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Sementes de Oiti – Moquilea tomentosa

Vendido por: Emergente Florestal
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Família: Chrysobalanaceae
Espécie: Moquilea tomentosa
Divisão: Angiospermas
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Malpighiales

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Introdução & Nomenclatura do Oiti

Em um dia quente e ensolarado, em quase qualquer cidade do Brasil, a busca por um refúgio de sombra nos levará, muito provavelmente, para debaixo da copa densa e generosa de um Oiti. Esta árvore, hoje cientificamente chamada de Moquilea tomentosa, é a grande campeã da arborização urbana em nosso país. Com sua copa perene e sua incrível resistência à poluição e às adversidades do ambiente urbano, ela se tornou a provedora de sombra por excelência, um verdadeiro ar-condicionado natural que traz conforto e bem-estar para o nosso dia a dia. Mas sua história começa muito antes das cidades, nas florestas litorâneas do Nordeste, onde ela já desempenhava seu papel vital de nutrir a fauna e estruturar a paisagem.

A jornada de seu nome científico é uma fascinante lição sobre a ciência em movimento. Por mais de um século, esta árvore foi universalmente conhecida como *Licania tomentosa*. No entanto, estudos genéticos aprofundados, publicados em 2016, revisaram a complexa família Chrysobalanaceae e concluíram que o antigo gênero *Moquilea*, descrito no século XIX, deveria ser reestabelecido, e que o Oiti era um de seus membros legítimos. Assim, a ciência, em um belo círculo de conhecimento, devolveu à árvore seu nome original. O epíteto *tomentosa* vem do latim e significa “coberto de pelos densos e emaranhados”, uma referência à fina lã de pelos que cobre seus ramos jovens e folhas novas. O nome popular, “Oiti”, tem origem na língua Tupi e designa esta árvore de frutos característicos.

O Oiti é um tesouro nativo e endêmico do Brasil. Sua casa original é a Mata Atlântica, especificamente a Floresta Ombrófila que se estende pela costa do Nordeste, da Paraíba a Alagoas. Deste berço litorâneo, ela partiu para conquistar as cidades de todo o país, tornando-se uma das árvores mais familiares para milhões de brasileiros. Ter uma semente de Oiti em mãos é ter a promessa de cultivar uma árvore de sombra farta, de frutos que alimentam a vida selvagem e de uma resiliência que a torna uma verdadeira guardiã do bem-estar urbano e da memória de nossas florestas costeiras.

Aparência: Como reconhecer o Oiti?

Reconhecer um Oiti é identificar uma árvore de uma beleza sóbria e de uma arquitetura perfeita para a produção de sombra. A Moquilea tomentosa é uma árvore de porte médio a grande, que pode atingir de 8 a 20 metros de altura. Sua característica mais marcante é a copa extremamente densa, perene e de formato cônico a arredondado. A folhagem é tão compacta que pouca luz atravessa, criando sob ela um refúgio de sombra escura e fresca, uma de suas qualidades mais apreciadas. O tronco é geralmente reto e cilíndrico, com uma casca de cor acinzentada que se torna mais áspera e com fissuras discretas com a idade.

As folhas são simples, alternas e de textura coriácea (como couro), o que lhes confere grande resistência. O formato varia de oblongo-elíptico a lanceolado, com uma superfície superior de um verde-escuro brilhante. Os ramos jovens e as folhas novas são cobertos por um fino indumento lanoso-tomentoso de cor ferrugínea ou esbranquiçada, o que justifica o epíteto *tomentosa* e confere à brotação uma beleza aveludada.

As flores do Oiti são pequenas, discretas e de uma beleza que reside na abundância. Elas são de cor branca, creme ou esverdeada, e se agrupam em grandes inflorescências do tipo panícula, que são cachos ramificados que surgem nas axilas das folhas. Cada flor individual é pequena, mas a floração é tão massiva que a copa da árvore se enche destes pequenos pontos de luz, exalando um perfume suave e adocicado que atrai uma miríade de insetos polinizadores. A floração ocorre geralmente na primavera e no verão.

