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Sementes de Vassoura de bruxa – Ouratea hexasperma

Vendido por: Verde Novo
Disponibilidade:

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Família: Ochnaceae
Espécie: Ouratea hexasperma
Divisão: Angiospermas
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Malpighiales

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Introdução & Nomenclatura da Vassoura-de-bruxa

Na vasta e ensolarada paisagem do Cerrado, a natureza se deleita em criar obras de arte de uma criatividade desconcertante. A Ouratea hexasperma é uma dessas obras-primas. Esta árvore tortuosa, conhecida popularmente por nomes místicos como Vassoura-de-bruxa ou Barba-de-bode, é uma mestra do espetáculo em dois atos. Primeiro, ela se cobre de delicadas flores de um amarelo vibrante. Mas a verdadeira magia acontece depois: quando as pétalas caem, a base da flor se transforma, inflando e adquirindo um vermelho-vivo espetacular, sobre o qual os pequenos frutos negros se assentam como joias. É uma “segunda floração”, um truque de ilusionismo botânico que serve a um propósito muito real: o de encantar e convocar os pássaros, os grandes semeadores do Cerrado.

O nome científico, Ouratea hexasperma (A.St.-Hil.) Baill., é um mapa de sua identidade e linhagem. O gênero, *Ouratea*, é a latinização de “Ourat”, o nome vernáculo dado a estas plantas pelos povos da Guiana, onde o gênero foi primeiramente descrito. O epíteto específico, *hexasperma*, vem do grego *hex* (seis) e *sperma* (semente), significando “de seis sementes”, uma referência ao número de carpelos (e, portanto, de frutos potenciais) que suas flores geralmente possuem. Os nomes populares, “Vassoura-de-bruxa” e “Barba-de-bode”, provavelmente aludem à aparência de seus ramos ou de suas inflorescências secas, que permanecem na planta com um aspecto um tanto caótico e rústico.

A Ouratea hexasperma é uma espécie nativa com uma presença marcante no coração do Brasil. Seu domínio é o bioma Cerrado, onde ela é uma das espécies mais características e ornamentais, distribuindo-se por uma vasta área que vai do Norte ao Sudeste do país. É uma planta que personifica a resiliência e a beleza inesperada da savana brasileira. Ter uma semente de *Ouratea hexasperma* é ter em mãos a promessa de cultivar uma árvore que é uma festa para os olhos e para os pássaros, uma lição de como a natureza é a mais engenhosa das artistas.

Aparência: Como reconhecer a Vassoura-de-bruxa?

Reconhecer a Vassoura-de-bruxa é identificar uma árvore de formas esculpidas pelo tempo e de uma beleza que se revela em duas etapas distintas. A Ouratea hexasperma se apresenta como um arbusto ou arvoreta tortuosa, de 1,5 a 8 metros de altura. Seu tronco e galhos são grossos, de casca suberosa (semelhante à cortiça) e acinzentada, uma adaptação que a protege do fogo do Cerrado. A copa é geralmente irregular e aberta, com uma aparência rústica que lhe confere grande personalidade.

As folhas são de uma beleza clássica e lustrosa. Elas são simples, alternas, de textura coriácea (como couro) e brilhantes em ambas as faces. O formato varia de elíptico a lanceolado, e as margens são finamente crenadas ou onduladas. Esta folhagem de um verde-escuro e brilhante serve de cenário perfeito para os dois espetáculos de cor que a árvore irá apresentar ao longo do ano.

O primeiro ato é a floração. A árvore produz grandes inflorescências em panículas piramidais no final dos ramos. Nestas panículas, desabrocham numerosas flores de um amarelo-ouro intenso e vibrante. Cada flor possui cinco pétalas e um conjunto de dez estames, criando um efeito de estrelas douradas que cobrem a copa e atraem os polinizadores.

