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Sementes de Muiracatiara – Astronium lecointei

Vendido por: Emergente Florestal
Disponibilidade:

Fora de estoque


Família: Anacardiaceae
Espécie: Astronium lecointei Ducke
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)
Classe: Magnoliopsida (Dicotyledoneae)
Ordem: Sapindales

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Introdução & Nomenclatura da Muiracatiara

Na vasta e diversificada paleta de madeiras que a flora brasileira oferece, poucas são tão distintas e visualmente impactantes quanto a da Muiracatiara, cientificamente conhecida como Astronium lecointei. Seu nome popular principal, “Muiracatiara”, é de origem Tupi e é uma composição que evoca sua aparência única: “muira” ou “ybyrá” significa madeira ou árvore, e “catiara” ou “katiára” se refere a algo listrado, pintado ou com marcas. “Madeira pintada” ou “madeira listrada” é, portanto, a tradução perfeita e poética para a sua madeira, que ostenta um fundo de cor clara com veios escuros e irregulares, lembrando a pele de um tigre ou de uma onça. Por essa razão, em outras regiões e no mercado internacional, ela também é conhecida como Gonçalo-alves ou Tigerwood (madeira de tigre). Em algumas partes da Amazônia, ela também compartilha o nome de Aroeira com sua parente mais famosa, a *Astronium urundeuva*, um testemunho da qualidade e da resistência de sua madeira. Conhecer a Muiracatiara é, portanto, descobrir uma árvore que é uma artista, que guarda em seu cerne uma pintura natural de uma beleza selvagem e inconfundível.

A nomenclatura científica, Astronium lecointei Ducke, nos posiciona dentro da importante família Anacardiaceae, a mesma da manga, do caju e da aroeira-verdadeira. O gênero Astronium é conhecido por abrigar árvores de grande porte e de madeira de alta qualidade. O epíteto específico, lecointei, é uma homenagem ao naturalista e engenheiro franco-brasileiro Paul Le Cointe, que foi uma figura fundamental no estudo da flora e dos recursos naturais da Amazônia no início do século XX. A espécie foi descrita pelo renomado botânico Walter Adolpho Ducke, outro gigante no estudo da flora amazônica. A correta identificação da *Astronium lecointei* é crucial, pois a qualidade e o padrão de sua madeira a tornaram um alvo de grande interesse comercial, o que, por sua vez, gera uma pressão de exploração sobre suas populações naturais. Estudar a Muiracatiara é valorizar um dos mais belos patrimônios da nossa floresta, é entender a importância de um manejo florestal sustentável que permita o uso de seus recursos sem comprometer sua existência, e é celebrar a arte que a natureza esculpe e pinta no coração de suas árvores.

Aparência: Como reconhecer a Muiracatiara

A identificação da Muiracatiara na floresta é um exercício de reconhecimento de uma árvore de porte majestoso e de detalhes sutis em sua folhagem. A Astronium lecointei é uma árvore de grande porte, um verdadeiro gigante da floresta, que pode atingir de 20 a 30 metros de altura, com indivíduos podendo chegar a 40 metros. Seu tronco é geralmente reto, cilíndrico e imponente, podendo alcançar de 60 a 90 cm de diâmetro. A casca externa, ou ritidoma, é rugosa, espessa e de cor cinza-escuro a castanho, frequentemente com fissuras e um desprendimento em placas irregulares, o que lhe confere um aspecto de força e proteção. A copa da Muiracatiara é ampla, globosa e densa, posicionada no dossel superior da floresta, onde compete por luz e se destaca na paisagem.

As folhas da Muiracatiara são compostas e imparipinadas, formadas por vários folíolos (geralmente de 5 a 11) dispostos ao longo de um eixo central. Os folíolos laterais são de formato ovado a oblongo, com as margens inteiras e planas. A textura das folhas é firme (coriácea) e a coloração é de um verde-escuro e brilhante na face superior, mais pálida na inferior. Uma característica importante para sua identificação é a nervação terciária, que é bem visível, formando uma fina rede sobre a superfície do folíolo. A árvore é semidecídua, perdendo parte de suas folhas durante a estação mais seca. A floração ocorre geralmente entre agosto e outubro, quando a árvore pode estar parcialmente ou totalmente despida de folhas. As flores são pequenas, de cor esbranquiçada a creme, e se agrupam em grandes inflorescências (panículas) terminais. Embora as flores não sejam o principal atrativo ornamental da árvore, o conjunto da floração é vistoso e muito importante para a fauna. Após a polinização, formam-se os frutos, que são pequenas drupas de formato fusiforme (alongado e mais estreito nas pontas). Assim como na sua parente, a Aroeira, o fruto permanece envolto pelo cálice da flor, que se desenvolve e se torna persistente, formando uma estrutura com sépalas que auxiliam na sua dispersão pelo vento. A imagem de uma Muiracatiara gigante, com sua copa ampla dominando o dossel da floresta, é um símbolo da grandiosidade e da força da Amazônia.

