Infinity@1x-1.0s-249px-249px
0%
Loading ...
, , , , ,

Sementes de Cássia rosa – Cassia grandis

Vendido por: Verde Novo
Disponibilidade:

Fora de estoque


Família: Fabaceae
Espécie: Cassia grandis
Divisão: Angiospermas
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales

Este produto está fora de estoque e indisponível.

Report Abuse

Introdução & Nomenclatura da Cássia-grande

Na imensa família das Cássias, famosas por suas florações que pintam a paisagem com chuvas de ouro, existe uma rainha de manto rosado e de proporções monumentais. A Cássia-grande, de nome científico Cassia grandis, é esta rainha. É uma árvore de uma beleza avassaladora, que durante a estação seca se despe de suas folhas para se cobrir em uma nuvem de flores que variam do rosa-pálido ao salmão, um espetáculo que rivaliza com o dos mais belos ipês. Mas esta árvore é um ser de contrastes: suas flores belíssimas muitas vezes exalam um odor forte e desagradável, o que lhe rendeu o nome popular de Fedegoso. E seus frutos, vagens enormes e lenhosas, são tão robustos que parecem ter sido feitos para outra era, para serem abertos por animais que já não caminham mais sobre a Terra.

O nome científico, Cassia grandis L.f., é uma celebração de sua magnificência. O gênero, *Cassia*, é um nome clássico que remonta à antiguidade. O epíteto específico, *grandis*, vem do latim e significa “grande”, “grandioso”, uma descrição perfeita para todas as suas partes: suas folhas são grandes, sua copa é grande, sua floração é grandiosa e, principalmente, seus frutos são gigantescos. Outros de seus nomes, como Canafístula-grande ou Cássia-rosa, a descrevem por sua forma e cor, inserindo-a na nobre linhagem das árvores ornamentais mais amadas.

A Cássia-grande é uma espécie nativa de uma vasta área que se estende do México ao Brasil, sendo uma das árvores mais imponentes e de mais ampla distribuição de seu gênero. Em nosso território, ela prospera em quatro dos nossos grandes biomas: Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal. É uma árvore de florestas sazonais, uma pioneira de crescimento rápido que chega para curar as clareiras e iniciar a regeneração da paisagem. Ter uma semente de *Cassia grandis* em mãos é ter a promessa de cultivar uma das mais espetaculares florações do continente, uma fonte de medicina poderosa e um elo vivo com a pré-história de nossas matas.

A história evolutiva desta árvore é particularmente fascinante. Seus frutos enormes e indeiscentes são o que os ecólogos chamam de um “anátema anacrônico”, uma característica que parece não fazer sentido no mundo atual. São frutos projetados para a megafauna, para serem consumidos e dispersos por animais gigantes, como os mastodontes e as preguiças-gigantes, que foram extintos há milhares de anos. A Cássia-grande, no entanto, sobreviveu, e hoje depende de parceiros mais modestos, como as antas e o gado, para continuar sua jornada. É uma sobrevivente, uma relíquia de um mundo perdido que continua a nos deslumbrar com sua beleza e a nos servir com sua força e sua medicina.

Aparência: Como reconhecer a Cássia-grande?

Reconhecer uma Cássia-grande é se deparar com uma árvore de escala monumental, de uma beleza que se revela em contrastes. A Cassia grandis é uma árvore de grande porte, que pode atingir de 20 a 30 metros de altura, com um tronco robusto e uma copa imensa, densa e espalhada, em formato de guarda-chuva, que proporciona uma sombra profunda e extensa. Os ramos jovens e as folhas novas são frequentemente cobertos por um indumento de pelos de cor cúprea (cor de cobre), que confere um brilho quente à brotação.

A folhagem é exuberante e ornamental. As folhas são compostas e paripinadas, muito grandes, podendo atingir mais de 30 cm de comprimento. São formadas por 8 a 17 pares de folíolos de formato oblongo, de textura firme e de um verde-escuro na face superior, sendo mais pálidas e pubescentes na face inferior. A árvore é decídua, e a queda de suas folhas na estação seca é o prelúdio para o seu mais magnífico espetáculo.

A floração é um evento de uma beleza estonteante e paradoxal. Quando a árvore está com poucos ou nenhuns folhas, seus galhos se cobrem de densos cachos (racemos) de flores grandes e vistosas. As pétalas são de uma cor que varia do rosa-pálido ao rosa-intenso ou salmão-alaranjado, muitas vezes com uma mancha amarela ou branca na pétala superior (o vexilo). A copa da árvore se transforma em uma nuvem rosada, um espetáculo de delicadeza e cor. O paradoxo está no odor: as flores, apesar de belíssimas, exalam um cheiro forte e, para muitos, desagradável, o que lhe rendeu o nome de “Fedegoso”.

