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Sementes de Pau jacare – Piptadenia gonoacantha

Vendido por: Emergente Florestal
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Família: Fabaceae
Espécie: Piptadenia gonoacantha
Divisão: Angiospermas
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales

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Introdução & Nomenclatura do Pau-jacaré

Na imensa galeria de arte da natureza, algumas árvores se destacam por suas texturas extraordinárias, uma forma de biomimética que encanta e intriga. O Pau-jacaré, de nome científico Piptadenia gonoacantha, é uma dessas obras-primas. Seu nome popular é uma descrição perfeita e genial: o ritidoma de seu tronco, com suas cristas e sulcos que se entrelaçam, mimetiza com perfeição a pele couraçada de um jacaré, criando uma escultura viva na floresta. Mas por baixo desta armadura reptiliana, esconde-se uma árvore de alma gentil e vocação curadora, também conhecida como Angico-branco, um nome que a conecta a uma nobre linhagem de plantas medicinais da nossa flora.

O nome científico, Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F.Macbr., é um mapa de suas características mais sutis. O gênero, *Piptadenia*, vem do grego *piptein* (cair) e *aden* (glândula), uma referência a uma pequena glândula que cai da antera de algumas espécies do gênero. O epíteto específico, *gonoacantha*, também do grego, une *gonia* (ângulo, canto) e *akantha* (espinho), significando “espinho angular”. Esta é uma descrição precisa dos acúleos eretos que se alinham sobre as cristas (os “ângulos”) dos ramos jovens, os mesmos que, ao se fundirem no tronco, darão origem à sua famosa pele de jacaré.

Nativa de uma vasta área da América do Sul, a Piptadenia gonoacantha tem uma presença marcante no Brasil, sendo uma das espécies-chave nos biomas do Cerrado e da Mata Atlântica. Ela se distribui por quase todo o país, do Nordeste ao Sul, sempre associada a ambientes de floresta, especialmente as matas ciliares e as áreas em regeneração. Ter uma semente de Pau-jacaré em mãos é ter a promessa de uma árvore de crescimento vertiginoso, uma pioneira que chega primeiro para abrir caminho para a floresta, um ser que combina uma aparência selvagem com uma essência profundamente restauradora.

Aparência: Como reconhecer o Pau-jacaré?

Reconhecer um Pau-jacaré é, antes de tudo, um exercício de tato e de observação de sua casca inconfundível. A Piptadenia gonoacantha é uma árvore de médio a grande porte, que pode atingir de 10 a 20 metros de altura, com um crescimento notavelmente rápido. Sua característica mais espetacular é, sem dúvida, o tronco. Nos ramos jovens, observam-se cristas longitudinais armadas com acúleos (espinhos epidérmicos) curtos e eretos. À medida que a árvore envelhece e o tronco se expande, estas cristas e a base dos acúleos se fundem e se tornam lenhosas, formando uma rede de “escamas” e placas corticosas interligadas que se assemelham de forma impressionante à pele de um jacaré. Esta casca não é apenas um adorno; é uma armadura que protege a árvore.

Em um belo contraste com a rusticidade do tronco, a folhagem do Pau-jacaré é de uma delicadeza extrema. As folhas são bipinadas, como as de um flamboiã ou de uma mimosa, e muito grandes. Cada folha é composta por 7 a 14 pares de pinas, e cada pina, por sua vez, é composta por 27 a 60 pares de folíolos minúsculos (os microfilídios). O resultado é uma folhagem de aparência plumosa e leve, que se assemelha à de uma samambaia e que cria uma sombra suave e filtrada.

As flores, embora pequenas, são produzidas em abundância e criam um belo espetáculo. Elas se agrupam em inflorescências do tipo espiga, que são cachos cilíndricos e densos, semelhantes a escovas de garrafa. As espigas, de cor creme-amarelada ou branca, surgem em grande número no final dos ramos. A beleza da inflorescência não vem de pétalas grandes, mas sim da massa de estames longos e numerosos que se projetam para fora, conferindo à espiga uma aparência felpuda e delicada. A floração é um evento importante para a fauna, atraindo uma nuvem de insetos polinizadores.

O fruto é uma vagem (legume) achatada, de formato largamente linear, que atinge de 11 a 20 cm de comprimento. As valvas são de consistência coriácea (semelhante a couro), de cor castanha, e se abrem na maturidade para liberar as sementes.