Ecologia, Habitat & Sucessão da Muiracatiara

A ecologia da Astronium lecointei é a de uma espécie de dossel, um componente estrutural das florestas maduras da Amazônia. A Muiracatiara é uma espécie nativa da América do Sul, com sua principal área de ocorrência no Brasil, no coração da Amazônia. Ela é encontrada nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Maranhão e Mato Grosso. Seu habitat preferencial são as Florestas de Terra Firme, que são as vastas áreas da floresta amazônica que não sofrem inundações. Também pode ser encontrada em Florestas Estacionais Semideciduais, em zonas de transição. É uma árvore que se desenvolve bem em solos argilosos e de boa fertilidade, e que necessita de um espaço considerável e de acesso à luz para atingir seu pleno desenvolvimento.

Do ponto de vista da sucessão ecológica, a Muiracatiara é classificada como uma espécie secundária tardia a clímax. Esta classificação indica que ela não é uma espécie pioneira de crescimento rápido que coloniza áreas abertas, mas sim uma árvore que se estabelece em estágios mais avançados da regeneração florestal, em ambientes que já possuem um microclima florestal estabelecido. Seu crescimento é considerado lento a moderado, pois a espécie investe na formação de uma madeira de altíssima densidade e durabilidade, uma estratégia de longo prazo que lhe confere grande longevidade e competitividade no dossel da floresta. As interações da Muiracatiara com a fauna são fundamentais para o ecossistema. Suas flores pequenas, agrupadas em grandes cachos, são uma fonte importante de néctar e pólen para uma diversidade de insetos, especialmente abelhas, que são suas principais polinizadoras. A dispersão de seus frutos é feita primariamente pelo vento (anemocoria). O cálice persistente que envolve o fruto funciona como uma asa, permitindo que a semente seja carregada pela brisa por sobre a copa das árvores, uma estratégia muito eficiente para uma árvore de dossel. Esta dispersão pelo vento permite que a Muiracatiara colonize clareiras naturais que se abrem na floresta, garantindo a sua perpetuação. A Muiracatiara é, portanto, um elemento essencial para a manutenção da estrutura, da complexidade e da resiliência da Floresta Amazônica.

Usos e Aplicações da Muiracatiara

A Astronium lecointei é uma das árvores mais valiosas da Amazônia, cujo principal uso está em sua madeira de beleza e qualidades incomparáveis. A Muiracatiara é uma espécie cuja madeira é altamente cobiçada nos mercados nacional e internacional, sendo um dos carros-chefe da indústria madeireira na região amazônica. A madeira, conhecida como “Tigerwood” ou “Gonçalo-alves”, é famosa por seu padrão de cores único. Ela possui um fundo que varia do amarelo-claro ao castanho-avermelhado, sobreposto por veios ou faixas irregulares de cor preta ou marrom-escura, que criam um contraste dramático e de grande impacto visual, lembrando a pele de um tigre. Além de sua beleza estonteante, a madeira da Muiracatiara é extremamente dura, pesada e de alta durabilidade natural, sendo muito resistente ao ataque de cupins e fungos.

Essas qualidades a tornam ideal para uma vasta gama de aplicações nobres. É uma das madeiras preferidas para a fabricação de pisos e decks de luxo, tanto para áreas internas quanto externas, devido à sua beleza e à sua alta resistência ao desgaste e às intempéries. Na marcenaria fina, é utilizada para a produção de móveis de alto padrão, peças decorativas, cabos de facas e instrumentos musicais. Na construção civil, é empregada em estruturas que exigem força e durabilidade, como vigas, caibros e esquadrias. É importante salientar que a grande procura por sua madeira tem levado a uma intensa pressão de exploração sobre as populações naturais da Muiracatiara. Por esta razão, é fundamental que toda a madeira de Muiracatiara comercializada seja proveniente de manejo florestal sustentável, certificado por órgãos competentes, para garantir que a exploração não leve à degradação da floresta e à extinção da espécie. Além do uso madeireiro, a árvore tem um grande potencial para o paisagismo em grandes áreas e para a restauração florestal. Seu plantio em sistemas de reflorestamento e em projetos de enriquecimento de florestas secundárias na Amazônia é uma forma de garantir a conservação da espécie e, ao mesmo tempo, de recompor a estrutura de uma floresta de clímax. O uso medicinal de sua casca, rica em taninos, é relatado na medicina popular local, de forma semelhante ao de sua parente, a Aroeira.

