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Sementes de Pau terra – Qualea grandiflora

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Família: Vochysiaceae
Espécie: Qualea grandiflora
Divisão: Angiospermas
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Myrtales

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Introdução & Nomenclatura do Pau-terra

Para verdadeiramente conhecer o Cerrado, é preciso aprender a ler as formas que o fogo e o sol esculpem na paisagem. E nenhuma árvore conta esta história com mais eloquência que o Pau-terra, de nome científico Qualea grandiflora. Seu tronco tortuoso, sua casca espessa como a de um sobreiro e sua copa que se espalha sob o céu aberto são a assinatura de um verdadeiro sobrevivente. Seu nome popular, “Pau-terra”, é uma ode à sua aparência rústica e à sua profunda conexão com o solo avermelhado do planalto, um ser que parece brotar da própria essência da terra. Outros nomes, como Pau-terra-de-folha-larga, o distinguem de seus parentes de folhas mais finas.

O nome científico, Qualea grandiflora Mart., celebra sua beleza floral. O gênero, *Qualea*, é uma latinização de “Quale”, o nome dado a esta árvore pelos povos nativos da Guiana. O epíteto específico, *grandiflora*, vem do latim e significa “de flor grande”, uma descrição precisa de suas flores, que são das maiores e mais vistosas de toda a sua família, a Vochysiaceae. É uma árvore que combina a rusticidade de sua forma com a exuberância de sua floração, um contraste que define a beleza do Cerrado.

O Pau-terra é um dos grandes símbolos da flora brasileira, uma espécie nativa de uma adaptabilidade simplesmente espetacular. Embora seja o rei do Cerrado, sua presença se estende por cinco dos grandes biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal. Ele é um verdadeiro generalista, capaz de prosperar em uma vasta gama de ambientes, sempre trazendo consigo a força e a identidade da savana brasileira. Ter uma semente de Pau-terra em mãos é ter a promessa de cultivar uma das árvores mais resilientes e medicinais do nosso país, um pedaço vivo da alma do Brasil central.

Aparência: Como reconhecer o Pau-terra?

Reconhecer um Pau-terra é identificar uma obra de arte esculpida pelo tempo e pelo ambiente. A Qualea grandiflora é uma árvore de pequeno a médio porte, atingindo de 3 a 8 metros de altura, com uma aparência inconfundível. Seu tronco é tortuoso e os galhos são grossos e retorcidos, uma silhueta que conta histórias de sobrevivência. A casca é extremamente espessa, corticosa e profundamente fissurada, de cor acinzentada, funcionando como uma armadura quase impenetrável que a protege do fogo. Esta casca suberosa é uma de suas características mais marcantes.

As folhas são grandes, de textura coriácea (duras como couro), e de filotaxia oposta. A lâmina foliar é de formato oblongo, com a face superior lisa e de um verde-escuro, e a face inferior coberta por uma fina camada de pelos (tomentulosa), o que lhe confere um tom mais pálido. As nervuras são bem marcadas e proeminentes, especialmente na face inferior, criando uma bela textura.

A flor da Qualea grandiflora é sua característica mais exótica e fascinante. É grande, vistosa e de uma beleza assimétrica e singular. A flor possui apenas uma única pétala grande e conspícua, de um amarelo-ouro vibrante, com uma textura delicada e amassada, como papel crepom. As outras pétalas são ausentes ou rudimentares. O cálice (o conjunto de sépalas) é fundido e uma de suas sépalas se prolonga para trás, formando um cálcar, ou esporão, uma estrutura em forma de tubo onde o néctar fica armazenado. No centro da flor, destaca-se um único estame fértil, curvado e robusto. Esta arquitetura floral única é uma adaptação para um grupo seleto de polinizadores.

O fruto é uma cápsula lenhosa, de formato oblongo e de cor escura, que pode atingir até 11 cm de comprimento. Quando maduro, o fruto se abre em três partes (valvas), liberando as sementes que estavam organizadas em seu interior.