O fruto é uma drupa de formato oblongo a fusiforme, com cerca de 2 a 4 cm de comprimento. Ao amadurecer, a casca (epicarpo), que é lisa e fina, passa da cor verde para a amarela. A polpa (mesocarpo) é amarelada, relativamente seca, fibrosa e de textura “massenta”, com um sabor adocicado, mas um tanto adstringente. Embora seja comestível, não é uma fruta de grande apelo para o consumo humano, mas é um banquete para a fauna.

Dentro do fruto, encontra-se uma única semente grande, de formato oblongo e protegida por um caroço (endocarpo) lenhoso e resistente. É esta semente que carrega a herança genética desta árvore tão resiliente e generosa, pronta para germinar e se tornar mais um ponto de sombra e vida na paisagem.

Ecologia, Habitat & Sucessão do Oiti

A ecologia da Moquilea tomentosa é, em sua origem, a de uma especialista em florestas costeiras, mas em sua prática, a de uma generalista incrivelmente bem-sucedida. Seu habitat natural é a Mata Atlântica do Nordeste, onde ela é um componente das florestas tropicais pluviais, crescendo em solos que vão desde os arenosos das planícies litorâneas até os mais argilosos do interior. É uma árvore adaptada a um clima quente e úmido, mas que demonstrou uma tolerância extraordinária a condições muito diferentes.

O grande fenômeno ecológico do Oiti é sua adaptação ao ambiente urbano. Poucas árvores nativas se mostraram tão resilientes às adversidades da cidade. Suas raízes não são agressivas, raramente danificando calçadas e tubulações. Ela tolera altos níveis de poluição atmosférica, solos compactados, podas drásticas e períodos de seca, uma vez estabelecida. Esta incrível rusticidade é a razão de seu sucesso e de sua onipresença na arborização de ruas em todo o Brasil.

Na dinâmica de sucessão de sua floresta nativa, o Oiti é uma espécie de estágios mais avançados, como secundária tardia ou clímax. É uma árvore de crescimento lento a moderado e de vida longa. No entanto, em ambientes abertos e antrópicos, ela se comporta com a tenacidade de uma pioneira, sendo capaz de se estabelecer e crescer com vigor.

As interações com a fauna são um de seus mais importantes serviços ecossistêmicos. A polinização de suas pequenas e numerosas flores é realizada por uma grande diversidade de insetos, principalmente abelhas nativas de pequeno porte, que são atraídas pela oferta massiva de pólen e néctar. A dispersão de seus frutos é um exemplo clássico de zoocoria, com um destaque para a quiropterocoria, a dispersão por morcegos. Os morcegos frugívoros são os principais consumidores e dispersores de seus frutos, mas diversas espécies de aves e até mesmo de macacos também participam deste banquete, garantindo que suas sementes sejam espalhadas pela paisagem, seja ela natural ou urbana.

Usos e Aplicações do Oiti

O Oiti é uma das árvores mais úteis e de serviços mais visíveis no cotidiano brasileiro. Suas aplicações vão desde a função primordial de sombreamento urbano até o uso de sua madeira e de seus componentes na medicina popular, consagrando a Moquilea tomentosa como uma verdadeira “árvore-serviço”.

Seu uso mais importante e difundido é na arborização urbana. O Oiti é, possivelmente, a árvore mais plantada em calçadas no Brasil. As razões para esta popularidade são muitas: sua copa densa e perene fornece uma sombra de excelente qualidade durante todo o ano; suas raízes não são agressivas, o que minimiza danos a calçadas e construções; ela é extremamente resistente à poluição, às pragas e às podas; e seu porte ereto e copa fechada se adaptam bem aos espaços urbanos. É a árvore que torna as cidades mais frescas, agradáveis e habitáveis.

A madeira do Oiti é de boa qualidade, classificada como pesada, dura e de boa durabilidade. É empregada na construção civil para vigas, caibros, esteios e assoalhos, e na marcenaria para a confecção de móveis rústicos. É também uma excelente lenha e produz um carvão de alto poder calorífico.

Na medicina tradicional, a casca e as sementes do Oiti são valorizadas por suas propriedades adstringentes. O chá da casca é um remédio popular para o tratamento de diarreias e disenterias. As sementes, quando maceradas, são aplicadas topicamente sobre feridas e inflamações da pele. O fruto, embora não seja muito apreciado para o consumo humano devido à sua polpa “massenta” e adstringente, é comestível e, mais importante, é uma fonte vital de alimento para a fauna, especialmente em ambientes urbanos, onde os recursos para os animais são escassos. É um pilar para a sustentação de populações de morcegos e aves nas cidades.

