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Sementes de Mama cadela – Brosimum gaudichaudii

Vendido por: Verde Novo
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Família: Moraceae
Espécie: Brosimum gaudichaudii
Divisão: Angiospermas
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Rosales

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Introdução & Nomenclatura da Mama-cadela

No vasto receituário da flora do Cerrado, existem plantas cuja fama transcende a botânica e se torna um símbolo de esperança. A Mama-cadela, cientificamente conhecida como Brosimum gaudichaudii, é uma dessas plantas sagradas. Seu nome popular, tão singular e afetuoso, é uma descrição perfeita de seus frutos, que brotam em protuberâncias que lembram as mamas de uma cadela. Mas é por sua profunda ação medicinal que ela é mais reverenciada. A Mama-cadela é a planta mais famosa do Brasil para o tratamento do vitiligo, uma condição que causa a despigmentação da pele. Em suas raízes e cascas, a sabedoria popular encontrou um remédio que, com a ajuda do sol, estimula a pele a produzir cor novamente, uma verdadeira “planta que traz a luz de volta”.

O nome científico, Brosimum gaudichaudii Trécul, nos conecta à sua linhagem e à sua história. O gênero, *Brosimum*, vem do grego *brosimos*, que significa “comestível”, um reconhecimento de que muitas espécies deste gênero, incluindo a nossa Mama-cadela, produzem frutos deliciosos. O epíteto específico, *gaudichaudii*, é uma homenagem ao naturalista francês Charles Gaudichaud-Beaupré, que explorou a flora brasileira no século XIX. Seus outros nomes populares, como Mamica-de-cadela, Conduru e Inharé, refletem a diversidade cultural e a intimidade que as diferentes comunidades do Brasil desenvolveram com esta planta tão especial.

A Mama-cadela é uma verdadeira campeã de resiliência, com uma distribuição impressionante por quatro dos grandes biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica. Ela é, no entanto, uma especialista em ambientes de savana, sendo o Cerrado o seu grande lar. Sua presença em quase todo o território nacional, do Norte ao Sul, a consagra como um pilar da nossa biodiversidade. Ter uma semente de Mama-cadela é ter em mãos a promessa de cultivar uma árvore que é, ao mesmo tempo, alimento, remédio e um símbolo da força e da sabedoria que brotam do solo do Brasil.

Aparência: Como reconhecer a Mama-cadela?

Reconhecer a Mama-cadela é identificar a silhueta clássica de uma sobrevivente do Cerrado. A Brosimum gaudichaudii se apresenta como um arbusto ou uma árvore de pequeno porte, geralmente de 2 a 8 metros de altura, com um tronco tortuoso e uma casca espessa e rugosa. Esta forma retorcida e a casca grossa são adaptações para resistir aos fogos periódicos e à intensa insolação do seu ambiente. Como membro da família Moraceae, a mesma da figueira e da amoreira, a planta exuda um látex branco quando seus galhos ou folhas são feridos. Sua verdadeira força, tanto para a sobrevivência quanto para o uso medicinal, reside em seu poderoso sistema subterrâneo, com raízes longas e profundas que buscam água e armazenam seus preciosos compostos.

As folhas são simples, alternas e de textura coriácea (semelhante a couro), com uma superfície áspera ao toque. O formato é elíptico a lanceolado, e a margem pode ser inteira ou sutilmente dentada. São folhas duras, bem adaptadas para minimizar a perda de água durante a longa estação seca do Cerrado.

As inflorescências são a estrutura mais curiosa da planta. São pequenas cabeças globosas (receptáculos), de 3 a 6 mm de diâmetro, que contêm dezenas de flores minúsculas e unissexuadas. Em cada “cabecinha”, há apenas uma flor feminina, imersa entre numerosas flores masculinas, uma estratégia engenhosa para a reprodução. Estas inflorescências esverdeadas e discretas não são o principal atrativo visual da planta, mas são o ponto de partida para o seu fruto único.

O fruto é a origem de seu nome e sua característica mais marcante. Tecnicamente, é um sincarpo, um fruto composto que se desenvolve a partir do inchaço carnoso da inflorescência inteira. O resultado é uma estrutura globosa, de 1,5 a 3 cm de diâmetro, com uma superfície rugosa e de cor alaranjada ou avermelhada quando madura. Sobre esta superfície, destacam-se as protuberâncias carnudas que se assemelham a mamilos, conferindo ao fruto a aparência inconfundível de “mama-de-cadela”. Todo o sincarpo é comestível, com uma polpa suculenta, adocicada e de sabor exótico e muito agradável.