O segundo ato, e o mais espetacular, é a frutificação. Após as pétalas amarelas caírem, a mágica acontece. O receptáculo da flor, a pequena estrutura que a sustentava (chamado aqui de carpóforo), começa a se modificar. Ele incha, torna-se carnoso e adquire uma cor vermelho-escarlate, viva e brilhante. Sobre esta base vermelha e lustrosa, que agora se assemelha a um fruto, os verdadeiros frutos se desenvolvem. São pequenos mericarpos (drupinhas), que amadurecem adquirindo uma cor preto-azeviche e brilhante. A estrutura final é uma das mais belas e surreais da flora brasileira: um “suporte” vermelho-vivo segurando de 1 a 8 “joias” negras. É esta aparência que rendeu a muitas espécies do gênero o apelido de “Mickey Mouse Plant” em inglês, com o vermelho sendo as calças e os frutos negros, as orelhas.

A semente se encontra dentro de cada um destes mericarpos negros. É através desta estrutura complexa e colorida que a Vassoura-de-bruxa garante que suas sementes sejam notadas e levadas em uma jornada para um novo lar.

Ecologia, Habitat & Sucessão da Vassoura-de-bruxa

A ecologia da Ouratea hexasperma é a de uma especialista na vida sob o sol e o fogo do Cerrado. Ela é uma espécie-chave do Cerrado *lato sensu*, sendo um componente onipresente e estruturante da vegetação lenhosa deste bioma. Ela prospera em solos bem drenados, ácidos e pobres em nutrientes, e sua arquitetura e fisiologia são um testemunho de sua perfeita adaptação a um clima de forte sazonalidade.

Sua relação com o fogo é uma de suas características mais notáveis. A Vassoura-de-bruxa é uma pirófita, uma planta que evoluiu para resistir aos incêndios. Sua casca suberosa e espessa funciona como um isolante térmico, protegendo os tecidos vivos do tronco e dos galhos. Mesmo que a parte mais fina dos ramos queime, a planta tem uma alta capacidade de rebrota a partir de gemas dormentes, garantindo sua sobrevivência e permanência na paisagem. Na dinâmica de sucessão, ela é um membro persistente da comunidade clímax das savanas do Cerrado.

As interações com a fauna são um exemplo magnífico de como a cor e a forma podem direcionar o comportamento animal. A polinização de suas flores amarelas e abertas é realizada por uma grande variedade de abelhas nativas, que são atraídas pela cor e pela farta oferta de pólen. É uma importante planta melífera, que sustenta a comunidade de polinizadores.

A dispersão de suas sementes é o seu truque de mestre ecológico. A estratégia é a ornitocoria (dispersão por aves), e todo o conjunto do fruto é um anúncio publicitário para estes animais. O carpóforo vermelho e brilhante funciona como um sinalizador de longa distância, uma cor que as aves enxergam com grande acuidade. Este sinal atrai o pássaro para a planta. Ao chegar mais perto, o pássaro é confrontado com os mericarpos negros e lustrosos, que se destacam contra o fundo vermelho. Este contraste de cores é um estímulo visual que guia a ave a bicar e arrancar o mericarpo, que é a verdadeira recompensa (contendo uma polpa fina e nutritiva). A ave então voa para longe, e a semente é regurgitada ou defecada intacta, em um novo local. É uma das estratégias de dispersão mais visualmente sofisticadas da natureza.

Usos e Aplicações da Vassoura-de-bruxa

A Vassoura-de-bruxa é uma planta de múltiplos talentos, cujas aplicações vão desde a cura na medicina popular até um potencial ornamental de classe mundial. Os usos da Ouratea hexasperma refletem a riqueza que se esconde em sua aparência rústica e em sua bioquímica complexa.

Seu uso mais promissor é, sem dúvida, o ornamental. A *Ouratea hexasperma* é uma planta paisagística espetacular. Ela oferece interesse visual durante todo o ano: sua folhagem brilhante e perene; sua floração amarelo-ouro vibrante; e, principalmente, sua frutificação bicolor, com o vermelho e o preto, que permanece na planta por um longo período. Seu porte de arbusto ou arvoreta a torna versátil, e sua extrema rusticidade a faz perfeita para o paisagismo de baixa manutenção, para o xeriscaping e para a criação de jardins de inspiração no Cerrado. Além disso, é uma das melhores plantas para se ter em um “jardim para pássaros”.

Na medicina tradicional, o gênero *Ouratea* é muito respeitado. O chá das folhas e das raízes da Vassoura-de-bruxa é utilizado como um tônico, um anti-inflamatório e, principalmente, para o tratamento de problemas gastrointestinais, como úlceras e gastrites. Estudos científicos têm investigado os compostos presentes na espécie, como flavonoides e taninos, que confirmam seu potencial farmacológico.