As sementes são ovóides a suborbiculares, de cor marrom-claro e com um pleurograma (uma linha em forma de ferradura) visível em sua superfície. Elas são o ponto de partida para um novo ciclo de crescimento acelerado, prontas para iniciar a jornada de se tornar um novo guardião de casca de jacaré na floresta.

Ecologia, Habitat & Sucessão do Pau-jacaré

A ecologia da Piptadenia gonoacantha é a de um conquistador veloz, uma espécie estrategista na arte de regenerar florestas. Sua casa são os biomas da Mata Atlântica e do Cerrado, mas com uma clara preferência por ambientes mais úmidos e de solos mais férteis dentro destes domínios. Ela é uma das espécies mais comuns e importantes das matas ciliares ou de galeria, as florestas que acompanham os rios, e também das florestas estacionais e ombrófilas, especialmente em suas fases iniciais de regeneração.

Na dinâmica de sucessão ecológica, o Pau-jacaré é um protagonista dos primeiros atos, sendo uma clássica espécie pioneira e secundária inicial. Sua biologia é toda voltada para a colonização rápida de áreas abertas e perturbadas. Possui um crescimento extremamente rápido, uma alta tolerância ao sol pleno e uma produção abundante de sementes. Em clareiras, bordas de mata ou áreas degradadas, o Pau-jacaré é uma das primeiras árvores a chegar, e seu desenvolvimento acelerado rapidamente cria uma nova cobertura florestal. Ele funciona como uma “árvore-guarda-chuva”, protegendo o solo do sol e da chuva, e criando um microclima mais ameno que facilita a germinação e o crescimento das espécies de árvores de crescimento mais lento, que virão a compor a floresta madura no futuro.

As interações com a fauna são vitais para o ecossistema que ele ajuda a construir. A polinização de suas inflorescências em forma de “escova” é realizada por uma grande diversidade de insetos, principalmente abelhas de diferentes espécies e tamanhos. A floração massiva oferece uma recompensa abundante de pólen e néctar, tornando o Pau-jacaré uma importante planta apícola, que sustenta a comunidade de polinizadores locais.

A dispersão de suas sementes é feita por múltiplos agentes. Após a abertura da vagem, as sementes são liberadas. Sua dispersão primária se dá pelo vento (anemocoria) e pela gravidade (barocoria). Por ser uma árvore que habita preferencialmente as margens dos rios, a dispersão pela água (hidrocoria) também desempenha um papel fundamental. As sementes que caem no rio podem ser transportadas por longas distâncias, colonizando novas margens e contribuindo para a manutenção da conectividade genética ao longo dos corredores fluviais.

Usos e Aplicações do Pau-jacaré

O Pau-jacaré é uma árvore de uma generosidade imensa, oferecendo uma gama de aplicações que vão da restauração de ecossistemas à medicina popular e à apicultura. Os usos da Piptadenia gonoacantha refletem sua natureza multifuncional, consolidando-a como uma das espécies mais úteis e importantes da flora brasileira.

Seu uso ecológico é, sem dúvida, o mais impactante. Por ser uma espécie pioneira de crescimento ultrarrápido, fixadora de nitrogênio (como a maioria das leguminosas) e tolerante a solos degradados, ela é uma das espécies mais importantes para a restauração de áreas degradadas, especialmente na recuperação de matas ciliares. O plantio de Pau-jacaré é uma das estratégias mais eficientes para iniciar o processo de regeneração, pois em poucos anos ele já forma uma cobertura florestal que protege o solo e as nascentes e atrai a fauna, sendo um verdadeiro “motor” da sucessão ecológica.

Seu uso medicinal, consagrado pelo nome Angico-branco, é muito significativo. A casca da árvore é rica em taninos e outros compostos bioativos, e o chá preparado com ela é um poderoso adstringente. É um remédio tradicionalmente utilizado para tratar diarreias, disenterias e hemorragias. Também é um remédio muito popular para afecções respiratórias, como tosses, bronquites e resfriados, sendo um ingrediente comum em xaropes caseiros e lambedores. Externamente, o pó da casca ou o chá concentrado é usado como cicatrizante para feridas e úlceras.

A madeira do Pau-jacaré é de boa qualidade, classificada como moderadamente pesada, com uma bela coloração castanho-avermelhada. É utilizada na construção civil (para vigas, caibros e acabamentos internos), na marcenaria (para a confecção de móveis e caixotaria) e como uma excelente lenha e fonte de carvão de alta qualidade. Além disso, a casca é rica em taninos e pode ser utilizada para o curtimento de couros.