Dentro desta estrutura carnosa, encontra-se uma única semente. É esta semente que, após ser consumida e dispersada pela fauna, levará adiante a linhagem desta árvore que é um verdadeiro presente da natureza, oferecendo sabor e cura em um único fruto.

Ecologia, Habitat & Sucessão da Mama-cadela

A ecologia da Brosimum gaudichaudii é um manifesto sobre a arte de prosperar em paisagens de fogo e sol. Ela é uma espécie-chave do Cerrado, mas sua incrível adaptabilidade a permite ocupar as fisionomias savânicas e de vegetação aberta de outros três biomas: a Amazônia (nas Savanas Amazônicas), a Caatinga e a Mata Atlântica. Ela é uma planta de pleno sol, que domina os campos, cerrados e bordas de mata, sendo um dos arbustos mais comuns e ecologicamente importantes do Brasil central.

Sua relação com o fogo é uma aliança de resiliência. A Mama-cadela é uma pirófita, uma planta que evoluiu sob a constante presença do fogo. Sua casca grossa protege o tronco, mas sua principal estratégia é seu poderoso sistema subterrâneo. Após uma queimada, a planta rebrota com um vigor impressionante a partir de suas raízes e xilopódio, garantindo sua permanência e dominância no ecossistema. O fogo elimina a competição e abre espaço para que a Mama-cadela floresça e frutifique com ainda mais intensidade.

Na dinâmica de sucessão, a Brosimum gaudichaudii é uma espécie persistente, que pode ser considerada parte da comunidade clímax das formações de savana. Ela não é uma etapa de transição, mas sim um elemento estrutural e permanente do Cerrado maduro e equilibrado.

As interações com a fauna são ricas e vitais para a saúde do ecossistema. A polinização de suas flores discretas é provavelmente realizada por pequenos insetos generalistas. A dispersão de seus frutos, no entanto, é um evento grandioso. Os frutos adocicados, aromáticos e de cor vibrante são uma das mais importantes fontes de alimento para a fauna do Cerrado. Uma enorme variedade de animais se delicia com a Mama-cadela, em um banquete de zoocoria. **Aves**, como tucanos e seriemas; **mamíferos**, como o lobo-guará, raposas-do-campo, macacos, antas e tatus; e até mesmo répteis, como os lagartos-teiús, consomem os frutos e dispersam as sementes, garantindo que a espécie continue a se espalhar e a alimentar a teia da vida. A Mama-cadela não é apenas uma planta; é um restaurante a céu aberto para a biodiversidade.

Usos e Aplicações da Mama-cadela

A Mama-cadela é uma das mais importantes e reverenciadas plantas da medicina popular brasileira, uma farmácia viva cuja eficácia para o tratamento de doenças de pele a tornou famosa em todo o país. Suas aplicações, no entanto, vão muito além da cura, abrangendo a alimentação e a restauração de ecossistemas.

O seu uso medicinal é, sem dúvida, o mais extraordinário. A casca e, principalmente, as raízes da Brosimum gaudichaudii são a fonte de um dos mais famosos remédios tradicionais para o tratamento do vitiligo e outras doenças que causam a despigmentação da pele, como a psoríase. O conhecimento popular, validado por estudos científicos, mostra que a planta é rica em furanocumarinas, como o psoraleno e o bergapteno. Estes compostos são fotossensibilizantes, ou seja, tornam a pele mais sensível à luz solar. O tratamento tradicional consiste na ingestão de preparos da planta (como chás ou extratos) e na exposição controlada da pele ao sol. Esta combinação estimula os melanócitos (as células que produzem melanina) a repigmentar as áreas afetadas. É de extrema importância ressaltar que este é um tratamento potente e que deve ser feito apenas com acompanhamento médico ou de um especialista, pois o uso incorreto pode causar queimaduras graves.

O seu valor alimentício é outro grande presente. Os frutos (sincarpos) da Mama-cadela são deliciosos e muito apreciados no Cerrado. Eles são consumidos *in natura*, e sua polpa doce e de sabor exótico pode ser usada para preparar sucos, sorvetes, geleias e licores. É uma fruta silvestre de grande potencial, que representa a riqueza de sabores da nossa sociobiodiversidade.