As sementes são grandes e perfeitamente projetadas para o voo. São aladas, com o corpo da semente localizado em uma extremidade e uma longa asa membranosa na outra. Esta estrutura transforma a semente em um planador eficiente, pronto para ser carregado pelas correntes de ar do Cerrado.

Ecologia, Habitat & Sucessão do Pau-terra

A ecologia da Qualea grandiflora é um tratado sobre a resiliência e a majestade do Cerrado. Esta árvore é a espécie mais comum e amplamente distribuída de seu gênero, sendo a personificação da vegetação do Cerrado *lato sensu*. Embora sua presença se estenda a enclaves de savana em outros biomas, é no Cerrado que ela revela toda a sua força e suas adaptações mais primorosas. Ela é uma planta de pleno sol, que prospera em solos pobres, ácidos e bem drenados.

Sua relação com o fogo é o que a define como uma rainha da savana. O Pau-terra é um pirófito mestre. Sua casca suberosa, com mais de 10 cm de espessura em árvores adultas, é um dos isolantes térmicos mais eficientes da natureza, permitindo que a árvore sobreviva a incêndios intensos com danos mínimos ao seu interior. Esta armadura, combinada com sua capacidade de rebrota, faz dela uma das espécies mais dominantes e persistentes do bioma.

Na dinâmica de sucessão, o Pau-terra é uma espécie clímax da vegetação savânica. É uma árvore de crescimento lento, de vida longa, que compõe a estrutura permanente do Cerrado, sendo um dos elementos que definem sua paisagem e sua identidade visual.

As interações com a fauna são um espetáculo de coevolução. A polinização de sua flor grande, amarela e de estrutura complexa é um banquete para uma guilda diversificada de polinizadores de grande porte. Ela é visitada e polinizada por abelhas grandes, beija-flores e, principalmente, por mariposas-esfinge noturnas. Cada um desses animais possui a força ou a língua longa necessária para alcançar o néctar escondido no fundo do cálcar, promovendo a polinização cruzada ao se sujarem de pólen no único estame da flor. É uma flor generalista para animais grandes, uma estratégia de sucesso para garantir a reprodução.

A dispersão de suas sementes é uma parceria com o vento. A estratégia é a anemocoria. Durante a estação seca, as cápsulas lenhosas se abrem e liberam suas grandes sementes aladas. A asa membranosa permite que a semente plane por longas distâncias, viajando sobre a paisagem aberta do Cerrado para encontrar novos locais para germinar e estabelecer a próxima geração de “árvores da terra”.

Usos e Aplicações do Pau-terra

O Pau-terra é uma das mais importantes e versáteis plantas da farmacopeia do Cerrado, uma verdadeira farmácia viva. Suas aplicações, no entanto, se estendem à construção, ao artesanato e à recuperação de ecossistemas, consagrando a Qualea grandiflora como uma árvore de múltiplos dons.

Seu uso mais nobre e difundido é o medicinal. A casca e as folhas do Pau-terra são um dos remédios mais tradicionais do Brasil central. Ricas em taninos e outros compostos, elas são um poderoso adstringente e anti-inflamatório. O chá da casca é o remédio por excelência para o tratamento de problemas gastrointestinais, como diarreias, úlceras e gastrites. Também é utilizado em gargarejos para tratar inflamações da garganta e da boca. Externamente, é usado como cicatrizante para feridas e em banhos de assento. É uma planta de primeira necessidade na medicina popular do sertão.

A madeira do Pau-terra é de boa qualidade, sendo moderadamente pesada, dura e de boa durabilidade, especialmente para usos internos. É empregada na construção civil rural (vigas, caibros, esteios), na marcenaria para a confecção de móveis rústicos e para a produção de dormentes. É também uma excelente lenha e produz um carvão de alta qualidade, sendo uma importante fonte de energia.

A sua casca suberosa tem um uso particular. Por ser espessa e isolante, ela é utilizada no artesanato e para a confecção de painéis e rolhas rústicas, de forma semelhante à cortiça do sobreiro. O valor ecológico da espécie é imenso. Como uma das árvores mais resistentes e características do Cerrado, ela é uma peça-chave para a restauração de áreas degradadas deste bioma. Seu plantio ajuda a trazer de volta a estrutura e a resiliência da vegetação original. Seu potencial ornamental também é grande, com sua forma tortuosa e escultural e suas flores exóticas, sendo perfeita para jardins de inspiração no Cerrado.