O Pau-jacaré é também uma importante planta apícola. Durante sua floração, suas inflorescências fornecem uma fonte abundante e de alta qualidade de pólen e néctar para as abelhas, contribuindo para a produção de mel e para a saúde das colônias de abelhas nativas e de *Apis mellifera*.

Cultivo & Propagação do Pau-jacaré

Cultivar um Pau-jacaré é uma das experiências mais gratificantes e de retorno mais rápido para quem trabalha com o plantio de árvores nativas. A propagação da Piptadenia gonoacantha é relativamente simples e seu desenvolvimento é vigoroso, o que a torna uma espécie ideal para projetos de restauração em larga escala, para a arborização de propriedades rurais e até para jardins que necessitam de uma árvore de crescimento rápido.

O ciclo começa com a coleta das sementes, que deve ser feita quando as vagens estão maduras e secas, antes que se abram completamente na árvore. As sementes, de casca dura, apresentam dormência física e requerem um tratamento de escarificação para garantir uma germinação rápida e uniforme. O método mais eficaz é a imersão em água quente: ferve-se a água, retira-se do fogo e mergulham-se as sementes, deixando-as de molho por 24 horas. Este choque térmico e a hidratação subsequente amolecem a casca e preparam a semente para germinar.

A semeadura deve ser feita em um substrato bem drenado, como uma mistura de terra e areia, em sacos de mudas ou tubetes. As sementes escarificadas devem ser cobertas com uma camada de 1 cm de substrato. A germinação é rápida, ocorrendo geralmente em uma a duas semanas.

O crescimento das mudas e da árvore é extremamente rápido. Esta é uma de suas características mais notáveis. As mudas devem ser mantidas a pleno sol e, com irrigações regulares, atingem o porte ideal para o plantio no campo (30-50 cm) em apenas 3 a 4 meses. No campo, seu desenvolvimento continua acelerado, e a árvore pode atingir vários metros de altura em seus primeiros anos. Esta velocidade a torna uma campeã na competição com gramíneas invasoras, como o capim-braquiária.

O plantio do Pau-jacaré é altamente recomendado para a recuperação de matas ciliares e áreas degradadas na Mata Atlântica e no Cerrado. É também uma excelente opção para a formação de quebra-ventos, para a arborização de pastagens em sistemas silvipastoris e como uma árvore ornamental de crescimento rápido e de bela folhagem para grandes espaços.

Referências utilizadas para o Pau-jacaré

Esta descrição detalhada da Piptadenia gonoacantha foi construída com base em fontes científicas de alta credibilidade, incluindo a taxonomia oficial da flora brasileira, revisões do gênero e manuais de identificação de árvores e de restauração ecológica. O objetivo foi criar um retrato completo que celebra a singularidade, a utilidade e a importância vital desta espécie pioneira. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Ribeiro, P.G.; Queiroz, L.P. Piptadenia in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB31387>. Acesso em: 21 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos, morfológicos e de distribuição oficial).
• Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 1. 1ª ed. Editora Plantarum, Nova Odessa, SP. (Referenciado como *Piptadenia communis*, é uma fonte essencial para informações práticas sobre cultivo, usos e características gerais).
• Carvalho, P.E.R. 2003. Espécies Arbóreas Brasileiras, Vol. 1. Embrapa Informação Tecnológica, Brasília, DF. (Compêndio detalhado da Embrapa com informações silviculturais e ecológicas).
• Rodrigues, R.R., Brancalion, P.H.S. & Isernhagen, I. (Orgs.). 2009. Pacto pela Restauração da Mata Atlântica: Referencial dos Conceitos e Ações de Restauração Florestal. LERF/ESALQ, Instituto BioAtlântica. (Contextualização da importância de espécies pioneiras como o Pau-jacaré para a restauração).
• Pio Corrêa, M. 1984. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas. 6 vols. Ministério da Agricultura/IBDF, Rio de Janeiro. (Obra clássica de referência para os usos e nomes populares, como Angico-branco).
• Jobin, C.L., et al. 2011. Mecanismos de ação e efeitos farmacológicos de *Piptadenia gonoacantha* (Mart.) J.F.Macbr. (Fabaceae). Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 13, 229-237. (Exemplo de estudo científico que investiga as propriedades medicinais da espécie).

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