a composição de sistemas agroflorestais de ciclo longo e para o paisagismo em grandes áreas, como parques e fazendas, onde poderá se desenvolver em todo o seu potencial e se tornar uma fonte de alimento para a fauna por décadas.

Referências utilizadas para a Mirindiba

Esta descrição detalhada da Terminalia corrugata (anteriormente *Buchenavia tomentosa*) foi construída com base em fontes científicas de alta credibilidade, incluindo a taxonomia oficial da flora brasileira, revisões taxonômicas e manuais de referência sobre a flora nativa. O objetivo foi criar um retrato completo que celebra não apenas a planta, mas também o processo de descoberta científica que a reposicionou na grande árvore da vida. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Ribeiro, R.T.M.; Marquet, N.; Loiola, M.I.B. Combretaceae in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://florabrasil.jbrj.gov.br/FB22507>. Acesso em: 22 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos, de distribuição e para a relação de sinonímia).
• Maurin, O., et al. 2017. The inclusion of *Anogeissus*, *Buchenavia* and *Pteleopsis* in *Terminalia* (Combretaceae: Terminaliinae). Botanical Journal of the Linnean Society, 184(3), 312-325. (O estudo fundamental que propôs a reclassificação do gênero *Buchenavia* em *Terminalia*).
• Lorenzi, H. 1998. Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 2. 1ª ed. Editora Plantarum, Nova Odessa, SP. (Referenciado como *Buchenavia tomentosa*, é uma fonte essencial para informações práticas sobre cultivo, usos e características gerais).
• Stace, C.A. 2010. Combretaceae. Flora Neotropica Monograph, 107, 1-369. (A mais completa revisão da família para as Américas).
• Ribeiro, R.T.M. 2020. Filogenia, Taxonomia e Distribuição geográfica de *Terminalia* L. (Combretaceae) na região Neotropical com ênfase nas espécies ocorrentes no Brasil. Tese (Doutorado em Botânica) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife. (O mais recente e aprofundado estudo sobre o gênero no Brasil).
• Eichler, A.W. 1867. Combretaceae. In: Martius, C.F.P. von (ed.). Flora Brasiliensis, Vol. 14, pars 2. (A obra clássica onde o gênero *Buchenavia* foi originalmente descrito).

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