O fruto é a sua característica mais “grande” e imponente. É uma vagem (legume) lenhosa, indeiscente e de tamanho colossal, podendo atingir de 30 a 60 cm de comprimento e mais de 5 cm de largura. É uma das maiores vagens da flora brasileira. Quando maduro, o fruto é de cor marrom-escura a preta, e pende dos galhos por muitos meses. Seu interior é dividido por septos transversais, formando de 20 a 40 pequenos compartimentos, cada um contendo uma semente.

As sementes são de formato oboval-elipsoide, com uma casca (testa) lisa, dura e de cor castanho-lustroso. Cada semente está completamente imersa em uma polpa escura, pegajosa, de odor forte e sabor adocicado. É esta polpa que concentra as potentes propriedades medicinais da planta e que serve como recompensa para os animais que conseguem romper a fortaleza da vagem.

Ecologia, Habitat & Sucessão da Cássia-grande

A ecologia da Cassia grandis é a de uma pioneira de grande porte, uma espécie que prospera na luz e que desempenha um papel fundamental na regeneração das florestas tropicais sazonais. Seu habitat se estende pelos biomas da Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal, sempre associada a formações florestais, como as Florestas Estacionais Deciduais e Semideciduais e as Matas Ciliares. É uma árvore que aprecia solos bem drenados e que se beneficia de perturbações que abrem clareiras no dossel da floresta.

Na dinâmica de sucessão, a Cássia-grande é uma clássica espécie pioneira e secundária inicial. Seu crescimento é rápido a muito rápido, e ela é uma das primeiras árvores de grande porte a colonizar áreas abertas e degradadas. Seu rápido estabelecimento cria uma nova cobertura florestal, protegendo o solo e gerando um microclima que permite a germinação de espécies mais tardias e tolerantes à sombra. Como uma leguminosa, ela também contribui para a fertilização do solo através da fixação de nitrogênio.

As interações com a fauna são um espetáculo de cores e de uma profunda conexão com o tempo geológico. A polinização de suas flores grandes e rosadas é realizada principalmente por abelhas de médio a grande porte (melitofilia), que são atraídas pela cor e pela farta oferta de pólen e néctar. A estrutura complexa de seus estames, com comprimentos diferentes, é uma adaptação que otimiza a transferência de pólen por estes insetos.

A dispersão de suas sementes é a sua mais fascinante história ecológica. As vagens enormes, lenhosas e indeiscentes, com sementes envoltas em uma polpa nutritiva, são um exemplo clássico de anátema anacrônico. São frutos que evoluíram para serem consumidos e dispersos pela megafauna que habitava as Américas, como as preguiças-gigantes e os mastodontes. Estes animais possuíam a força e os sistemas digestivos capazes de processar tais frutos. Com a extinção destes grandes herbívoros, a Cássia-grande perdeu seus principais parceiros de dispersão. Hoje, sua dispersão é realizada por uma fauna remanescente, como antas e queixadas, e, principalmente, pelo gado em áreas de pastagem, que com seu peso e sua ruminação, conseguem quebrar as vagens e liberar as sementes. A árvore é uma relíquia viva, um eco de um mundo perdido que sobreviveu graças à sua própria resiliência e à ajuda de novos parceiros.

Usos e Aplicações da Cássia-grande

A Cássia-grande é uma árvore de uma generosidade imensa, cujas aplicações vão da ornamentação espetacular de nossas cidades à cura na medicina tradicional e à produção de uma madeira robusta. Os usos da Cassia grandis a consagram como uma das mais importantes árvores de uso múltiplo das Américas.

Seu uso mais famoso é o ornamental. A Cássia-grande é uma das mais belas e espetaculares árvores de floração do mundo, amplamente cultivada no paisagismo tropical e subtropical. Sua floração massiva, que cobre a copa de tons de rosa e salmão, a torna uma escolha de primeira linha para a arborização de parques, grandes jardins, praças e avenidas largas, onde seu espetáculo anual pode ser admirado. É uma árvore que traz uma beleza de tirar o fôlego para a paisagem urbana.