Cultivo & Propagação da Muiracatiara

O cultivo da Muiracatiara é um ato de investimento no futuro, seja para fins de produção de madeira nobre em sistemas de manejo, seja para a conservação e a restauração da Floresta Amazônica. A propagação da Astronium lecointei é feita principalmente por sementes, e o processo, embora exija alguma atenção, é bastante viável. O primeiro passo é a coleta dos frutos (diásporos), que deve ser realizada quando eles estão maduros e secos na árvore, começando a se desprender naturalmente com o vento. A coleta pode ser feita diretamente na copa ou recolhendo os frutos do chão logo após a queda.

As sementes da Muiracatiara, contidas dentro do fruto envolto pelo cálice persistente, geralmente não apresentam uma dormência profunda, mas a taxa de germinação pode ser aumentada com um tratamento simples. Recomenda-se a imersão dos frutos em água à temperatura ambiente por um período de 48 horas. Este procedimento ajuda a hidratar a semente e a lixiviar possíveis compostos inibidores presentes no envoltório do fruto. A semeadura deve ser feita em recipientes individuais, como saquinhos plásticos ou tubetões, utilizando um substrato rico em matéria orgânica e de boa drenagem. Os frutos devem ser plantados com a parte mais “pesada” (onde está a semente) para baixo, e cobertos com uma camada de 1 a 2 cm de substrato. Os recipientes devem ser mantidos em um local com sombra parcial (cerca de 50% de sombreamento), imitando as condições do sub-bosque onde as plântulas se desenvolvem inicialmente. A germinação geralmente ocorre entre 20 e 50 dias após a semeadura. O desenvolvimento das mudas é considerado lento a moderado, como é típico de espécies de clímax com madeira densa. As mudas devem permanecer no viveiro por um período de 8 a 12 meses, ou até atingirem de 40 a 60 cm de altura, quando estarão robustas o suficiente para o plantio no local definitivo. O plantio no campo deve ser realizado no início da estação chuvosa. A Muiracatiara é uma árvore de grande porte e que se desenvolve melhor em solos férteis, portanto, o local de plantio deve ser escolhido com cuidado, garantindo espaço para o seu crescimento. Cultivar uma Muiracatiara é um legado, uma forma de garantir que a beleza de sua madeira pintada continue a existir de forma sustentável, sem que para isso seja preciso destruir a floresta.

Referências

A construção deste perfil detalhado sobre a Muiracatiara (Astronium lecointei) foi fundamentada em fontes científicas de alta credibilidade, incluindo bases de dados de floras, publicações sobre dendrologia e o uso de madeiras tropicais. Para garantir a precisão e a riqueza das informações, foram consultadas as seguintes referências-chave:

• Lorenzi, H. (2002). Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 2. 2ª ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum. (Nota: O gênero *Astronium* é detalhado, com foco em espécies de valor madeireiro).
Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/. Acesso contínuo para a verificação da nomenclatura oficial, sinônimos e distribuição geográfica da espécie.
• Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Catálogo de Madeiras Brasileiras. (Nota: Fontes como o catálogo do IPT são referências para as propriedades físicas e mecânicas da madeira de Muiracatiara).
• Ducke, A. (1922). Plantas novas ou pouco conhecidas da região amazônica (II Parte). *Archivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro*, 3, 3-281. (Nota: Contém a descrição original da espécie).
• Artigos científicos sobre a ecologia, fenologia e propagação de espécies madeireiras da Amazônia, disponíveis em bases de dados como SciELO e Google Scholar, pesquisando por termos como “*Astronium lecointei* madeira”, “manejo florestal Muiracatiara” e “germinação de Astronium”.
• Publicações de instituições como a Embrapa e o IPEF (Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais), que abordam o cultivo e o manejo de espécies florestais de alto valor.

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