O valor ecológico da espécie é imenso. Como uma planta-chave para a alimentação da avifauna, ela é fundamental para a manutenção da biodiversidade. Sua resistência ao fogo e à seca a torna uma espécie de grande importância para a restauração de áreas degradadas do Cerrado. A madeira do *Ouratea hexasperma* é dura, pesada e resistente, sendo utilizada localmente para a confecção de mourões, cabos de ferramentas e como lenha e carvão de excelente qualidade.

Cultivo & Propagação da Vassoura-de-bruxa

Cultivar uma Vassoura-de-bruxa é trazer para o jardim a magia de sua dupla floração e a resiliência do Cerrado. A propagação da Ouratea hexasperma a partir de sementes é um processo que reflete a natureza de sua origem, exigindo paciência, mas recompensando com um arbusto de beleza rara e de grande valor ecológico.

O ciclo começa com a coleta dos frutos, que deve ser feita quando os mericarpos estão pretos e maduros sobre o carpóforo vermelho. A fina camada de polpa que envolve a semente (o caroço) deve ser removida. As sementes podem apresentar algum grau de dormência e se beneficiar de um período de imersão em água por 24 horas antes do plantio.

A semeadura deve ser feita em um substrato arenoso e bem drenado, típico do Cerrado. As sementes devem ser cobertas com uma fina camada de substrato (cerca de 1 cm). A germinação é lenta e irregular, podendo levar de 2 a 6 meses para ocorrer, e a taxa de sucesso pode ser baixa, exigindo persistência por parte do cultivador.

As mudas de Vassoura-de-bruxa devem ser cultivadas a pleno sol. O crescimento é lento, uma característica de uma planta de madeira dura e adaptada a um ambiente com restrições de nutrientes e água. Uma vez estabelecida, a planta é extremamente resistente à seca e não exige cuidados intensivos, sendo perfeita para um jardim de baixa manutenção.

O plantio da Ouratea hexasperma é ideal para a composição de jardins de inspiração no Cerrado e para a restauração de áreas degradadas. Sua beleza única e sua importância para a avifauna a tornam uma escolha de grande valor, que recompensa a paciência com um espetáculo de cores e vida que se renova a cada ano.

Referências utilizadas para a Vassoura-de-bruxa

Esta descrição detalhada da Ouratea hexasperma foi construída com base em fontes científicas de alta credibilidade, incluindo a taxonomia oficial da flora brasileira, teses e revisões do gênero, e na rica documentação etnobotânica sobre a flora do Cerrado. O objetivo foi criar um retrato completo que celebra a beleza, a engenhosidade ecológica e os múltiplos valores desta planta tão singular. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Chacon, R.G.; Yamamoto, K. Ouratea in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://florabrasil.jbrj.gov.br/FB19928>. Acesso em: 22 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos, morfológicos e de distribuição oficial).
• Chacon, R.G. 2011. Ochnaceae s.s. nos estados de Goiás e Tocantins, Brasil. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Brasília, Brasília. (Estudo aprofundado sobre a família na área central de ocorrência da espécie).
• Lorenzi, H. 1998. Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 2. 1ª ed. Editora Plantarum, Nova Odessa, SP. (Fonte essencial para informações práticas sobre cultivo, usos e características gerais).
• Almeida, S.P. de, et al. 1998. Cerrado: espécies vegetais úteis. Embrapa-CPAC, Planaltina, DF. (Referência chave para os usos tradicionais de plantas do Cerrado).
• Ribeiro, J.F. & Walter, B.M.T. 2008. As principais fisionomias do bioma Cerrado. In: Sano, S.M., Almeida, S.P. & Ribeiro, J.F. (Eds.). Cerrado: ecologia e flora. Embrapa Cerrados, Planaltina, DF. pp. 151-212. (Contextualização da ecologia e das adaptações da flora do Cerrado).
• Baillon, H.E. 1873. Histoire des Plantes, vol. 4, p. 366. (Publicação onde a combinação *Ouratea hexasperma* foi validada).

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