Cultivo & Propagação do Pau-terra

Cultivar um Pau-terra é trazer para o seu espaço a própria essência do Cerrado. A propagação da Qualea grandiflora a partir de sementes é um processo que reflete a natureza da planta: rústico, sem grandes exigências e de uma força natural. É uma excelente opção para quem deseja cultivar uma árvore nativa de grande beleza e de imenso valor cultural e ecológico.

O ciclo começa com a coleta das sementes, que deve ser feita quando as cápsulas lenhosas estão maduras e se abrem na árvore, geralmente durante a estação seca. As sementes aladas são facilmente retiradas do interior do fruto. As sementes de Pau-terra não apresentam dormência e possuem uma boa taxa de germinação quando são frescas.

A semeadura deve ser feita em um substrato arenoso e bem drenado, que imite as condições do Cerrado. As sementes devem ser plantadas com a asa voltada para fora do substrato ou com a asa parcialmente removida para facilitar o manuseio. A semeadura pode ser feita em sacos de mudas, tubetes ou diretamente em canteiros. A germinação geralmente ocorre em 20 a 40 dias.

As mudas de Qualea grandiflora devem ser cultivadas a pleno sol. O crescimento é lento a moderado, uma característica de uma árvore de madeira densa e adaptada a um ambiente com restrições. Uma vez estabelecida, a planta é extremamente resistente à seca e não necessita de irrigações frequentes. O excesso de umidade pode ser mais prejudicial do que a falta dela.

O plantio do Pau-terra é ideal para a restauração de áreas de Cerrado, para a composição de sistemas agroflorestais e para o paisagismo em grandes áreas que buscam um visual naturalista e rústico. É uma árvore que recompensa o cultivador com sua forma escultural, suas flores magníficas e a certeza de estar cultivando um dos mais autênticos e poderosos símbolos da flora brasileira.

Referências utilizadas para o Pau-terra

Esta descrição detalhada da Qualea grandiflora foi construída com base em fontes científicas de alta credibilidade, na rica documentação etnobotânica sobre a flora medicinal do Cerrado e em manuais de referência sobre as árvores nativas do Brasil. O objetivo foi criar um retrato completo que celebra a resiliência, a beleza singular e a importância cultural desta árvore tão emblemática. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Shimizu, G.H.; Souza, L.F.; Gonçalves, D.J.P.; França, F. Vochysiaceae in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://florabrasil.jbrj.gov.br/FB15288>. Acesso em: 22 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos, morfológicos e de distribuição oficial).
• Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 1. 1ª ed. Editora Plantarum, Nova Odessa, SP. (Fonte essencial para informações práticas sobre cultivo, usos e características gerais).
• Almeida, S.P. de, et al. 1998. Cerrado: espécies vegetais úteis. Embrapa-CPAC, Planaltina, DF. (Referência chave para os usos tradicionais de plantas do Cerrado, incluindo o Pau-terra).
• Ribeiro, J.F. & Walter, B.M.T. 2008. As principais fisionomias do bioma Cerrado. In: Sano, S.M., Almeida, S.P. & Ribeiro, J.F. (Eds.). Cerrado: ecologia e flora. Embrapa Cerrados, Planaltina, DF. pp. 151-212. (Contextualização da ecologia e das adaptações da flora do Cerrado).
• Stafleu, F.A. 1953. A monograph of the Vochysiaceae. III. *Qualea*. Acta Botanica Neerlandica, 2(2), 144-217. (A mais completa revisão do gênero, fundamental para esta descrição).
• Oliveira, P.E., Gibbs, P.E. & Barbosa, A.A. 1999. Moth pollination of *Qualea grandiflora* (Vochysiaceae), a dominant tree in the cerrado vegetation of central Brazil. Journal of Tropical Ecology, 15(5), 629-642. (Estudo científico que detalha a polinização da espécie).

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