O seu valor medicinal é outro de seus grandes trunfos. A polpa escura e de odor forte que envolve as sementes é um laxante e purgativo muito potente, famoso em toda a América Latina. É um remédio tradicional para a constipação, mas que deve ser usado com grande cautela, pois sua ação é muito forte. A polpa também é utilizada no preparo de xaropes para o tratamento de tosses, bronquites e anemia, por ser rica em ferro. As folhas e a casca também são usadas como anti-inflamatórios e cicatrizantes.

A madeira da Cassia grandis é de excelente qualidade. É pesada, dura, de alta resistência e de grande durabilidade natural. O cerne possui uma bela coloração castanho-avermelhada. É uma madeira de lei muito valorizada, utilizada na construção civil pesada (vigas, esteios, pontes), na marcenaria para a fabricação de móveis finos e em carpintaria em geral.

Seu papel ecológico é fundamental. Como uma espécie pioneira de crescimento rápido e fixadora de nitrogênio, ela é uma ferramenta valiosa para a restauração de áreas degradadas. Sua frutificação abundante também a torna uma importante fonte de recursos para a fauna remanescente.

Cultivo & Propagação da Cássia-grande

Cultivar uma Cássia-grande é um convite a ter no jardim um espetáculo de floração rosada e uma farmácia natural. A propagação da Cassia grandis a partir de sementes é um processo que exige a quebra de suas fortes defesas, mas que recompensa com uma árvore de crescimento rápido e de beleza monumental.

O ciclo começa com a coleta das vagens, que deve ser feita quando estão maduras e de cor escura. As vagens são extremamente duras e precisam ser abertas com o auxílio de serras ou martelos para a extração das sementes. As sementes estão imersas na polpa pegajosa, que deve ser removida lavando-as em água corrente. Como muitas leguminosas, a semente da Cássia-grande possui uma casca dura e impermeável que lhe confere dormência física. A escarificação é um passo crucial para o sucesso da germinação.

O tratamento mais eficaz é a escarificação mecânica, lixando-se a casca da semente, ou a imersão em água quente. Após o tratamento, a semeadura deve ser feita em um substrato bem drenado, em sacos de mudas ou tubetes, a uma profundidade de 2 a 3 cm. A germinação, após a escarificação, é alta e ocorre em 2 a 4 semanas.

As mudas de Cássia-grande apresentam um crescimento rápido e devem ser cultivadas a pleno sol. Elas são bastante rústicas e se desenvolvem vigorosamente. Em dois anos, a árvore já pode atingir de 3 a 5 metros de altura no campo. A primeira floração pode ocorrer a partir do quarto ou quinto ano.

O plantio da Cassia grandis é ideal para o paisagismo em grandes áreas, para a restauração de áreas degradadas e para a composição de sistemas agroflorestais. É uma árvore de múltiplos dons, que une beleza, velocidade e utilidade de uma forma que poucas espécies conseguem, um verdadeiro presente da natureza.

Referências utilizadas para a Cássia-grande

Esta descrição detalhada da Cassia grandis foi construída com base em fontes científicas de alta credibilidade e na vasta documentação sobre seus usos ornamentais, medicinais e ecológicos. O objetivo foi criar um retrato completo que celebra a beleza, a força e a fascinante história evolutiva desta magnífica árvore. As referências a seguir são a base de conhecimento que sustenta esta narrativa.

• Scheidegger, N.M.B.; Rando, J.G. Cassia in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://florabrasil.jbrj.gov.br/FB82791>. Acesso em: 25 jul. 2025. (Fonte primária para dados taxonômicos, morfológicos e de distribuição oficial).
• Irwin, H.S. & Barneby, R.C. 1982. The American Cassiinae: a synoptical revision of Leguminosae tribe Cassieae subtribe Cassinae in the New World. Memoirs of the New York Botanical Garden, 35(1), 1-454. (A mais completa e importante monografia sobre o grupo, fundamental para esta descrição).
• Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 1. 1ª ed. Editora Plantarum, Nova Odessa, SP. (Fonte essencial para informações práticas sobre cultivo, usos e características gerais).
• Pio Corrêa, M. 1984. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas. 6 vols. Ministério da Agricultura/IBDF, Rio de Janeiro. (Obra clássica de referência para os usos e nomes populares da Canafístula-grande/Fedegoso).
• Janzen, D.H. & Martin, P.S. 1982. Neotropical anachronisms: the fruits the gomphotheres ate. Science, 215(4528), 19-27. (O artigo seminal que propôs a hipótese da dispersão pela megafauna para frutos como os da *Cassia grandis*).
• Linnaeus, C. von (filius). 1782. Supplementum Plantarum, p. 230. (Publicação original onde a espécie foi descrita pela primeira vez).

CARRINHO DE COMPRAS

close