O valor ecológico da espécie, para além da cidade, reside em seu potencial para a restauração da Mata Atlântica, especialmente em suas formações costeiras (restingas arbóreas) e florestas de tabuleiro, onde é uma espécie nativa e estruturante.

Cultivo & Propagação do Oiti

Cultivar um Oiti é um investimento em sombra, frescor e bem-estar para o futuro. A propagação da Moquilea tomentosa a partir de sementes é um processo que reflete a natureza robusta da árvore, sendo relativamente simples, embora exija paciência na germinação. É uma das melhores escolhas para projetos de arborização e para quem deseja uma árvore de grande porte e de baixa manutenção.

O ciclo começa com a coleta dos frutos, que deve ser feita quando eles estão maduros, com a coloração amarelada, diretamente na árvore ou no chão. O primeiro passo é o despolpamento, ou seja, a remoção completa da polpa carnosa para expor o caroço lenhoso que contém a semente. Esta etapa é crucial, pois a polpa pode inibir a germinação.

As sementes (o caroço) do Oiti apresentam dormência física, devido à sua casca lenhosa e impermeável. Para acelerar e uniformizar a germinação, a escarificação mecânica é recomendada. O processo consiste em lixar um dos lados do caroço até que a parte interna, mais clara, comece a aparecer, criando um ponto de entrada para a água. Sem este tratamento, a germinação pode ser extremamente lenta, levando muitos meses ou até mais de um ano.

Após a escarificação, a semeadura deve ser feita em um substrato arenoso e bem drenado, em sacos de mudas ou canteiros, a uma profundidade de 3 a 4 cm. A germinação é lenta, mesmo com a escarificação, ocorrendo geralmente entre 2 e 4 meses. As mudas de Oiti são rústicas e devem ser cultivadas a pleno sol ou a meia-sombra.

O crescimento da árvore é lento a moderado. É uma planta que constrói sua estrutura sem pressa, mas de forma sólida. As mudas estarão prontas para o plantio no local definitivo quando atingirem cerca de 40-50 cm. O Oiti é ideal para a arborização de ruas, praças e parques, para a formação de alamedas em grandes propriedades e para a restauração da Mata Atlântica. É uma árvore que recompensa a paciência com décadas de sombra farta e de serviços ecossistêmicos.

Referências utilizadas para o Oiti

Esta descrição detalhada da Moquilea tomentosa foi construída com base em fontes científicas de alta credibilidade, incluindo a taxonomia oficial da flora brasileira, revisões do gênero e manuais de referência sobre arborização urbana e a flora da Mata Atlântica. O objetivo foi criar um retrato completo que celebra a importância desta árvore tão comum e, ao mesmo tempo, tão vital para o bem-estar de nossas cidades e florestas. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Sothers, C.A.; Prance, G.T. Moquilea in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://florabrasil.jbrj.gov.br/FB48214>. Acesso em: 24 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos, morfológicos e de distribuição oficial).
• Sothers, C.A., Prance, G.T. & Chase, M.W. 2016. Towards a monophyletic *Licania*: a new generic classification of the polyphyletic Neotropical genus *Licania* (Chrysobalanaceae). Kew Bulletin, 71(58). (O estudo fundamental que revalidou o gênero *Moquilea*).
• Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 1. 1ª ed. Editora Plantarum, Nova Odessa, SP. (Referenciado como *Licania tomentosa*, é a mais importante fonte para informações práticas sobre cultivo, usos e características gerais).
• Prance, G.T. & Sothers, C.A. 2003. Chrysobalanaceae 1: *Chrysobalanus* to *Parinari*. Species Plantarum: Flora of the World, vol. 9. Australian Biological Resources Study, Canberra. (Monografia de referência para a família).
• Pio Corrêa, M. 1984. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas. 6 vols. Ministério da Agricultura/IBDF, Rio de Janeiro. (Obra clássica de referência para os usos e nomes populares de plantas brasileiras).
• Bentham, G. 1840. Journal of Botany, being a second series of the Botanical Miscellany 2: 215. (Publicação onde a espécie foi originalmente descrita).

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