O uso ecológico da espécie é fundamental. Como uma planta rústica, resistente ao fogo e uma das fontes de alimento mais importantes para a fauna do Cerrado, ela é uma peça-chave para a restauração de áreas degradadas neste bioma. O seu plantio em áreas de recuperação não apenas ajuda a restabelecer a flora nativa, mas também a atrair os animais dispersores que são essenciais para a regeneração de todo o ecossistema. A madeira, por sua vez, é pesada e resistente, sendo utilizada localmente para a confecção de mourões, lenha e carvão de alta qualidade.

Cultivo & Propagação da Mama-cadela

Cultivar uma Mama-cadela é um ato de preservação de um tesouro cultural, medicinal e ecológico do Brasil. A propagação da Brosimum gaudichaudii, embora exija paciência, recompensa o cultivador com uma planta de uma resiliência incrível e de múltiplos dons, do fruto saboroso à raiz que cura.

A propagação é feita principalmente por sementes. Os frutos devem ser colhidos quando estão bem maduros, com a coloração alaranjada ou avermelhada. A semente única deve ser extraída da polpa. É crucial remover completamente toda a polpa, pois ela pode inibir a germinação. As sementes devem ser plantadas frescas, pois perdem a viabilidade com o armazenamento.

A semeadura deve ser feita em um substrato que imite o solo do Cerrado: arenoso e bem drenado. As sementes podem ser plantadas em sacos de mudas ou tubetes, a uma profundidade de 2 a 3 cm. A germinação é lenta e irregular, podendo levar de 30 a 90 dias, e a taxa de sucesso pode ser baixa, exigindo persistência. As mudas devem ser cultivadas a pleno sol.

O crescimento da Mama-cadela é lento, uma característica de uma planta que investe na construção de um robusto sistema subterrâneo e em uma madeira densa. Esta lentidão é uma lição de tempo e de persistência, a própria essência do Cerrado. Uma vez estabelecida, a planta é extremamente resistente à seca e não exige cuidados intensivos.

O plantio da Brosimum gaudichaudii é ideal para a restauração de áreas de Cerrado, para a composição de sistemas agroflorestais e para a criação de jardins medicinais e etnobotânicos. É uma espécie de imenso valor, que recompensa o cultivador com seus frutos, sua medicina e com a certeza de estar protegendo e perpetuando um dos mais importantes símbolos da flora do Brasil central.

Referências utilizadas para a Mama-cadela

Esta descrição detalhada da Brosimum gaudichaudii foi construída com base em fontes científicas de alta credibilidade e na rica documentação etnobotânica sobre seus usos medicinais e alimentares. O objetivo foi criar um retrato completo que celebra a importância cultural, a resiliência ecológica e o poder curativo desta árvore tão singular do Cerrado. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Ribeiro, J.E.L.S.; Pederneiras, L.C. Brosimum in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://florabrasil.jbrj.gov.br/FB19772>. Acesso em: 22 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos, morfológicos e de distribuição oficial).
• Lorenzi, H. & Matos, F.J.A. 2008. Plantas Medicinais no Brasil: Nativas e Exóticas. 2ª ed. Instituto Plantarum, Nova Odessa, SP. (A mais importante referência sobre os usos medicinais da Mama-cadela para o tratamento do vitiligo).
• Lorenzi, H., et al. 2006. Frutas Brasileiras e Exóticas Cultivadas (de consumo in natura). Instituto Plantarum, Nova Odessa, SP. (Referência chave para os usos alimentícios e informações de cultivo).
• Berg, C.C. 1972. Olmedieae, Brosimeae (Moraceae). Flora Neotropica Monograph, 7, 1-229. (A mais completa revisão do gênero, fundamental para esta descrição).
• Almeida, S.P. de, et al. 1998. Cerrado: espécies vegetais úteis. Embrapa-CPAC, Planaltina, DF. (Referência para os usos tradicionais de plantas do Cerrado).
• Ribeiro, J.F. & Walter, B.M.T. 2008. As principais fisionomias do bioma Cerrado. In: Sano, S.M., Almeida, S.P. & Ribeiro, J.F. (Eds.). Cerrado: ecologia e flora. Embrapa Cerrados, Planaltina, DF. pp. 151-212. (Contextualização da ecologia e das adaptações da flora do Cerrado).

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